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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Parasitas da malária têm diferentes capacidades de infecção

Parasitas da malária

Um estudo internacional, com participação de cientistas brasileiros, começa a elucidar alterações no padrão de infecção da malária.

A malária é uma das principais endemias parasitárias brasileiras, com 460 mil casos clínicos notificados na Amazônia brasileira em 2007.

O Plasmodium vivax é a principal causa de malária fora da África, afetando especialmente a Ásia e as Américas.

o Plasmodium falciparum, cujo genoma foi sequenciado em 2002, provoca o tipo mais severo da doença.

De acordo com o estudo, a importância do Plasmodium vivax como ameaça à saúde pública tem aumentado em relação ao falciparum.

Eritrócitos

Segundo o estudo, os receptores conhecidos como antígenos do grupo sanguíneo Duffy são fundamentais para que o Plasmodium vivax possa invadir os eritrócitos, as células do sangue humano nas quais o parasita se multiplica durante seu ciclo vital.

O vivax é o único entre os parasitas da malária cuja invasão de eritrócitos é quase que completamente dependente do receptor da superfície do glóbulo vermelho do sangue conhecido como antígeno do grupo sanguíneo-Duffy (Fy).

O Fy, segundo o estudo, tem duas variantes imunologicamente distintas, A e B, codificadas pelos alelos denominados Fya e Fyb, que diferem entre si por uma única mutação.

Embora o antígeno Duffy seja o ligante que permite a invasão do glóbulo vermelho pelo parasita, até agora, de acordo com os cientistas, não se havia confirmado se esse polimorfismo afeta a suscetibilidade clínica da malária transmitida pelo vivax.

Os cientistas mostraram que, em comparação ao Fyb, o Fya diminui de forma considerável a ligação do parasita na superfície do eritrócito, estando associado com uma redução do risco de malária causada pelo vivax.

Os eritrócitos que expressam Fya têm capacidade de ligação de 41% a 50% mais baixa em comparação com as células Fyb.

Diferenças étnicas

Segundo Marcelo Urbano Ferreira, um dos brasileiros que participaram do estudo, a relação do antígeno Duffy com a suscetibilidade à malária foi descoberta na década de 1970, durante a guerra do Vietnã.

"Na região existem tanto o vivax como o falciparum, mas um fato chamava a atenção: os soldados brancos contraíam infecções das duas espécies e os negros quase nunca contraíam a malária vivax. Como era conhecido que o plasmodium invade os glóbulos vermelhos, logo surgiu a hipótese de que, na população negra, algo nessas células evitava a invasão do parasita", disse Ferreira.

Ainda na década de 1970, segundo ele, descobriu-se e comprovou-se experimentalmente que os indivíduos com antígeno Duffy negativo são resistentes à infecção por vivax.

"Sabia-se que na África Ocidental a maior parte dos indivíduos são Duffy negativo e o restante, em geral, são Fyb. Já na Ásia, quase todo mundo é Fya. Nas populações europeias há uma mistura mais equilibrada de Fya e Fyb. Até aquela época, achava-se que o que determinava a maior suscetibilidade era ter fenótipo de Duffy positivo, não importando se se tratava de Fya ou Fyb", explicou.

Mudando as teorias

O novo estudo indica que há uma diferença de grau de suscetibilidade à malária entre os indivíduos Fya e Fyb. E essa diferença se deve ao fato de que a proteína do parasita que interage com o antígeno Duffy é capaz de interagir de maneira mais eficiente com o Fyb.

A descoberta tem impacto sobre teses amplamente divulgadas na área de genética de populações. Segundo Ferreira, sempre se acreditou que o vivax foi o fator seletivo que assegurou a fixação do fenótipo Duffy negativo na África.

"A hipótese era que, por conferir resistência contra o vivax, o fenótipo de Duffy negativo era vantajoso no continente africano. Mas esse raciocínio tem alguns problemas. Um deles é que a malária transmitida pelo vivax não é uma doença tão grave assim", disse.

Outro ponto contraditório da hipótese, segundo Ferreira, é que o vivax se originou a partir de parasitas de macacos asiáticos e os parasitas humanos surgiram naquele continente.

"Não faria sentido um parasita se originar na Ásia, depois de muito tempo chegar a outros continentes e selecionar um fenótipo de resistência na África, mas não na Ásia, onde o convívio com humanos é muito mais antigo", declarou.

O novo estudo, segundo ele, aponta para uma solução do quebra-cabeça: o tipo ancestral seria o Fyb. Na África teria sido selecionada uma mutação não exatamente na região promotora de Fy.

"Assim, o que chamamos de Duffy negativo é um indivíduo que é Fyb na região codificadora do gene. O Duffy negativo, que é encontrado na África, seria um Fyb com uma mutação na região promotora. Em outras palavras: o indivíduo não expressa a proteína Fyb no glóbulo vermelho. Já o Fya, uma mutação na região codificadora do gene, teria sido selecionado na Ásia", explicou.

De acordo com o estudo, o que provavelmente aconteceu é que na Ásia pressão seletiva exercida pelo vivax selecionou Fya, enquanto na África teria sido selecionada outra mutação, essa na região promotora do gene, resultando no fenótipo Duffy negativo", segundo o cientista.

O estudo contou ainda com a participação da professora Monica da Silva Nunes, da Universidade Federal do Acre.

Cientistas criam bactéria sintética em competição de engenharia genética

Bactéria sintética

Uma equipe binacional formada por alunos e pesquisadores da Unicamp e da escola francesa de Ensino Superior das Minas de Saint Etienne (Emse) obteve resultados expressivos na Competição Internacional de Engenharia Genética (iGEM, na sigla para o inglês).

A equipe franco-brasileira desenvolveu uma bactéria sintética com potencial para ser usada como probiótico.

A bactéria pode atuar diariamente contra os efeitos danosos do estresse no organismo.

O pesquisador Renato Vicentini foi o instrutor da equipe pelo lado brasileiro, e Didier Bernache, pelo lado francês.

"Essa foi uma competição do MIT para mobilizar uma comunidade internacional para trabalhar com a biologia sintética. É uma área que tende a crescer tanto cientificamente quanto na formação para nossos estudantes. Eu imagino que nos próximos anos a biologia sintética terá uma 'explosão' no Brasil", contextualizou Renato Vicentini, o instrutor da equipe pelo lado brasileiro,

"Fabricando" uma bactéria

"Nós 'engenheiramos' uma bactéria que pudesse responder a estímulos. Queríamos uma bactéria que pudesse fazer o balanço do Sistema Imunológico de um organismo. Então, numa situação do indivíduo estar sob estresse, ela perceberia isso e iria desencadear uma resposta do sistema imunológico.

"Como é um projeto inicial, nós estávamos montando a bactéria para que, em laboratório, ela pudesse responder aos estímulos. Em nenhum momento pleiteamos fazer experimentações com células humanas ou com tecidos humanos", ressalvou.

A integrante da equipe Izabella Pena Neshich disse que a competição foi "uma grande oportunidade de aprender, trocar experiências e crescer cientificamente".

Ela explicou que o projeto da equipe foi batizado com o nome de Stress Wars, pelo grande potencial da bactéria em 'lutar' contra os efeitos do estresse no organismo.

O nome, segundo ela, é um trocadilho que brinca com a famosa série norte-americana de ficção científica do cineasta George Lucas.

Premiações

A disputa foi promovida nos Estados Unidos pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e contou com 165 equipes das melhores universidades do mundo.

Além de uma medalha de ouro conquistada na fase regional da competição em Indianápolis, o grupo se classificou entre os quatro melhores em sua área para a fase final da competição, realizada no MIT entre 5 e 7 de novembro.

Vicentini revelou ainda que a organização do MIT pretende fazer uma competição regional na América Latina e a Unicamp poderá ser a instituição sede do evento no próximo ano.

Além de Isabella, participaram, pela Unicamp, os pesquisadores Danieli Gonçalves, Juliana Canto, Marianna Favaro, Nemailla Bonturi e Marco Marinho. Pela Emse, integraram a equipe, Louise Marais, Claire Villette, Thibault Sabattier, Marc Emery e Iolanda Albuquerque.

Pílula com câmera filma interior do corpo em "Full HD"

A pílula-câmera deverá substituir os exames de endoscopia e gastroscopia. Embaixo, o receptor usado para captar as transmissões em Full-HD. [Imagem: University of Oslo]
Pílula-câmera 2.0

Uma pílula com câmera, que navega pelo corpo humano tirando fotos, não é exatamente uma novidade.

Esses minúsculos equipamentos estão começando a substituir os exames com sondas por uma alternativa bem mais fácil de engolir.

E com a vantagem de que elas capturam imagens de partes do estômago e dos intestinos que não podem ser alcançadas pelos endoscópios.

Agora, cientistas da Noruega estão criando a nova geração das pílulas-câmera, adicionando-lhes as mais modernas tecnologias.

Wireless, GPS e Full HD

A primeira novidade é a incorporação de sensores capazes não apenas de capturar fotos, mas também de fazer filmagens em Full HD, a mesma resolução das mais modernas TVs digitais.

A nova pílula também é capaz de transmitir seus dados em tempo real, por meio de uma conexão wireless.

"Nossa pílula emprega tecnologia com banda ultra-larga sem fios, uma largura de banda suficiente para transmitir vídeos de alta qualidade em tempo real do interior dos intestinos," diz o Dr. Ilangko Balasingham, da Universidade de Oslo.

Além disso, a pílula teve que ser equipada com GPS de alta precisão, para que ela possa transmitir informações sobre sua localização precisa dentro do organismo.

Saída do vídeo

O maior desafio foi desenvolver uma nova tecnologia para transmitir os dados do interior do corpo humano, sem qualquer interferência.

"Nós desenvolvemos uma tecnologia para transmitir ondas de rádio através dos tecidos para uma antena colocada sobre a pele," explica Balasingham.

Para manter a pílula-filmadora com o menor tamanho possível, os pesquisadores estão usando programas para comprimir as imagens o máximo possível - o vídeo transmitido ao vivo corresponde a apenas 3% do tamanho do arquivo original.

As imagens com qualidade total poderão ser visualizadas depois que a pílula for "recuperada", algumas horas depois por meios naturais, ou por meio de lavagem intestinal.

Vícios comportamentais podem ser tão sérios quanto álcool ou drogas

Vícios

O Dr. Mark Griffiths, da Universidade Nottingham Trent, no Reino Unido, já vem oferecendo um tratamento para viciados em tecnologia há algum tempo.

Depois de estudar o tema por mais de 25 anos, ele agora afirma acreditar "enfaticamente" que o ato de jogar e apostar, se levado ao extremo, é tão viciante quanto qualquer droga química.

Neste texto, escrito para a BBC, o próprio pesquisador comenta os resultados de seu trabalho e explica como ele chegou a esta conclusão.

Efeitos dos vícios

"Os efeitos sociais e de saúde da jogatina extremada são muitos e têm muita coisa em comum com os efeitos de vícios mais tradicionais, entre eles mau humor, problemas de relacionamento, absenteísmo do trabalho, violência doméstica e ir à falência.

Os efeitos para a saúde - para jogadores e seus parceiros e parceiras - incluem ansiedade, depressão, insônia, problemas intestinais, enxaquecas, estresse, problemas estomacais e pensamentos suicidas.

Se comportamentos como a jogatina podem se tornar um vício genuíno, em teoria não existe razão que impeça alguém de se viciar em atividades como videogames, trabalho ou exercícios físicos.

Pesquisas sobre jogadores compulsivos relatam que eles sofrem ao menos um efeito colateral quando passam por períodos de abstinência, como insônia, dores de cabeça, perda de apetite, fraqueza física, palpitações cardíacas, dores musculares, dificuldades de respiração e calafrios.

Quando um hábito vira vício

Na verdade, jogadores compulsivos aparentam sofrer mais sintomas de abstinência física quando tentam cortar o vício do que viciados em drogas.

Mas quando é exatamente que um entusiasmo saudável se transforma em um vício?

Comportamento excessivo por si só não significa que alguém seja viciado.

Eu consigo pensar em muitas pessoas que se envolvem em atividades excessivas, mas eu não as classificaria como viciadas, já que elas parecem não sofrer qualquer efeito negativo ao apresentar tal comportamento.

Em essência, a diferença fundamental entre o excesso de entusiasmo e o vício é que os entusiastas saudáveis adicionam vida às atividades desprovidas dela.

Para qualquer comportamento ser definido como viciante, é preciso que existam consequências específicas, como se tornar a atividade mais importante na vida de uma pessoa, ou ser o meio pelo qual o humor dela pode melhorar.

Essas pessoas podem também começar a precisar fazer mais e mais da atividade ao longo do tempo para sentir seus efeitos e sentir sintomas físicos e psicológicos de abstinência se eles não conseguem fazê-lo.

Isso pode levar a conflitos com o trabalho e com responsabilidades pessoais e muitos podem até viver recaídas se tentarem largar o vício.

A maneira pela qual os vícios se desenvolvem - sejam eles químicos ou comportamentais - é complexa.

Vício comportamental

O comportamento viciante se desenvolve a partir de uma combinação de predisposição biológica e genética de uma pessoa, o ambiente social em que ela cresceu e sua constituição psicológica, como traços de personalidade, atitudes, experiências e crenças e a própria atividade.

Muitos vícios comportamentais são vícios "ocultos".

Diferentemente do alcoolismo, o viciado em trabalho não apresenta a fala embolada ou sai tropeçando.

No entanto, o vício comportamental é um tema relativo à saúde que precisa ser levado a sério por todos os profissionais das áreas médicas ou de saúde.

Se o principal objetivo dos profissionais da área médica é garantir a saúde de seus pacientes, então ter consciência sobre o vício comportamental e os temas que o cercam deveriam ser tão importantes quanto o conhecimento básico e o treinamento.

Diversos vícios comportamentais podem ser tão graves quanto vícios em drogas."