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sexta-feira, 2 de março de 2012

Cientistas descobrem "chave geral" do sistema imunológico

Uma proteína, chamada TMED7, pode desativar uma parte do nosso sistema imunológico, o que ocorre naturalmente quando uma infecção acaba de ser eliminada.
Chaves de reforço

Cientistas descobriram que o sistema imunológico possui uma série de "chaves liga-desliga".

Eles afirmam que essas chaves poderão ser reforçadas para tratar doenças causadas pela super-ativação do sistema imunológico, ou bloqueadas, para melhorar as vacinas.

O "reforço" de uma chave faz sentido porque os mecanismos descobertos estão presentes nas células, o que levaria a um modo de ação baseado na ativação ou desativação do mecanismo em um maior número de células.

Desligando o sistema imunológico

Uma equipe da Universidade de Dublin, na Irlanda, descobriu que uma proteína, chamada TMED7, pode desativar uma parte do nosso sistema imunológico, o que ocorre naturalmente quando uma infecção acaba de ser eliminada.

"Sem esses sinais de parada, como a TMED7, nosso sistema imunológico continuaria a agir, de forma descontrolada, eventualmente levando a doenças como o choque séptico," explica a Dra. Anne McGettrick.

Segundo ela, a manipulação dessas "chaves" pode acalmar nosso sistema imunológico, evitando que ele ataque nossos próprios corpos, como no caso das doenças autoimunes.

Por outro lado, tentativas de criar vacinas contra a malária e o HIV, por exemplo, têm falhado porque o sistema imunológico não ativa uma resposta forte o suficiente à vacina, o que a torna ineficaz para gerar imunidade.

"Remover a TMED7 das nossas células poderia ajudar a reforçar nossa resposta imunológica às vacinas, tornando-as assim mais eficazes," diz a Dra. Sarah Doyle, principal autora da pesquisa.
Chave geral do sistema imunológico: macrófagos humanos marcados com um corante ligado a anticorpos que se ligam à proteína IRF5.

Chave geral do sistema imunológico

Mas uma outra equipe, do Imperial College de Londres, fez uma descoberta ainda mais radical.

Eles afirmam ter identificado uma proteína, chamada IRF5, que é uma espécie de "chave geral" do sistema imunológico.

Essa proteína está presente em glóbulos brancos específicos, determinando se eles promovem ou inibem as inflamações.

As respostas inflamatórias são uma defesa importante que o organismo utiliza contra os estímulos nocivos, tais como infecções ou danos a tecidos.

Contudo, em várias situações, a inflamação excessiva pode prejudicar o próprio corpo. Na artrite reumatoide, por exemplo, que envolve uma inflamação excessiva, as articulações ficam inchadas e doloridas. Mas as razões por que isso acontece não são bem compreendidas.

Células do sistema imunológico, chamadas macrófagos, podem estimular ou suprimir a inflamação através da liberação de sinais químicos que alteram o comportamento de outras células.

O que a equipe da Dra. Irina Udalova descobriu é que a proteína IRF5 atua como um interruptor molecular que controla se os macrófagos promovem ou inibem a inflamação.

Os resultados sugerem que bloquear a produção da IRF5 nos macrófagos pode ser uma forma eficaz de tratar uma ampla gama de doenças auto-imunes, como artrite reumatoide, doença inflamatória intestinal, lúpus e esclerose múltipla.

Por outro lado, aumentar os níveis de IRF5 pode ajudar a tratar as pessoas cujo sistema imunológico está comprometido.

Novo tratamento reduz efeitos colaterais da radioterapia

Toxicidade da radioterapia

Médios da Universidade de Granada (Espanha) criaram uma nova técnica de aplicação da radioterapia que, segundo eles, é "muito menos tóxica do que a que se emprega atualmente".

A toxicidade a que Miguel Martínez Carrillo e seus colegas se referem é o nível de radiação a que ficam sujeitas áreas do corpo saudáveis, que não precisam do tratamento, provocando efeitos colaterais tão intensos que podem exigir a interrupção do tratamento.

O novo aparelho permite que a radiação seja dirigida apenas às áreas cujas células estão afetadas pelo câncer.

Protocolo para radioterapia

Os cientistas espanhóis desenvolveram um protocolo de tratamento para demonstrar que os cânceres da cavidade oral e da faringe, que precisam de quimioterapia ou radioterapia pós-operatórias, podem ter a intensidade desses tratamentos diminuídos de forma apreciável sem comprometer sua eficácia.

Mais de 70% dos cânceres orais e de faringe exigem a radioterapia pós-operatória - uma quantidade menor exige também a quimioterapia.

Esses tratamentos são "tremendamente tóxicos", dizem os cientistas, sobretudo pela ulceração das mucosas da boca e da faringe - é comum a necessidade da interrupção do tratamento pela gravidade dos efeitos colaterais, diminuindo as possibilidades de cura dos pacientes.

Mapa de risco

O novo protocolo envolve o desenvolvimento de um "mapa de risco" para as diversas áreas potencialmente atingidas pelo câncer e submetidas à cirurgia.

Com este mapa, os pesquisadores espanhóis demonstraram que é possível reduzir sensivelmente o volume de tecido que recebe a radiação, desta forma minimizando os efeitos colaterais.

Ao longo de três anos de testes do novo protocolo, a equipe conseguiu chegar ao fim do tratamento de radioterapia, sem interrupções, em 95% dos pacientes - 44% deles tiveram diminuição no volume de tecido tratado em relação ao tratamento convencional.

A quantidade de recidivas - volta do câncer após o tratamento - foi equivalente ao do tratamento convencional.

Desvendado segredo dos vermes imortais

As planárias têm surpreendido os cientistas por sua capacidade aparentemente ilimitada para se regenerar.
Planárias Highlander

Pesquisadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, demonstraram como uma espécie de verme supera o processo de envelhecimento para ser potencialmente imortal.

A descoberta pode abrir possibilidades de atenuar características das células humanas relacionadas com a idade e o envelhecimento.

As planárias têm surpreendido os cientistas por sua capacidade aparentemente ilimitada para se regenerar.

"Estamos estudando dois tipos de planárias: aquelas que se reproduzem sexualmente, como nós, e aquelas que se reproduzem assexuadamente, simplesmente dividindo-se em duas. Ambas parecem se regenerar indefinidamente, crescendo novos músculos, pele, vísceras e até mesmo o cérebro inteiro," diz o Dr. Aziz Aboobaker coordenador da pesquisa.

"Normalmente, quando as células-tronco se dividem - para curar ferimentos, ou durante a reprodução ou o crescimento - elas começam a mostrar sinais de envelhecimento. Isto significa que as células-tronco não são mais capazes de se dividir e assim tornam-se menos capaz de substituir as células especializadas dos tecidos de nossos corpos.

"O envelhecimento da nossa pele é talvez o exemplo mais visível desse efeito. As planárias e suas células-tronco são de alguma forma capazes de evitar o processo de envelhecimento e para manter as células em divisão," completa.

Telômeros

Um dos eventos associados com o envelhecimento celular está relacionado com o comprimento dos telômeros.

Para crescer e funcionar normalmente, as células devem se dividir para substituir aquelas que estão desgastadas ou danificadas. Durante este processo de divisão, cópias do material genético devem passar para a próxima geração de células.

A informação genética dentro das células é organizada em fitas trançadas de DNA chamadas cromossomos. No final destas fitas fica uma "tampa" de proteção, chamada telômero.

Os telômeros foram comparados à ponta protetora de um cadarço de sapato, que impede que os fios se soltem.

Cada vez que uma célula se divide, o telômero fica mais curto. Quando ficam curtos demais, a célula perde a capacidade de se renovar e dividir.

Em um animal imortal, seria de se esperar, portanto, que as células fossem capazes de manter o comprimento dos telômeros indefinidamente, de modo a poderem continuar a se replicar.
O segredo da imortalidade para seres que se produzem sexualmente, como nós, continua exatamente assim, um segredo.
Em busca da imortalidade

Coube ao Dr. Thomas Tan realizar uma série de experiências desafiadoras para explicar a imortalidade das planárias.

Trabalhos anteriores, que levaram ao Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2009, mostraram que os telômeros podem ser mantidos pela atividade de uma enzima chamada telomerase.

Na maioria dos organismos, a enzima é mais ativa somente durante o desenvolvimento inicial, na juventude do organismo. Então, à medida que envelhecemos, os telômeros começam a apresentar uma redução no seu comprimento.

O que os pesquisadores encontraram agora foi uma versão da planária do gene que codifica esta enzima.

Para confirmar a descoberta, eles desativaram sua atividade, o que fez com que o comprimento dos telômeros das planárias começasse a se reduzir, como ocorre nos "mortais comuns".

Mas, por enquanto, a descoberta só vale para as planárias que se reproduzem assexuadamente.

Ou seja, o segredo da imortalidade para seres que se produzem sexualmente, como nós, continua exatamente assim, um segredo.