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quinta-feira, 22 de março de 2012

Cientistas descrevem proteína que regula metabolismo do ferro em cavalos

Mecanismo de ação da hepcidina atua em defesa do organismo contra bactérias e fungos, e já foi demonstrado em humanos no ano 2000

Agência Fapesp

A hepcidina é um peptídeo que desempenha papel fundamental no metabolismo do ferro e na defesa do organismo contra bactérias e fungos. Seu mecanismo de ação, demonstrado em humanos no ano 2000, agora foi descrito também em equinos, ovinos e asininos por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Arquivo/AE
Estudos com a hepcidina agora foram descritos também em equinos, ovinos e asininos

“O ferro é um elemento essencial para a multiplicação de alguns microrganismos”, disse Alexandre Secorun Borges, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) de Botucatu. Ao primeiro sinal de infecção, portanto, a hepcidina entra em ação para reduzir os níveis do mineral na corrente sanguínea e tornar o ambiente menos propício aos invasores.

“Expressa principalmente pelas células do fígado, a hepcidina se liga a outra proteína chamada ferroportina. Isso faz com que o ferro fique retido dentro de algumas células específicas, em vez de ser exportado para a corrente sanguínea. Por esse motivo, quadros de inflamação crônica costumam provocar anemia”, explicou o veterinário.

Estima-se que esse mecanismo de defesa esteja presente em todos os mamíferos e também em alguns peixes, mas, segundo Borges, na maioria das espécies o peptídeo ainda não foi caracterizado e sua função não foi comprovada.

Em equinos, o gene da hepcidina foi sequenciado pela equipe coordenada por Borges. A expressão gênica do peptídeo foi analisada em células do fígado e em outros tecidos de cavalos saudáveis.

A pesquisa, feita em parceria com cientistas da Universidade de Cornell, resultou na tese de doutorado de José Paes de Oliveira Filho, financiada pela Fapesp e concluída em dezembro de 2010.

Os resultados foram publicados em artigo na revista Veterinary Immunology and Immunopathology.

Com os recursos da Bolsa de Doutorado e também de um projeto de Auxílio à Pesquisa - Regular, o grupo montou o Laboratório de Biologia Molecular da Clínica Veterinária da FMVZ.

Inflamação induzida

A segunda etapa da pesquisa consistiu em comprovar o papel da hepcidina na defesa do organismo contra infecções. Foram usados dois modelos experimentais para induzir um quadro inflamatório leve em cavalos sadios.

No primeiro experimento, os pesquisadores injetaram, por via intravenosa, uma toxina extraída da membrana de bactérias - o lipopolissacarídeo bacteriano (LPS). “Isso causa uma inflamação sistêmica discreta, de curta duração e que não provoca danos de longo prazo aos animais”, contou Borges.

A cada duas horas após a administração do LPS, os pesquisadores coletavam e analisavam o sangue dos cavalos. “Os níveis plasmáticos de ferro caíram rapidamente. Por meio de uma biópsia de fígado, comprovamos que a expressão gênica da hepcidina havia aumentado nesse órgão”, disse.

Os resultados do teste foram publicados na revista Innate Immunity.

O segundo experimento consistiu em aplicar, por via intramuscular, uma substância chamada adjuvante completo de Freund, composta de micobactérias inativadas. Isso provocou um processo inflamatório nos animais.

Os resultados, similares aos do primeiro teste, foram apresentados no American College Veterinary Internal Medicine, nos Estados Unidos, em 2010. Devem, em breve, ser submetidos para publicação. O grupo realizou experimentos semelhantes em ovinos, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A pesquisa foi tema de mestrado de Peres Ramos Badial.

O sequenciamento e a expressão da hepcidina em asininos também foram objeto de um projeto de iniciação científica com Bolsa da Fapesp.

A linha de pesquisa teve início durante o pós-doutoramento de Borges na Universidade Cornell. “Analisamos prontuários de cavalos com inflamação crônica, sistêmica e localizada e comparamos com prontuários de cavalos sadios. Vimos que o ferro caía consideravelmente e de forma rápida sendo, portanto, um marcador confiável de inflamação em cavalos”, disse.

Futuramente, a equipe pretende avaliar como se comporta o metabolismo do ferro em diferentes enfermidades. “Queremos descobrir se a intensidade na queda dos níveis de ferro está relacionada à agressividade do quadro inflamatório”, apontou Borges.

Outro projeto futuro é avaliar se a redução artificial de ferro na corrente sanguínea pode facilitar o combate a infecções. “Vamos testar se a administração de hepcidina, como medicamento, ajuda na fase inicial da doença”, disse.
Rio registra 1º caso de morte por dengue 4

Primeira vítima no País é uma enfermeira internada em hospital particular; subtipo voltou a circular em 2010

O primeiro caso de morte por dengue tipo 4 no País foi registrado na capital fluminense. A vítima é uma enfermeira de 49 anos, moradora de Todos os Santos, na zona norte, que estava internada em um hospital particular. Investigação feita pela Secretaria Municipal de Saúde aponta falha no atendimento.

O subtipo 4 voltou a circular no Brasil em agosto de 2010, depois de 30 anos sem registros e é predominante entre as amostras testadas no Rio de Janeiro - corresponde a 76,2% dos 147 exames realizados. Desde o início do ano, 16.323 casos de dengue foram notificados no município e 24.295 no Estado. Um menino de 9 anos morreu da doença, em fevereiro, no Rio. Outro caso de morte está sendo investigado em São Gonçalo, no Grande Rio.

A enfermeira, identificada como Ana, foi atendida em 27 de fevereiro no Hospital Municipal de Piedade. Ela teve o diagnóstico de dengue, com confirmação laboratorial. Recebeu alta em 1.º de março, após apresentar melhora de alguns parâmetros, como a contagem de plaquetas.

No dia seguinte, a paciente sentiu dores abdominais e procurou o Hospital Pasteur. Lá, os médicos suspeitaram de cálculo na vesícula, de acordo com a investigação feita por uma comissão da Secretaria Municipal de Saúde.

"A investigação indica que a paciente teve a avaliação de risco equivocada no Hospital Pasteur. O prontuário mostra que o atendimento não seguiu o protocolo de dengue preconizado pelo Ministério da Saúde", afirmou o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Márcio Garcia.

Perguntado se houve falha no hospital municipal, que deu alta à paciente, Garcia disse que ela foi liberada depois de receber a orientação de voltar à unidade caso voltasse a se sentir mal.

"No Pasteur não foi dada continuidade ao tratamento que ela recebeu no Hospital da Piedade, que incluía hidratação. Caso seja constatado erro no manejo da paciente - seja no hospital municipal, seja no particular -, o importante é corrigir esse erro para que não se repita", afirmou.

Cálculo. O Estado apurou que, no Hospital Pasteur, em vez de receber hidratação, a paciente foi colocada em dieta restritiva, pois os médicos desconfiavam de cálculo na vesícula. No dia seguinte, eles também suspeitaram de hepatite e pancreatite. Em nota, o Pasteur informou que "a paciente recebeu o tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde para os casos de suspeita de dengue e foi indicada a internação".

O den-4 não é mais perigoso que os outros subtipos, mas o paciente pode desenvolver a forma grave da dengue se já tiver contraído a doença.
Mortes causadas pelo tabaco triplicaram na última década

Fundação Mundial do Pulmão afirma que companhias criam obstáculos para o combate ao fumo

LONDRES - As mortes relacionadas ao tabaco praticamente triplicaram na última década e as grades empresas estão criando obstáculos para esforços públicos que poderiam reduzir este índice, informou a Fundação Mundial do Pulmão em um relatório divulgado nesta quarta-feira, 21.

Veja também: 

Arquivo/AE
Tabaco matou 50 milhões de pessoas nos últimos 10 anos, informa o relatório

No documento, que celebra o 10º aniversário do seu primeiro Atlas do Tabaco, a fundação e a Sociedade Americana do Câncer afirmaram que, se continuarem as tendências atuais, um bilhão de pessoas morrerão somente neste século por causa do consumo de tabaco e da exposição e ele - o que corresponde a uma pessoa a cada seis segundos.

O tabaco matou 50 milhões de pessoas nos últimos dez anos e é responsável por mais de 15% de todas as mortes de homens adultos e por 7% das mulheres, segundo dados do novo Atlas do Tabaco. Na China, o fumo é a principal causa de morte, com 1,2 milhões ao ano, o que deve piorar ainda mais em 2030, o índice subirá a 3,5 milhões de pessoas ao ano.

Michael Eriksen, um dos autores do relatório, afirma que se não houver ações, o futuro reservará projeções ainda piores. "O número de pessoas que morrem por causa do tabaco está crescendo em países em zonas de desenvolvimento, particularmente na Ásia, na África e no Oriente Médio", detalhou.

Quase 80% das pessoas que morrem de doenças relativas ao fumo são de países onde há grande quantidade de população de baixa renda. Na Turquia, 38% das mortes de homens adultos decorre por causa do cigarro, embora o tabaco também seja a principal causa de morte entre as mulheres nos Estados Unidos.

O presidente-executivo da Fundação Mundial do Pulmão, Peter Baldini, acusou a indústria do tabaco de aproveitar a ignorância sobre o verdadeiro efeito do produto e a "desinformação para minar as políticas de saúdes que poderiam salvar milhões de vida".

Segundo o relatório, a indústria intensificou sua luta contra as políticas antitabaco, movendo ações legais e atrasando ou detendo a introdução de maços sem rótulos, a proibição do consumo do cigarro em lugares públicos, a proibição da publicidade e as advertências sanitárias nos pacotes dos produtos.

As seis principais fabricantes de produtos de tabaco do mundo tiveram lucros de US$ 35,1 bilhões em 2010, o equivalente ao faturamento da Coca-Cola, da Microsoft e do McDonald's juntos, de acordo com o Atlas.

Mais de 170 países assinaram um pacto de 2003 da Organização Mundial da Saúde (OMS) se comprometendo a reduzir as taxas de fumantes, limitar a exposição dos fumantes passivos e frear a publicidade e a promoção de produtos de tabaco.
Brasileiros desenvolvem fármaco inorgânico contra tuberculose
Os cientistas estão utilizando os nanocarregadores, moléculas que levam os agentes do medicamento pelo organismo até o lugar de origem da doença.
Nanocarregadores

Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo novos fármacos contra tuberculose, capazes de reduzir o tempo médio atual de tratamento, que é de seis meses.

Para isso, os cientistas utilizam carregadores, moléculas que levam os agentes do medicamento pelo organismo até o lugar de origem da doença.

Esses carregadores, também conhecidos como nanopartículas inteligentes, devido ao seu tamanho, são baseados em complexos organometálicos de rutênio.

Os experimentos em laboratório com proteínas in vitro e em pequenos animais foram concluídos com êxito.

Os estudos estão sendo realizados pelos professores Javier Ellena, do IFSC (Instituto de Física de São Carlos, da USP), Alzir Batista, do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Clarice Queico Leite, da Faculdade de Farmácia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara.

Complexos organometálicos

Os pesquisadores procuram investigar as barreiras biológicas que devem ser ultrapassadas por medicamentos até seu alvo específico dentro do corpo, ou seja, os problemas de transporte que acabam por reduzir a eficácia do fármaco contra a doença.

"Para isso, utilizamos os chamados carregadores, que são moléculas maiores e mais flexíveis, com propriedades específicas que as permitem passar através de tecidos e levar os agentes do medicamento até o lugar de origem da doença, que no caso da tuberculose é uma enzima específica", conta o professor Javier.

Estas moléculas estão intimamente relacionadas à atividade de complexos organometálicos de rutênio.

"O corpo humano tem complexos organometálicos, mas em pouca quantidade", aponta o professor do IFSC. "Em grande quantidade, eles podem se ligar a algumas proteínas e danificá-las, causando intoxicação".

O mercúrio, que se encaixa nesta categoria de íons pesados, causa um grande número de intoxicações graves. Por esta razão, os pesquisadores trabalham com o rutênio, um complexo mais estável, mais tolerado pelo organismo humano (portanto menos perigoso) e muito mais bem estudado pela ciência.

"O principal diferencial entre o tratamento atual e este novo fármaco é este carregador, ou seja, temos um novo sistema de liberação dos agentes", esclarece Javier.

Os testes in vitro - aplicação do medicamento em proteínas isoladas em laboratório - já foram realizados com ótimos resultados, além dos testes in vivo, em pequenos animais.

O próximo passo é dar início a experimentos clínicos, em humanos, o que exige grandes preparativos e financiamentos, além de parcerias com empresas farmacêuticas responsáveis pela supervisão dos testes.

Mas uma das grandes superações do projeto foi a investigação da atuação do composto desenvolvido pelos pesquisadores sobre a enzima específica que é fonte da tuberculose no corpo humano.
Professores Alzir Batista (UFSCar) e Javier Ellena (IFSC) reuniram uma equipe multidisciplinar para tentar encontrar novos tratamentos contra a tuberculose.

Biossíntese

Os pesquisadores conseguiram entender melhor a atuação do fármaco dentro do corpo, o que é muito difícil em qualquer medicamento - a atuação dos compostos ocorre ao nível da biossíntese, na parede celular das bactérias.

Outra etapa consiste na caracterização e controle de qualidade de insumos farmacêuticos em estado sólido, ou seja, em forma de comprimidos. "Normalmente, quando se desenha um fármaco, costuma-se pensar em uma produção em pequena escala, mas para garantir que as maiores quantidades utilizadas em testes em laboratório tenham uma ação idêntica ao fármaco pensado originalmente, precisamos fazer uma análise físico-química e verificar se o processo resulta no mesmo produto, com as mesmas qualidades", explica Javier.

Segundo ele, a chave para o bom desenvolvimento da pesquisa foi a interdisciplinaridade e a colaboração de especialistas de diversas áreas. "Conseguimos, em conjunto, produzir um medicamento inorgânico contra a tuberculose", comemora. "Em colaboração, podemos obter resultados muito melhores do que aqueles produzidos sozinhos.".

Lei do mercado

Em países desenvolvidos, segundo o professor Batista, um fármaco leva em média quinze anos para ser disponibilizado no mercado.

O caso da tuberculose é ainda mais complexo, pois continuam a ser pouco atrativos, enquanto investimento, para empresas farmacêuticas internacionais, devido ao baixo poder econômico das populações atingidas.

O fármaco inovador, portanto, além de acenar para a possibilidade de um tratamento mais ágil, atuaria com maior eficiência, com menos efeitos colaterais e pode ser utilizado em conjunto com outros medicamentos, em uma terapia mista, como um coquetel.

Devido a estas otimistas perspectivas, Batista foi convidado para o conceituado Congresso Europeu de Química Inorgânica Biológica, que acontecerá em setembro na Espanha, para apresentar os resultados das pesquisas desta parceria.
Nano pílulas liberam medicamentos diretamente dentro das células
As nanopílulas são materiais bacterianos, que recebem sua carga de medicamentos - proteínas ou outras moléculas - e as levam diretamente ao interior das células.
Nanopílulas

Cientistas espanhóis desenvolveram um novo veículo para liberar proteínas com efeitos terapêuticos no organismo.

Eles batizaram o novo mecanismo de nanopílulas.

Esses veículos de transporte de drogas são conhecidos como corpúsculos de inclusão bacterianos, nanopartículas estáveis e insolúveis, que normalmente são encontrados em bactérias recombinantes.

Apenas para se ter uma ideia das dimensões envolvidas, uma nanopartícula está para uma bola de futebol, assim como uma bola de futebol está para a Terra inteira.

Cada nanopílula não carrega mais do que algumas poucas proteínas, e funciona em nível celular.

Corpúsculos de inclusão

Os corpúsculos de inclusão têm sido tradicionalmente um obstáculo à produção industrial de enzimas solúveis e biofármacos.

Mais recentemente, contudo, descobriu-se que eles possuem grandes quantidades de proteínas funcionais, com possibilidade de uso direto em aplicações industriais e biomédicas.

Antoni Villaverde e seus colegas da Universidade Autônoma de Barcelona decidiram testar o valor dessas nanopartículas como nanopílulas naturais, com uma forte capacidade para penetrar nas células e realizar atividades biológicas.

O conceito de nanopílula representa uma plataforma nova e promissora para a administração de medicamentos, ainda que o uso de materiais microbianos na Medicina exigirá testes de segurança - o conceito só foi testado em laboratório até agora.

Curando células

Os investigadores "empacotaram" quatro proteínas, contendo diferentes efeitos terapêuticos, em suas nanopílulas experimentais, os corpúsculos de inclusão da bactéria Escherichia coli.

Eles colocaram as bactérias em contato com culturas de células de mamíferos sob condições semelhantes às encontradas em patologias clínicas reais - células "doentes", com baixa viabilidade.

O resultado foi positivo, recuperando a atividade das células doentes.

Os resultados e a descrição do mecanismo da nanopílula foram publicados na última edição da revista Advanced Materials.
Aspirina pode reduzir risco de metástase e morte por câncer
Foram identificados benefícios relevantes da aspirina sobre a metástase, sugerindo seu uso como tratamento adicional.
Efeitos da aspirina

No final de 2010, a equipe do Dr. Peter Rothwell, da Universidade de Oxford, publicou um estudo que sugeria que a ingestão de uma aspirina por dia reduzia o risco de morte por câncer.

Naquele trabalho, a equipe se concentrou sobretudo sobre o câncer de intestino, e seus resultados mostravam que a aspirina deveria ser tomada por longos períodos, que variavam de oito a 20 anos.

Agora, em um novo estudo, também publicado na revista Lancet, eles argumentam que os benefícios podem vir bem antes - de três a cinco anos.

Tratamento adicional

Os pesquisadores destacam que não se trata de medidas preventivas contra o câncer, o que exigirá novos estudos, mas como um tratamento adicional para pessoas que já estejam com a doença.

O estudo identificou benefícios mais relevantes sobretudo em relação aos eventuais efeitos da aspirina sobre a metástase, o espalhamento de um tumor pelo restante do corpo.

"Nós não estamos no estágio de recomendar o uso da aspirina para todas as pessoas, mas os protocolos médicos sobre o uso da aspirina pela população saudável de meia-idade certamente precisam ser atualizados, a fim de levar em conta os efeitos [da aspirina] sobre o risco e a progressão do câncer, assim como o risco de ataques cardíacos e derrames," disse Rothwell.

Benefícios da aspirina

O grupo não fez experimentos diretos, mas uma revisão dos experimentos realizados por cientistas de todo o mundo - foram revisados 51 estudos, envolvendo mais de 77 mil pacientes.

O levantamento foi subdividido em três artigos agora publicados.

No primeiro, a ingestão diária de aspirina detectou-se uma redução no risco de morte por câncer de 15%. Essa redução aumentou ao longo do tempo, chegando a 37% entre aqueles que tomaram aspirina durante 5 anos ou mais.

No segundo artigo, os cientistas relatam os efeitos da ingestão de aspirina sobre a metástase.

Foi identificada uma redução do risco do espalhamento do câncer de 36% em um período de 6,5 anos.

O terceiro artigo cobre estudos anteriores do tipo observacional, em vez de testes onde a ingestão do medicamento é controlada. Os resultados corroboram os resultados dos outros dois artigos.

Tomar ou não tomar aspirina

Alguns estudos associam a aspirina à redução dos riscos de ataques cardíacos ou de derrames entre as pessoas nos grupos de risco. Outros, porém,questionam o uso da aspirina na prevenção de ataques cardíacos.

Os críticos da aspirina como medicação preventiva ressaltam que os efeitos de proteção contra doenças cardiovasculares são pequenos entre adultos saudáveis. E, segundo eles, há documentação de que a prática aumenta o risco de sangramentos no estômago e no intestino.

Uma pesquisa publicada em 2009 concluiu que o uso regular da aspirina pode fazer mais mal do que bem.

Veja todas as reportagens já publicadas no Diário da Saúde envolvendopesquisas sobre a aspirina.
Chumbo pode causar comportamentos transgressores em jovens 
O chumbo está presente em muitos itens do nosso cotidiano, como cerâmica, plásticos, pigmentos e baterias.
Chumbo por chumbo

Comportamento agressivo, atos de vandalismo e baixo desempenho escolar.

Fatores assim, normalmente associados a problemas psicossociais nos jovens, podem ter uma causa extra.

Uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP mostra que a exposição ao chumbo leva ao aumento das atitudes transgressoras e causa prejuízos psicológicos.

A pesquisadora Kelly Polido Kaneshiro Olympio, confirmou a relação, que já havia sido detectada por pesquisadores estrangeiros, em uma amostra de 173 jovens em Bauru, interior de São Paulo.

Chumbo no organismo

O corpo de crianças absorve chumbo com mais facilidade que o de adultos. Além disso, os pequenos tendem a colocar objetos como brinquedos na boca, aumentando o risco da exposição.

"Não há um nível de exposição ao chumbo que seja seguro à saúde humana. Estudos recentes têm demonstrado prejuízos neurocomportamentais ligados a concentrações muito baixas no sangue", diz a pesquisadora.

Kelly analisou o esmalte - a parte que enxergamos do dente - para identificar a carga corporal de chumbo nos jovens. Também foram aplicados questionários a pais e filhos sobre o estabelecimento de comportamento antissocial, cometimento de atos infracionais, condições familiares e contexto socioeconômico.

O cruzamento dos dados apontou uma associação entre agressividade, tendência a quebrar regras, problemas sociais, e queixas físicas com maiores níveis de chumbo no corpo. Proximidade

Contaminação por chumbo

Os mais afetados viviam em regiões próximas a fábricas que utilizam o chumbo ou que conviviam com empregados dessas empresas.

"O metal está presente em muitos itens do nosso cotidiano, como cerâmica, plásticos, pigmentos e baterias. Também em esmalte anticorrosivo para portões, brinquedos de baixa qualidade e produtos domésticos de baixa qualidade", explica a pesquisadora.

Ela ressalta que a redução do uso de chumbo é muito desejável. "Há um movimento global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para eliminação de chumbo em tintas. Também preocupa a contaminação pelo metal causada pelas baterias, devendo haver um esforço para que se regule o caminho percorrido por este produto, desde sua origem até o descarte final", explica.

E é necessário que haja uma fiscalização mais rigorosa sobre os importados, "principalmente aqueles de baixa qualidade destinados ao público infantil", conclui.

Além disso, a pesquisadora recomenda a conscientização de pessoas que trabalham com chumbo, para que saibam evitar ou minimizar a exposição e não levem a ameaça para casa. E é preciso reforçar a vigilância ambiental dessas indústrias, para minimizar a exposição da população vizinha e os consequentes efeitos à saúde.

Exposição ao chumbo

Os prejuízos nos jovens permanecem até idades mais avançadas. Um estudo publicado nos Estados Unidos, em 2008, mostrou uma associação entre exposição a chumbo durante o crescimento e comportamento criminoso em adultos. Neles, a exposição pode causar hipertensão, neuropatias, perda de memória e irritabilidade, entre outras doenças. Pode-se chegar até a morte, dependendo do nível da exposição.

Segundo Kelly, a América Latina está pouco preparada para lidar com a situação. No Brasil, só em 2008 foi aprovada uma lei que limita a quantidade de chumbo na fabricação de tintas imobiliárias e de uso infantil e escolar, vernizes e materiais similares.

A situação é diferente nos Estados Unidos, onde o uso é restrito há mais tempo. Lá, a lei foi recentemente atualizada, delimitando a concentração de chumbo permitida a níveis mais baixos do que os fixados no Brasil.

"Ainda precisamos conhecer a extensão do problema da contaminação por chumbo no Brasil", diz Kelly.