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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Soja pode ajudar no combate à obesidade, diz estudo

Cientistas espanhóis demonstraram as propriedades contra a obesidade e hepatoprotetoras das isoflavonas, substâncias de origem vegetal encontradas principalmente na soja e que atuam de forma similar a determinados hormônios que o organismo humano segrega, como os estrogênios.

O estudo, realizado por membros do Ciberobn (Centro de Pesquisa Biomédica em Rede-Fisiopatologia de Obesidade e Nutrição) da Fundação Imabis de Málaga, foi testado em roedores e publicado na edição de dezembro da revista "British Journal of Pharmacology".

Além das propriedades protetoras das isoflavonas da soja contra o aumento de peso, a pesquisa revelou também seu papel na ativação da gordura marrom termogênica e na redução da esteatose hepática associada (gordura no fígado), informou o centro de pesquisa.

A aplicação das isoflavonas em humanos poderia estabelecer uma nova via terapêutica para a obesidade utilizando, em vez de remédios, esse ingrediente ativo da soja.

A descoberta reforçou a teoria sobre os múltiplos benefícios sobre a saúde dessas substâncias naturais às quais também são atribuídas, por seu poder antioxidante, propriedades anticancerígenas, protetoras dos sistemas ósseo e coronário.

RESULTADO EM ANIMAIS

O teste identifica pela primeira vez as ações das isoflavonas da soja sobre a obesidade induzida por dieta em um modelo animal.

"Foi comprovada a diminuição do ganho de peso, a ativação do tecido adiposo pardo termogênico, além da redução da esteatose hepática associada", apontou o médico Fernando Rodríguez de Fonseca, chefe de grupo que lidera o trabalho.

A intervenção nutricional foi realizada em 36 ratos, que receberam dois tipos diferentes de dieta, uma rica em hidratos de carbono e outra muito rica em gorduras, que induziu obesidade, diabetes e gordura no fígado.

Posteriormente, os ratos foram tratados com daidzeína (um dos principais tipos de isoflavona) durante 14 dias.

Os principais resultados demonstraram que, quanto maior a dose de daidzeína na dieta, menor é o ganho de peso e menor a presença de gordura hepática.

Essa descoberta foi associada a níveis altos de leptina (conhecida como o hormônio da magreza, que tem entre suas funções a de inibir o apetite) e baixos conteúdos de adiponectina (cujos níveis circulantes são inversamente proporcionais ao índice de massa corporal e à porcentagem de gordura corporal e que também aumentam a sensibilidade à insulina).

A prática constatou também que uma enzima com um papel determinante na termogênese aumentou no tecido adiposo marrom depois do tratamento com daidzeína.

No entanto, os autores esclareceram que esse estudo em modelos animais não é completamente aplicável a humanos, dado que as doses efetivas, a rota de administração e o diferente metabolismo dos roedores podem fazer variar muito os resultados.

Cientistas desenvolvem técnica para criar proteínas artificiais

Cientistas desenvolvem técnica para criar novas proteínas
A nova técnica já foi usada para sintetizar uma nova proteína especificamente projetada para ajudar a desenvolver uma vacina mais eficaz contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Na imagem, partículas de HIV-1 (ponto verdes) juntam-se à superfície de uma célula infectada.

Criação de proteínas
As proteínas são as moléculas mais abundantes e importantes de qualquer organismo, participando numa variedade imensa de tarefas e sendo essenciais para a vida.
Esta capacidade de intervir em quase todos os processos biológicos significa que, no dia em que aprendermos a sintetizá-las em laboratório, teremos em mãos um instrumento de extraordinário potencial.
Infelizmente, isto não tem-se mostrado ser muito fácil.
Mas agora tudo pode mudar com um estudo publicado na revista Science por pesquisadores portugueses do Instituto Gulbenkian de Ciência.
A equipe desenvolveu uma nova técnica para criar proteínas e demonstrou sua eficiência sintetizando uma nova proteína especificamente projetada para ajudar a desenvolver uma vacina mais eficaz contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV).
"O protocolo poderá agora ser usado no design de qualquer proteína, incluindo medicamentos, novos biocombustíveis e até proteínas com funções nunca antes observadas na natureza," disse Bruno Correia, coordenador da equipe.
Proteínas artificiais
Aprender a criar proteínas em laboratório tem sido, nas últimas décadas, uma espécie de "santo graal" da biologia molecular, mais especificamente de uma área emergente chamada biologia sintética.
A função de uma proteína é determinada pela sua estrutura tridimensional (3D), e esta pela sequência dos seus aminoácidos (os "tijolos" que a constituem) que, ao interagir entre si, como resultado das suas diferentes características físico-químicas, formam a tal estrutura tridimensional.
Mas entender como se forma uma estrutura 3D que é biologicamente ativa a partir de uma sequência linear de aminoácidos tem sido extremamente problemático, já que as interações entre estes são complexas e difíceis de prever.
A abordagem desenvolvida por Correia e seus colegas para resolver isto inova ao combinar o melhor de dois métodos já existentes.
O primeiro é o chamado método evolutivo, quando onde proteínas com funções semelhantes àquela que queremos criar são mutadas com o objetivo de levar à "evolução" da proteína com a função desejada.
O segundo é o design computacional, no qual programas de computador tentam prever a combinação de diferentes aminoácidos que leva à estrutura 3D com a função pretendida.
Proteína contra o HIV
Como o pesquisador explica: "individualmente cada um destes métodos tem limitações que têm sido impossíveis de ultrapassar. Mas a estratégia agora publicada funciona porque tira o melhor de ambos, usando a capacidade dos programas computacionais para explorar um espaço enorme de sequências e a eficácia da evolução de proteínas para selecionar aquelas que desempenham a função pretendida".
No caso da molécula agora desenhada - cuja função é servir como base para uma nova e mais eficaz vacina contra o HIV - a ideia era ter uma proteína para onde seriam transplantados "pedaços" essenciais do HIV (essenciais no sentido de que nunca são mutados/alterados) para que a proteína resultante pudesse ser usada para produzir anticorpos altamente eficazes contra o HIV.
Assim, a nova abordagem começa usando os métodos computacionais para procurar a melhor proteína para receber/hospedar estes "pedaços" essenciais do HIV (uma que não perturbe a estrutura 3D destes).
A seguir, uma vez feito o transplante, a molécula criada é submetida a uma série de mutações.
As novas versões (mutadas) são então analisadas por computador para escolher aquela com a estrutura 3D mais semelhante ao que é visto no vírus real.
"E embora estejamos ainda numa fase muito embrionária do processo, a ideia é que a proteína agora obtida vai servir para desenvolver uma vacina mais eficaz contra o vírus" - conclui Correia.
Vacinas antivirais
O grande problema das vacinas antivirais - e a razão por que há tão poucas e porque todos os anos se lança uma nova vacina contra a gripe - é que estas tendem a perder a eficiência rapidamente devido à alta taxa de mutação/transformação dos vírus.
Ao tentar assegurar que os anticorpos formados são contra-partes essenciais do vírus, a ideia é ter uma vacina mais eficaz e de longa duração.
"E agora que o novo protocolo mostrou sua eficácia," diz Correia, "as possibilidades são enormes. Afinal do diabetes à hemofilia, a doença da vaca louca, câncer ou mesmo Alzheimer, o problema é um só - proteínas defeituosas ou ausentes."

Quimioterapia tem menos efeito em diabéticos


Quimioterapia em diabéticos
Cientistas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), da USP, descobriram que a atividade do agente antitumoral cisplatina pode ser reduzida em pacientes diabéticos.
O medicamento é um tratamento comum nas chamadas quimioterapias.
De acordo com o estudo, camundongos diabéticos portadores de tumor tratados com cisplatina apresentaram menor redução do tumor e menor sobrevida que animais não diabéticos portadores do mesmo tumor e tratados com a mesma dose do fármaco.
A bióloga Márcia Cristina da Silva Faria, que desenvolveu o estudo sob a orientação do professor Antônio Cardoso dos Santos, explica que a concentração da cisplatina no tecido tumoral dos animais diabéticos foi reduzida em mais de 50% em relação aos animais não diabéticos.
"Este dado é inédito e sugere que o diabetes interfere na atividade antitumoral do fármaco, ou seja, inibe a função de combate ao tumor da cisplatina", reforça Márcia.
Cisplatina e glicose
A cisplatina é muito utilizada no tratamento de vários tipos de tumores sólidos e hematológicos (relacionados ao sangue), incluindo câncer de fígado, pâncreas, rins, bexiga e testículo, dentre outros.
Em contrapartida, seu uso é altamente limitado devido à sua toxicidade renal. "Cerca 20% dos pacientes tratados com cisplatina desenvolvem disfunção renal severa, mesmo com as medidas de proteção", diz.
Segundo a bióloga, estudos anteriores já indicavam que o diabetes diminuía o dano renal induzido pela cisplatina, o que, de fato, foi comprovado neste modelo com camundongos.
Em função disso, foi iniciado um estudo mais profundo sobre a relação do diabetes com a cisplatina, que culminou nos resultados inéditos. "Demonstramos que ao mesmo tempo em que o diabetes protege os rins contra a toxicidade da cisplatina, ele também interfere na ação de combate ao tumor do fármaco".
Soma-se a este aspecto negativo do diabetes (doença causada por excesso de glicose no sangue) o fato de que os tumores dependem da glicose para crescer. "Há estudos que mostram que a taxa de desenvolvimento de tumor em pacientes diabéticos é maior do que em pacientes não diabéticos", alerta Márcia.
Diminuição da sobrevida
Os camundongos diabéticos do estudo apresentaram uma sobrevida muito inferior em relação aos camundongos não diabéticos. A concentração da cisplatina no tumor e a diminuição da massa tumoral também foram menores.
"Os resultados comprovam a interferência do diabetes na eficácia da atividade antitumoral da cisplatina e a consequente diminuição da expectativa de vida deste grupo em particular", afirma.
A pesquisa, que durou dois anos, demonstra que o diabetes é capaz de alterar a distribuição do fármaco no tumor, nos rins e em vários órgãos.
"Há estudos que indicam que o diabetes altera os mecanismos de transporte ativo da cisplatina nas células renais o que explica a proteção contra a toxicidade renal nos pacientes diabéticos. Nossos dados indicam que alterações importantes ocorrem também nos demais tecidos, inclusive no próprio tumor", adianta a bióloga.
Cisplatina para diabéticos
Os resultados demonstram a necessidade de maior atenção no uso da cisplatina em pacientes diabéticos.
"É preciso reavaliar o uso clínico da cisplatina neste grupo em particular, visto que ele apresenta dois graves problemas de saúde pública: o câncer e o diabetes e o uso de um importante aliado no tratamento pode estar comprometido.
"Porém estes dados foram obtidos em estudos com camundongos e testes clínicos são necessários para sua extrapolação para humanos", conclui.
A próxima etapa da pesquisa terá como foco alguns receptores que possivelmente possam estar relacionados à deficiência do transporte que favorece a entrada da cisplatina nas células.