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quinta-feira, 8 de março de 2012

Pesquisa testa antibiótico para tratar esquizofrenia



Psiquiatras brasileiros e ingleses estão testando o uso de um antibiótico para o tratamento de pessoas com esquizofrenia.

A minociclina, receitada para o tratamento de acne, tem propriedades anti-inflamatórias e protetoras do cérebro, segundo Jaime Hallak, professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto que vem conduzindo pesquisas com a droga.

No Brasil, 30 pacientes participaram de um estudo com o remédio. Nas pesquisas internacionais, na Inglaterra e no Paquistão, diz o psiquiatra, foram cerca de 170.
Editoria de Arte/Folhapress 
Hallak conta que a ideia de usar um antibiótico contra o transtorno mental, que afeta 1% da população, veio de estudos com animais que demonstraram uma ação neuroprotetora da minociclina.

"O antibiótico foi então testado contra doenças neurodegenerativas, mas percebeu-se que os pacientes com sintomas psicóticos também acabavam melhorando."

Os 30 participantes brasileiros tinham o diagnóstico de esquizofrenia há no máximo cinco anos e faziam tratamento com diversas drogas antipsicóticas. O antibiótico foi acrescentado à terapia de parte do grupo. A outra serviu como controle.

Segundo Hallak, observou-se uma melhora nos sintomas do transtorno. A esquizofrenia é caracterizada por diferentes sintomas: psicóticos (ouvir vozes e ter delírios, por exemplo), dificuldades cognitivas e de vocabulário e falta de motivação e de interesse em relações pessoais.

Helio Elkis, coordenador do Projesq (Projeto Esquizofrenia) do Instituto de Psiquiatria da USP, diz que o principal ganho com o antibiótico é a melhora dos sintomas não psicóticos.

"Para sintomas psicóticos, como alucinações e delírios, os antipsicóticos usados hoje funcionam bem. A grande busca é por um tratamento para sintomas como o desinteresse em outras pessoas, que são os que mais dificultam os relacionamentos das pessoas com esquizofrenia."

Exames de imagem (ressonância magnética estrutural) do cérebro feitos em 24 dos 30 participantes do estudo mostraram que quem usou o antibiótico teve uma proteção maior do sistema límbico, principalmente do cingulado anterior, região ligada à cognição e motivação.

Isso, segundo Hallak, indica efeito da substância contra os problemas cognitivos enfrentados pelos doentes mesmo fora das crises agudas, como os de linguagem.

De acordo com o jornal inglês "Independent", o grupo que faz a pesquisa com minociclina por lá obteve um financiamento de 1,9 milhão de libras (R$ 5,2 milhões) para estudos com 175 pacientes.

A expectativa, para Jaime Hallak, não é substituir os antipsicóticos pelo antibiótico, mas somá-lo ao tratamento. A minociclina já é aprovada para uso em humanos, mas não para o tratamento da esquizofrenia. Em breve, diz o médico, os achados daqui serão publicados em uma revista científica.

Cientistas descobrem como corpo humano sente variações de temperatura


Sensores de calor do corpo

O sol no inverno parece extremamente agradável, enquanto o mesmo sol no verão tem o efeito oposto.
Ao longo os últimos 20 anos, as pesquisas têm revelado que há proteínas na superfície das células nervosas da pele que permitem que o corpo distinga entre essas diferenças de temperatura.
Mas dizer se está quente ou frio é uma coisa, enquanto informar se esse quente é agradável ou até perigoso para a saúde é outra coisa bem mais complexa.
E, até agora, não se sabia como esses sensores detectavam os gradientes de temperatura a que estamos submetidos o tempo todo.
Termômetros naturais
Agora, o Dr. Jie Zheng e sua equipe da Universidade da Califórnia em Davis (EUA) descobriram como se formam esses termômetros naturais na pele humana.
Eles revelaram que algumas poucas proteínas, conhecidas como canais iônicos, distinguem entre uma ampla escala de temperaturas, que vão do "quentinho agradável" até o quente demais.
A chave para esses sensores de temperatura está em sub-unidades das proteínas detectoras de calor, que podem se montar em combinações muito diferentes, produzindo diversos tipos de canais iônicos, cada um deles responsável por detectar, digamos, um grau na escala de temperatura.
A descoberta demonstra que apenas quatro genes, cada um codificando uma sub-unidade da proteína, podem gerar dúzias de diferentes canais sensíveis ao calor.
"No passado, os pesquisadores assumiram que, como há apenas quatro genes, há apenas quatro canais sensíveis à temperatura, mas agora nós demonstramos que há muitos mais," disse Zheng.
Canais iônicos
Canais iônicos são poros nas membranas celulares.
Sua capacidade de se abrir e fechar controla o fluxo de íons - átomos eletricamente carregados - para dentro e para fora das células.
A abertura e o fechamento dessas passagens equivalem a ligar e desligar uma sinalização nervosa - neste caso, para informar ao cérebro qual temperatura o corpo está sentindo.
Isto revela o mecanismo que não deixa que você confunda o "quentinho" de um cobertor no inverno com o "sol de rachar" em uma praia no verão.

Matemática pode salvar pacientes de overdose de Tylenol


Equações diferenciais contra overdose
Matemáticos da Universidade de Utah (EUA) desenvolveram um conjunto de equações que permite que médicos salvem pacientes comoverdose de Tylenol®.
A combinação inusitada entre equações matemáticas e tratamentos médicos de emergência foi possível porque é difícil saber a quantidade de medicamento que o paciente tomou efetivamente.
Além disso, os médicos precisam saber há quanto tempo ocorreu a ingestão excessiva do medicamentos para avaliar se paciente precisará até mesmo de um transplante de fígado para sobreviver.
A rapidez é essencial para determinar o tratamento, e as equações matemáticas podem dar uma resposta na hora.
Paracetamol
Chris Remien e Fred Adler estudaram o paracetamol - também conhecido como acetaminofeno - um medicamento contra dores e febre vendido com o nome comercial de Tylenol®, mas também como composto ativo em uma série de outros medicamentos, incluindo genéricos.
"É uma oportunidade para usar as técnicas matemáticas para melhorar a prática médica e salvar vidas," afirma Adler.
Eles demonstraram que, partindo dos resultados de quatro exames médicos comuns - conhecidos como AST, ALT, INR e creatinina - suas equações conseguem prever com alta precisão quais pacientes com superdosagem de paracetamol vão sobreviver com o tratamento médico padrão, e quais irão morrer a menos que recebam um transplante de fígado.
Isto é essencial para que o médico encaminhe o tratamento no atendimento de emergência.
A técnica foi avaliada a posteriori em 53 pacientes que deram entrada no hospital com registro de superdosagem de paracetamol - havia casos de ingestão do medicamento como tentativa de suicídio, overdose acidental e overdose por uso crônico acima do recomendado.
Com base nos quatro exames laboratoriais iniciais, o modelo matemático teve grande índice de acerto em relação ao que realmente ocorreu depois com esses pacientes.
Por exemplo, o método previu a morte de todos os oito pacientes que de fato vieram a óbito, embora ele também tenha previsto a morte de outros quatro pacientes que sobreviveram.
Ele previu ainda que 39 pacientes sobreviveriam com o tratamento padrão, quando 43 de fato sobreviveram - uma especificidade de 91%.
Superdosagem de paracetamol
A velocidade é essencial para os pacientes com insuficiência renal aguda listados como candidatos a transplante de fígado, diz o coautor estudo Norman Sussman, hepatologista da Faculdade de Medicina Baylor, em Houston.
"Se um médico estiver em dúvida e começar a tratar um paciente com envenenamento por acetaminofeno com o antídoto para combater a falência do fígado - mesmo que o paciente possa não sobreviver com tal medicação - suas chances de conseguir um novo fígado são reduzidas," explica o especialista.
"Se eu esperar mais um dia até colocá-lo na lista para o transplante, a chance de conseguir um fígado é muito menor," diz Sussman. "Se você vai fazer um transplante em alguém, você tem que fazê-lo rápido ou você perde o barco. O paciente pode passar da janela temporal quando o transplante pode ser feito. Ele fica muito doente e não consegue suportar o transplante."
Matemática no celular para salvar vidas
O novo método, usando equações de cálculo, com respostas na hora, permitirá que os médicos determinem rapidamente se um paciente pode sobreviver com o tratamento padrão ou se vai morrer se não conseguir um transplante.
Mas será necessário um teste clínico maior, de acompanhamento, e não a posteriori, para que a técnica seja validada para uso nos hospitais.
Se esse teste comprovar que o método pode prever com precisão como os pacientes com overdose de Tylenol ou de outros medicamentos à base de paracetamol vão se comportar, "acreditamos que poderemos criar uma ferramenta disponível imediatamente para os médicos," diz Sussman.
Os pesquisadores sugerem um aplicativo que rode em um smartphone.