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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cientista defende alternativas à experimentação animal


Cientista defende alternativas à experimentação animal
Cultura in vitro de células respiratórias humanas usando a nova tecnologia criada pelo pesquisador suíço, que permite manter as células vivas por até um ano.
Mal desnecessário
Para a maioria dos pesquisadores, testes em animais é um mal necessário.
Uma opinião não compartilhada por Ludovic Wiszniewski.
O cientista demonstrou que existem alternativas.
Ludovic Wiszniewski é o primeiro pesquisador a ter conseguido manter o epitélio respiratório humano vivo, in vitro, por mais de um ano.
Para difundir e comercializar a tecnologia, ele criou uma assim chamada empresa emergente de biotecnologia, a Epithelix.
Sua inovação rendeu vários prêmios internacionais. Aqui ele fala sobre sua inovação, em uma entrevista ao Swissinfo.
Em 2010, o número de animais submetidos a experiências aumentou quase 8% na Suíça, em relação a 2009. Um desenvolvimento um tanto surpreendente, não?
Ludovic Wiszniewski: Não, não realmente. Recentemente, surgiram novas empresas que praticam a experimentação animal.
Por seu lado, as grandes empresas farmacêuticas também intensificaram suas pesquisas, já que muitas patentes depositadas há mais de 20 anos estão se expirando.
Adicionado a isso, também tem o aumento do número de experiências transgênicas realizadas em animais nos laboratórios das universidades.
A tendência observada nos últimos vinte anos estava, no entanto, em baixa. Entre 1990 e 2010, o número de cobaias diminuiu quase 40%. Quais são as razões para esta diminuição?
LW: Não é uma diminuição real em si.
Há 20 anos atrás, os estudos não eram sistematicamente catalogados e, portanto, os dados não são tão precisos.
E, além disso, várias empresas começaram a praticar suas experiências no exterior.
Isto é particularmente o caso da China, onde a legislação pertinente é menos severa.
Também devemos reconhecer que a lei teve o efeito de reduzir as experiências com animais, particularmente através da proibição da utilização de seres vivos na área dos cosméticos, por exemplo.
E, finalmente, teve o surgimento das novas tecnologias de cultura celular.
Em um nível puramente técnico, o animal representa mesmo um bom modelo biológico para o homem?
LW: Não. Vários medicamentos passaram nos testes feitos com animais, mas tiveram um efeito catastrófico sobre os seres humanos.
Refiro-me especificamente a um produto desenvolvido para o tratamento da leucemia infantil: as crianças submetidas a este tratamento morriam mais cedo.
Ou a talidomida, um sedativo anti-náusea para mulheres grávidas e retirado de venda porque provocava malformações no feto.
Também posso citar o Tamoxifeno, um contraceptivo eficaz com ratos, mas que teve um efeito contrário com as mulheres.
E, finalmente, lembre-se que o resultado de um teste realizado com animais também pode depender do pesquisador.
Em outras palavras, se o animal é capaz de perceber o estado de espírito do homem (nível de estresse), ele pode reagir de maneira diferente de um pesquisador para outro.
Mas a história da medicina não é feita só de exemplos negativos...
LW: Sim, em algumas áreas, as experiências com animais têm sido úteis.
Na cirurgia, por exemplo, onde os médicos podem operar em cobaias antes de intervir em um ser humano.
Ou ainda, com a insulina, descoberta em cães e inicialmente isolada em porcos.
Deve-se enfatizar, no entanto, que o conhecimento e os instrumentos atuais eliminam a necessidade de experimentação com seres vivos.
Então, por que continuamos a usar animais?
LW: Há várias razões para isso.
Primeiro, a lei exige. Antes de se comercializar um produto farmacêutico ou químico, deve-se avaliar o seu grau de toxicidade. No entanto, como eu disse, as reações observadas em animais podem ser diferentes das do homem.
E depois há também o peso das publicações científicas. Muitas revistas exigem que os testes em animais sejam realizados. E para o cientista, o sucesso do seu trabalho está diretamente relacionado com o número de publicações...
É um modelo antigo que persiste especialmente com as experiências genéticas.
Quais são as alternativas às experiências com animais?
LW: Primeiro, tem as culturas in vitro de células humanas.
Podemos cultivar células ou induzir uma diferenciação, colocando-as em condições semelhantes às presentes no corpo humano. Assim, somos capazes de desenvolver mini pulmões.
E depois, há um modelo ex vivo: em vez de sacrificar dez animais para uma experiência, usa-se apenas um, o órgão escolhido é cortado em dez partes e aí se passa ao teste. Por fim, há também modelos de computador (in silico) que permitem previsões sobre toxicidade.
Será que um dia um órgão humano inteiro poderá ser criado... num tubo de ensaio?
LW: O maior desafio está relacionado com a duração de vida das células. Fora do corpo humano, é possível mantê-las vivas entre 3 a 4 semanas, ou seja, um período insuficiente para reconstruir um órgão.
Nós mesmos conseguimos mantê-las vivas por um ano. Se o desenvolvimento de materiais de suporte for confirmado, estou convencido de que poderemos recriar órgãos completos.

Pacientes de Alzheimer estão recebendo medicamentos com efeitos opostos


Medicamentos com efeitos opostos
Você não costuma pisar no freio do seu carro ao mesmo tempo em que pisa no acelerador, e, provavelmente, também não costuma usar café expresso para ajudar a engolir comprimidos para dormir.
Contudo, inúmeros pacientes estão recebendo receitas dos medicamentos mais comuns para a doença de Alzheimer - os inibidores da colinesterase - juntamente com medicamentos com propriedades anticolinérgicas, que têm efeitos opostos.
"Os inibidores da colinesterase são a terapia primária atualmente para retardar a doença de Alzheimer", explica Denise Boudreau, do Group Health Research Institute, uma entidade de pesquisas médicas sem fins lucrativos, sediada nos Estados Unidos.
"As propriedades anticolinérgicas são frequentemente encontradas em drogas geralmente usadas para tratar doenças gastrointestinais, alergias, incontinência urinária, depressão edoença de Parkinson, e podem ter efeitos negativos sobre a cognição em idosos.
"A preocupação é que, se alguém está tomando os dois tipos de medicamentos - inibidores da colinesterase e medicações anticolinérgicas - eles vão antagonizar um ao outro, e nenhum deles vai funcionar," afirma a médica.
Inibidores da colinesterase e anticolinérgicos
Nos ensaios clínicos, os inibidores da colinesterase mostraram efeitos modestos contra o declínio funcional e cognitivo das pessoas com doença de Alzheimer.
Estes medicamentos, como o donepezil (Aricept) funcionam inibindo a falta de acetilcolina, que envia sinais ao sistema nervoso.
Por outro lado, os anticolinérgicos - como a difenidramina (Benadryl) e a oxibutinina (Ditopan) - bloqueiam a ação da acetilcolina.
Uma vez que os dois tipos de medicamentos têm efeitos opostos, não faz sentido dar ambos os tipos de drogas para uma mesma pessoa.
Mas não é isto o que vem acontecendo na prática.
Sem efeitos
Os pesquisadores descobriram que, entre os usuários do inibidor de colinesterase, 37% estavam também tomando pelo menos uma droga anticolinérgica, e mais de 11% estavam tomando duas ou mais.
Para aqueles que utilizam os dois tipos de medicamentos, o uso simultâneo geralmente durou de três a quatro meses, mas 25% usaram ambas as classes de medicamentos por mais de um ano.
Os anticolinérgicos já estavam sendo usados por 23% das pessoas que receberam uma nova receita de inibidor de colinesterase, e 77% continuaram seu uso, mesmo depois de iniciar o uso do inibidor de colinesterase.
Apesar disso, os pesquisadores não encontraram aumento no risco à saúde - internação e morte - entre os pacientes que usavam simultaneamente os dois tipos de medicamento.

Descoberta brasileira abre nova rota para tratamento do diabetes


Apenas controle
Diabetes mellitus é uma doença provocada pela deficiência de produção ou de ação da insulina, cujo principal sintoma é a alta quantidade de glicose no sangue (hiperglicemia).
Ela pode causar diversos problemas crônicos, entre os quais a cegueira, a deficiência renal e as doenças cardiovasculares.
Apesar dos esforços, a doença prossegue avançando sem cura. O que existe atualmente é apenas controle.
Mas um estudo desenvolvido no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp deu agora um passo importante para descortinar o entendimento do diabetes.
Citocina protetora
O pesquisador Gustavo Jorge dos Santos mostrou que a citocina anti-inflamatória CNTF (Ciliary Neurotrophic Factor) é capaz de proteger as células produtoras de insulina (células beta pancreáticas) contra a morte.
As citocinas são um extenso grupo de moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunológicas.
"Assim, como uma das causas do diabetes é a morte dessas células produtoras de insulina, o CNTF pode ser um novo aliado na luta contra esse mal", expõe o pesquisador.
O trabalho também indicou que a citocina estudada pode garantir um efeito protetor prolongado, defendendo as células secretoras de insulina por um período de até 30 dias após o início do tratamento.
Isto abre novas possibilidades para a terapêutica auxiliar do diabetes, diminuindo a necessidade de injeções diárias ou a dosagem de insulina injetada nos pacientes, o que pode melhorar a sua qualidade de vida.
Cura do diabetes?
O pesquisador descobriu que as células que recebem CNTF junto com aloxana (substância diabetogênica) morrem menos do que as que recebiam somente esta droga, mostrando que o CNTF protege as células.
Além do mais, quando tais células não expressavam a proteína AMPK (que atua como um "sensor energético" celular), o CNTF já não conseguia mais protegê-las, mostrando que seu efeito protetor depende da inibição dessa proteína.
Como o CNTF e a AMPK desempenham funções importantes nas células beta-pancreáticas, ambos poderão ser alvos terapêuticos para o tratamento do diabetes.
Sobre a expectativa de cura do diabetes, Gustavo Jorge esclarece que essa hipótese ainda está descartada no momento, "porém, se o paciente se submeter ao tratamento adequado", diz, "ele poderá viver bem".
Esse tratamento inclui essencialmente controle da ingestão de alimentos (qualidade e quantidade), aplicação correta de insulina, realização de atividade física regular e acompanhamento médico-nutricional.

Radiocirurgia chegar ao SUS para tratar câncer sem cortes


Radiocirurgia chegar ao SUS para tratar câncer sem cortes
A radiocirurgia concentra uma grande dose de radiação em focos bastante específicos, provocando a morte das células cancerígenas por meio da quebra de seu DNA.
Radiocirurgia
O Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP) é o primeiro hospital público do país a adotar a técnica de radiocirurgia.
A radiocirurgia é uma terapia simples e rápida para tratar pacientes oncológicos que, por motivos clínicos, não poderiam se submeter aos riscos de uma cirurgia comum.
O tratamento é indicado para tumores primários ou metástases localizadas no pulmão e na coluna vertebral, desde que isolados e com até cinco centímetros de diâmetro.
Cirurgia com radiação
Essa radiocirurgia concentra uma grande dose de radiação em focos bastante específicos, provocando a morte das células cancerígenas por meio da quebra de seu DNA.
O risco de danos aos tecidos sadios é mínimo.
Além disso, o equipamento possibilita que, mesmo havendo uma pequena movimentação do tumor, provocada pela respiração, somente a área programada seja tratada.
Isso porque o aparelho ajusta os disparos quando o tecido saudável fica à frente do dispositivo emissor da radiação.
O procedimento dura, em média, cerca de uma hora e libera o paciente para voltar à sua rotina normal imediatamente.
Proteção aos tecidos sadios
Antes de dar início ao tratamento, uma imagem do tumor gerada pelo próprio equipamento de radioterapia é realizada para que a equipe de médicos e físicos possa posicionar o alvo que será submetido à radiocirurgia.
Justamente por essa precisão, a técnica promove maior proteção dos tecidos vizinhos contra a radiação quando comparada ao tratamento de radioterapia convencional. Por esta razão, embora recebam uma dose elevada de radiação, os pacientes apresentam uma tolerância muito maior à nova técnica.
Além disso, o período de tratamento é mais curto. São necessárias de uma a cinco aplicações, número que pode subir para cerca de 30, quando empregada a radioterapia comum.
"Mesmo sendo indicada para um perfil específico de pacientes, a técnica tem revolucionado a vida de muitas pessoas, que passaram a ter acesso, pelo SUS, a um tratamento de ponta e com mais qualidade de vida", avalia o diretor geral do Icesp, Paulo Hoff.