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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Nova vacina mostra que é possível erradicar a meningite


Esperança
Surtos de meningite têm atingido rapidamente proporções epidêmicas em vários países africanos, afetando dezenas de milhares de pessoas.
Agora, uma nova vacina parece finalmente capaz de erradicar completamente a doença.
"Os resultados da vacina são superiores a todas as nossas expectativas," diz Dominique Caugant, cientista-chefe do Instituto Norueguês de Saúde Pública.
Sorogrupo-A
O objetivo do projeto é eliminar a epidemia de meningite causada pela bactéria meningococo sorogrupo-A no chamado cinturão de alto risco da meningite: os países africanos ao sul do deserto do Saara, do Senegal, no oeste até a Etiópia, no leste.
O resultado é uma vacina nova e melhorada, batizada de MenAfriVac, que custa cerca de US$ 0,50 por dose.
"As vacinas existentes não têm sido boas o suficiente para prevenir a ocorrência de grandes epidemias na África," explica a professora Caugant. "Há vacinas melhoradas disponíveis, mas elas são muito caras para os países africanos."
Praticamente sem incidentes
Burkina Faso foi o primeiro país a receber a nova vacina. No curso de algumas semanas, toda a população com idade de um a 29 anos foi vacinada - quase 12 milhões de pessoas.
O número de pessoas que contraíram o sorogrupo-A da doença meningocócica varia de ano para ano, mas, segundo a professora Caugant, 1.000 casos no curso de uma semana não é incomum para Burkina Faso, e até 8.000 casos foram relatados em uma única semana.
"Seis meses após a introdução da vacina," diz ela, "apenas quatro casos do sorogrupo-A da doença meningocócica foram notificados - todos em indivíduos não vacinados."
A vacina também está sendo utilizada em vacinações em massa no Mali e no Níger.
Imunidade de grupo
"Os resultados preliminares sugerem que houve substancialmente menos portadores do sorogrupo-A após a campanha de vacinação, o que significa que a vacina fornece o que é chamado de imunidade de rebanho," diz a pesquisadora, referindo-se a um fenômeno também conhecido como imunidade de grupo.
O conceito de imunidade de grupo é que as partes não-vacinadas de uma população são protegidas indiretamente, uma vez que menos portadores significa uma pressão reduzida de infecção.
"Esta é uma informação extremamente importante para outros países, considerando a introdução da vacina," acrescenta Caugant.
Ela é uma das defensoras da criação de um programa de vacinação das crianças para garantir que a as futuras crianças da região também tenham imunidade.

Descoberta pode revolucionar estudos com o cérebro humano


Codificação do cérebro
Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), ligado à USP, descobriram que o cérebro possui uma "técnica" para codificar as informações trocadas entre o próprio cérebro e o restante do corpo.
Essa codificação é uma representação das informações sob forma de pulsos elétricos.
Os estudos, que duraram cinco anos, são coordenados pelo professor Reynaldo Daniel Pinto e envolveram siris como cobaias.
Segundo os pesquisadores, os neurônios do siri funcionam por mecanismos muito similares aos dos humanos.
Ruído na central telefônica
Os pulsos elétricos que representam o movimento motor do estômago do crustáceo, embora constantes, apresentaram uma peculiaridade: variações que, em princípio, foram consideradas, por diversos estudiosos, sem importância.
Mas os pesquisadores brasileiros descobriram que um único neurônio fazia o papel de uma "central telefônica", enviando ao cérebro ações realizadas por outros órgãos do siri.
"Usamos um computador para simular o neurônio biológico do siri. Aquilo que os cientistas acreditavam ser insignificante, ao que chamaram de 'ruído', exerce papel fundamental no organismo em questão: além da função motora, ele codifica, simultaneamente, o que faz o outro neurônio ligado a ele", explica o docente.
Neurônio telefonista
Ou seja, os "ruídos" descritos anteriormente, considerados, por muitos estudiosos, sem função, são, na realidade, de extrema importância.
"Se qualquer informação chega ao cérebro, ela vem tanto do músculo quanto do neurônio intermediário, que, por sua vez, contém o comando dado pelo músculo e gera um ritmo periódico para o funcionamento do sistema", explica Reynaldo.
E o neurônio intermediário não apenas avisa o cérebro sobre o que está acontecendo, como também entra em detalhes.
Ele avisa quando a ação foi realizada e seu autor, poupando o cérebro de um contato imediato com cada um dos órgãos.
"Nosso grupo foi capaz de comprovar essa 'nova função' do neurônio, em siris e lagostas. Espera-se que esse resultado seja, também, encontrado em neurônios de outras espécies, incluindo a nossa", afirma Reynaldo.
Implicações sobre o estudo do cérebro
A maneira de entender como o cérebro controla as coisas pode ser totalmente alterada depois desse estudo.
"Imagine que você está andando e o cérebro sabe que você contraiu um músculo da coxa. Se contraiu demais ou de menos, ele precisa saber e sensores espalhados no músculo passam tal informação.
"Mas, essa informação não será passada diretamente. Algum neurônio é que fará esse intermédio e o cérebro, além do acesso a essa informação, tem conhecimento sobre o que o circuito de comando do músculo fez, o que pode ser considerado um ajuste 'mais fino' de nosso corpo", explica o pesquisador.
Tosse ou soluço
A principal importância desse novo mecanismo é a previsão mais eficiente sobre certas ocorrências dos organismos.
No caso do siri, por exemplo, imagine que, enquanto ele se alimenta, um pequeno pedaço de pedra é engolido junto com a comida e entope o aparelho digestivo.
O sensor muscular que, até então, enviava sinais ao cérebro de contração periódica, irá cessar. Mesmo que o cérebro continue sendo avisado dos movimentos de contração, pelo mecanismo descoberto, ele [cérebro] receberá um relatório "incomum".
"Dessa forma, o cérebro tem conhecimento de que há algo errado no movimento do músculo e induzirá uma ação, como tosse ou soluço, por exemplo, para solucionar o problema", exemplifica Reynaldo.

Brasil será único fabricante do kit de diagnóstico da Hepatite D


Hepatite Delta
O Brasil deve se tornar o único país a produzir o kit para diagnóstico da hepatite delta, conhecida também como hepatite D.
Atualmente este kit é produzido pela Fundação Merieux, da França. A produção deve passar a ser feita pela Bahiafarma, que está em processo de instalação das suas fábricas.
Além da parceria entre a Fundação Merieux e a Bahiafarma para a produção do kit de diagnóstico para a hepatite delta, os franceses devem desenvolver, em conjunto com cientistas brasileiros, pesquisas no Parque Tecnológico, que será inaugurado até o final deste ano.
Haverá um espaço destinado à criação de um pólo para estudos dos cuidados com a hepatite.
"Buscamos permitir que a doença seja identificada e que se consiga dar melhores condições de tratamento para cerca de duas mil a três mil pessoas que estimamos que tenha essa doença já contraída aqui no Brasil", afirmou Carlos Trindade, da Bahiafarma.
Ele afirma ainda que esse kit diagnóstico tem a função de identificar e mapear o comportamento da doença e com isso abrir a possibilidade de adoção de medidas adequadas para que ela não progrida.
Apoio a doenças negligenciadas
O diretor de desenvolvimento internacional Fundação Merieux, François-Xavier Babin, e o assessor Christian Trepo explicaram que a fundação apoia programas de pesquisa em doenças como a tuberculose, infecções respiratórias, malária, HIV e hepatite.
"A Fundação Mérieux busca apoiar ativamente a criação de ferramentas para a vigilância epidemiológica e fazer transferência de tecnologias adequadas à pesquisa nos países em desenvolvimento" esclareceu François-Xavier Babin.
Os representantes da fundação francesa disseram que a ideia é também capacitar profissionais brasileiros: "Este é um projeto muito interessante e muito atrativo para a fundação", disse François-Xavier Babin.
O investimento permitirá fazer um laboratório de alto nível tecnológico e possibilitará avanços no tratamento não só das hepatites virais, mas também de viroses respiratórias.
Hepatite D
De acordo com o médico hepatologista e professor da Universidade Federal da Bahia, Raymundo Paraná, a hepatite delta é uma das doenças mais negligenciadas no Brasil.
Estudos apontam que a doença é registrada principalmente, na região da Amazônia Ocidental, nas comunidades do alto Purus, Vale do Javari, do Juruá, do Madeira. Existem notificações também em Rondônia e todo o Acre, e alguns focos no Mato Grosso e no Pará.
Ainda segundo Raymundo, os casos no Acre, em Rondônia e no Amazonas se espalham ao longo do território, enquanto no Pará, os surtos são localizados. Em seus estudos, Paraná aponta que existem fatores locais que contribuem para a maior incidência da doença no norte.
A hepatite delta, ou hepatite D, é uma doença infecciosa viral, contagiosa, causada pelo vírus da hepatite delta ou HDV (é um vírus RNA, que precisa do vírus B para que ocorra a infecção), podendo apresentar-se como uma infecção assintomática ou sintomática e, nesses casos, até mesmo com formas graves de hepatite.
O período de incubação é de 2 a 12 semanas. Existem áreas de alta prevalência na Bacia Amazônica, África Central, Sul da Itália e países do meio leste.
Raymundo Paraná explica que havendo a prevenção da hepatite B por meio de vacinas e também de educação sexual, haverá, conseqüentemente, a prevenção da Hepatite D.
Para a hepatite aguda não existe tratamento e a conduta é expectante, com acompanhamento médico. As medidas sintomáticas são semelhantes àquelas para o vírus B. No caso da hepatite crônica o tratamento deve ser realizado em ambulatório especializado.

Azeite e óleo de linhaça reduzem obesidade e diabetes


Inflamação no cérebro
Uma pesquisa realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostrou que a ingestão diária de pequenas doses de azeite de oliva e óleo de linhaça reduzem aobesidade e o diabetes tipo 2.
Ambos os óleos contêm nutrientes que apresentam ações no hipotálamo, órgão responsável pela sensação de fome e queima da gordura corporal.
De acordo com outras pesquisas anteriores da mesma equipe, o consumo de gorduras saturadas como manteiga, leite integral, carnes gordas e alguns tipos de pães levam a uma inflamação, principalmente do sistema nervoso central, que tem o hipotálamo como centro controlador da fome e do gasto energético.
"Com o hipotálamo inflamado, o cérebro não consegue perceber que organismo já está alimentado e precisa parar de comer", explica Juliana Contin Moraes Martins, autora do estudo.
Gorduras insaturadas
Se as gorduras saturadas levam a uma inflamação do hipotálamo, poderiam as gorduras insaturadas como o ômega-9, presente no azeite de oliva e o ômega-3, presente no óleo da semente de linhaça reverter esse quadro?
Essa foi a questão levantada pela pesquisadora, que buscou respondê-la usando modelo animais.
"Pelos resultados prévios em animais, a perda de peso é bastante significativa. Há um restabelecimento da função hipotalâmica.
"Com a adição do azeite de oliva e do óleo de linhaça na alimentação, conseguimos proteger os animais do ganho de peso causado pela ingestão em excesso de gordura saturada e melhorar a sensibilidade à insulina e à glicose.
"O azeite de oliva e óleo de linhaça são salvaguardas nas dietas e bom funcionamento do organismo", revela Juliana.
Cirurgia bariátrica
A próxima fase do estudo será feita em pacientes humanos.
A bióloga pretende utilizar o azeite de oliva e o óleo de linhaça no tratamento de pacientes com obesidade mórbida atendidos pela equipe de cirurgia bariátrica do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.
Pessoas obesas apresentam alterações morfológicas no hipotálamo e marcadores inflamatórios na circulação sanguínea. Após a cirurgia, esses marcadores inflamatórios diminuem devido a perda de peso.
"Queremos suplementar a dieta dessas pessoas obesas com óleo de linhaça e azeite de oliva para diminuir esses marcadores inflamatórios antes da cirurgia bariátrica. Isto em 2012 depois de rigorosos protocolos aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa", revela a pesquisadora.

Bactéria-vampiro pode funcionar como antibiótico vivo


Bactéria-vampiro pode funcionar como antibiótico vivo
A bactéria Micavibrio aeruginosavorus(amarelo), sugando uma Pseudomonas aeruginosavorus (roxo), em meio a inúmeras outras P. aeruginosavorus (cinza) já mortas.

Bactéria Caçadora
Uma bactéria com um comportamento similar ao de um vampiro pode funcionar como um antibiótico vivo para uma série de doenças infecciosas.
A bactéria, Micavibrio aeruginosavorus, foi descoberta em águas residuais há quase 30 anos, mas não tem sido extensivamente estudada porque é difícil criá-la em laboratório e estudá-la usando técnicas tradicionais de microbiologia.
A bactéria tem um modo de via estranho: ela procura presas - outras bactérias - e, em seguida, anexa-se à parede celular da vítima e, essencialmente, suga seus nutrientes.
Antibiótico vivo
Ao contrário da maioria das outras bactérias, que extraem nutrientes do seu ambiente, a M. aeruginosavorus pode sobreviver e se propagar apenas retirando sua nutrição de bactérias específicas que ela usa como presas.
Isto, obviamente, mata a presa.
E é justamente isso o que torna a bactéria-vampiro um agente potencialmente poderoso para destruir outros patógenos.
Um dos alvos da bactéria é a Pseudomonas aeruginosavorus, que é uma importante causadora de infecções pulmonares graves em pacientes com fibrose cística.
"Os patologistas podem, eventualmente, ser capazes de usar essa bactéria para combater fogo com fogo, por assim dizer, como uma bactéria que irá caçar agressivamente e atacar certas outras bactérias que são extremamente prejudiciais aos seres humanos", afirma Martin Wu, da Universidade da Virgínia (EUA).
"É possível que um antibiótico vivo, como a M. aeruginosavorus - tão específica nos alvos que ataca - possa potencialmente reduzir a nossa dependência dos antibióticos tradicionais e ajudar a mitigar o problema da resistência aos medicamentos que estamos enfrentando agora", disse Wu.
Bactéria-vampiro
Outro benefício da bactéria-vampiro é sua capacidade de nadar através de fluidos viscosos, tais como o muco, o que permite que ela ataque a P. aeruginosavorus, a bactéria que coloniza os pulmões de pacientes com fibrose cística, criando um biofilme parecido com uma cola.
Além disso, como a M. aeruginosavorus é tão seletiva em sua alimentação, ela é inofensiva para os milhares de bactérias benéficas que habitam o meio ambiente em geral e o corpo humano.
Engenharia genética
Para isso, contudo, serão necessários mais estudos.
O pesquisador afirma que, antes de ser usada de forma terapêutica, a M. aeruginosavorus vai exigir um estudo mais aprofundado para que se conheça melhor as funções dos seus genes.
Ele disse que a engenharia genética será necessária para adequar os atributos predatórios da bactéria para usos específicos no tratamento de doenças.

Atenção básica pode evitar 50% das internações infantis


Internações desnecessárias
Cerca de metade das internações infantis acontecem por doenças respiratórias e poderiam ser evitadas se as crianças recebessem tratamento adequado na atenção primária.
Esta é uma das informações reveladas no estudo realizado por Beatriz Rosâna Gonçalves, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.
Beatriz analisou as causas desse fato e quais eram as falhas da atenção básica, propondo uma mudança no sistema de saúde, que deveria se tornar mais integrado e humanizado para que essa porcentagem de internações desnecessárias seja reduzida.
Causas evitáveis
O objetivo da enfermeira era entender o porquê do alto número de internações pelas chamadas causas evitáveis, isto é, problemas que deveriam ter sido resolvidos já no ambulatório, no primeiro contato do paciente com o atendimento médico.
A pesquisadora constatou que 50% das internações eram por infecções respiratórias não-crônicas, como gripe sinusite e pneumonia.
Ao analisar o funcionamento da atenção básica, ela observou que seus princípios básicos não estavam sendo implementados e que os pacientes que procuram ajuda não conseguem de forma satisfatória, o que resulta em um maior número de internações.
Os princípios básicos são o do acesso de primeiro contato (ou seja, o paciente conseguir chegar ao posto de saúde), a resolução (conseguir que seu problema seja resolvido), a longitudinalidade (a mesma UBS conseguir resolver seus problemas ao longo do tempo) e a integralidade (se uma unidade não consegue resolver, deve-se encaminhar para alguma outra).
Além disso, o profissional deve exercer o cuidado da família e a orientação comunitária.
Integração do sistema de saúde
Beatriz sugere a adoção de um sistema mais integrado de serviços de saúde, onde os princípios da atenção básica sejam implementados, que o foco esteja no usuário e que haja a humanização do cuidado do paciente.
Para a enfermeira, é essencial fazer com que os municípios reflitam sobre sua organização da saúde básica e tentem mudar suas práticas, "pois do jeito que é feito hoje, vivemos em um faz-de-conta, apenas temos a ilusão de que estamos tratando da saúde."