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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

BOLETIM INFORMATIVO ABRASCO


Impasses e Alternativas para o Financiamento do SUS Universal
A ABRASCO, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Laboratório de Economia Política da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LEPS/UFRJ) estão organizando o seminário "Impasses e Alternativas para o Financiamento do SUS Universal". O evento será realizado amanhã, 04 de novembro, das 9h às 18h, no Colégio de Altos Estudos da UFRJ (Av. Rui Barbosa, 762, Flamengo, Rio de Janeiro). O encontro é gratuito e tem como público alvo pesquisadores, formuladores e executores de políticas públicas, entidades de profissionais de saúde e movimentos sociais. Clique nos links a seguir e confira o termo de referência e a programaçãodo Seminário. O áudio do encontro será transmitido via internet com acesso através da página da ABRASCO.


Saúde da Criança e do Adolescente: saberes, práticas e perspectivas
"Saúde da Criança e do Adolescente: saberes, práticas e perspectivas" é o tema do número de outubro da Revista Ciência & Saúde Coletiva que apresenta artigos sobre a promoção da saúde e os cuidados com crianças e adolescentes sob a ótica da Saúde Coletiva. Os textos oferecem diferentes abordagens metodológicas, apresentam uma multiplicidade de saberes, pontos de vista e autores de várias regiões do país. Em seu conjunto, os artigos apresentam uma reflexão abrangente sobre aspectos que vão desde o nascimento pré-termo à adolescência, integrando, estudos epidemiológicos, avaliação de comportamentos e práticas, educação em saúde e avaliação de programas de promoção e assistência. Entre os destaques estão as pesquisas sobre abandono do aleitamento materno e sobre intenção de abandono de mães de bebês prematuros impõem uma reavaliação de condutas e práticas ligadas ao nascimento. O abandono da amamentação e o posterior abandono do bebê em hospitais podem ter raízes nas omissões institucionais em relação à mulher no ciclo grávido-puerperal, no excesso de cesarianas, nas práticas hospitalares que desautorizam as mães, afastam o pai, a família e as redes de apoio social. Alguns textos dão ênfase à articulação de fatores biológicos e ambientais no desenvolvimento infantil mostrando associação entre ambiente domiciliar e alterações no desenvolvimento, retardo estatural em menores de cinco anos, fatores de risco para sobrepeso em adolescentes; assim como ao papel das redes sociais e da comunicação em programas de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança. Vários outros assuntos importantes são tratados, mas, tratando-se de humanização dos cuidados, destaque especial deve ser dado ao artigo: “Dialogia do riso: um novo conceito que introduz alegria para a promoção da saúde apoiando-se no diálogo, no riso, na alegria e na arte da palhaçaria”. Veja o sumário da Revista clicando aqui.


Coordenadora do Fórum dos Cursos de Pós-Graduação em Saúde Coletiva é aprovada no concurso para professora titular da UFC
Maria Lúcia Bosi, coordenadora do Fórum de Coordenadores dos Cursos de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da ABRASCO, foi aprovada no concurso para professora titular do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (DSC/UFC). A defesa do memorial foi realizada no último dia 18 e a aula magna no dia 19 de outubro. Para a Diretoria da ABRASCO a realização de Concurso para Professor Titular vinculado à Saúde Coletiva representa um acontecimento de grande importância, um reconhecimento das contribuições deste campo, no âmbito de uma Faculdade de Medicina. Mais detalhes aqui.


Hésio Cordeiro recebe a comenda Sergio Arouca do Conselho Federal de Medicina
O ex presidente da ABRASCO (gestão 1983 - 1985), Hésio Cordeiro, recebeu a comenda Sérgio Arouca de Medicina e Saúde Pública do Conselho Federal de Medicina (CFM) no último dia 26 de outubro. Cordeiro recebeu a medalha das mãos do médico Luiz Odorico Monteiro de Andrade, da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP/MS) do Ministério da Saúde. “Esse prêmio não é um prêmio isolado. Existem muitas pessoas com as quais devo compartilhar”, destacou Cordeiro, lembrando dos colegas que lutaram pela reforma sanitária.A solenidade de entrega foi realizada na sede do Conselho em Brasília sendo homenageados também os médicos Ivo Pitanguy (comenda Moacyr Scliar de Medicina, Literatura e Arte) e Ricardo Paiva (comenda Zilda Arns Neumann de Medicina e Responsabilidade Social). Hésio graduou-se na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1965, onde também cursou o mestrado em Saúde Coletiva (1978). É doutor em Medicina Preventiva pela Universidade de São Paulo (USP). Na área da educação, foi presidente do Conselho Nacional de Educação, reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e diretor do curso de Medicina da Universidade Estácio de Sá. Atualmente, é coordenador do mestrado profissional desta universidade.Hésio Cordeiro é um dos articuladores do Movimento da Reforma Sanitária, que culminou com a criação do SUS. Mais detalhes sobre a cerimônia aqui.


Paulo Buss será membro da The Lancet-University
O ex-Secretário Executivo da ABRASCO, ex-presidente da Fiocruz e atual coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde e , Paulo Buss, acaba de ser convidado a ser membro da The Lancet-University of Oslo Commission on Global Governance for Health. Membros de diferentes países formarão a Comissão, que examinará aspectos de governança – nos níveis global e nacional – no setor da saúde e em outros que impactam a saúde. A Comissão irá analisar e propor recomendações sobre esse tema, que serão publicadas na edição de agosto de 2013 da revista The Lancet e apresentadas à Assembleia Geral das Nações Unidas do mesmo ano. O primeiro encontro da Comissão será realizado ainda nesse ano, em dezembro, na cidade de Oslo, Noruega (com informações da Agência Fiocruz).


Gastão Wagner participará de Seminário organizado pela FSP/USP
O conselheiro da ABRASCO, Gastão Wagner de Souza Campos, estará participando do seminário “Implicações técnicas e políticas das propostas da 6ª Conferência Estadual de Saúde de SP para a política estadual de saúde e para a 14a Conferência Nacional de Saúde” no próximo dia 08 de novembro, às 14h, na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. O evento será aberto ao público em geral e colocará em debate as propostas apresentadas à 14ª Conferência Nacional de Saúde (14ª CNS). Gastão Wagner, professor titular da Unicamp e relator geral da 14ª CNS, proferirá a palestra de abertura. Também participarão do Seminário, compondo a Mesa de Debates, a Dra. Stela Pedreira, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, representando os gestores da saúde, a Sra. Cícera Salles, pelo segmento dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), o Sr. Luiz Antonio Queiroz, representando os trabalhadores, e a Dra. Marília Louvison, relatora geral da 6ª Conferência Estadual de Saúde, realizada em Serra Negra no período de 31 de agosto a 2 de setembro deste ano, como etapa paulista da 14ª CNS. Mais detalhes sobre o Seminário aqui.


Protocolos Regionais de Políticas Públicas em Telessaúde para a América Latina
A coordenadora do GT Informações em Saúde e População (GTISP) da ABRASCO e docente da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), Ilara Hammerli Sozzi de Moraes, coordenará o componente Gestão da Telessaúde do Projeto "Protocolos Regionais de Políticas Públicas em Telessaúde para a América Latina". Confira a entrevista concedida pela pesquisadora ao Informe ENSP, na qual analisa o processo de transição do mundo analógico para o digital e descreve todo o projeto de Telessaúde na América Latina clicando aqui


Construindo caminhos pra a análise de políticas públicas de saúde
A mesa de lançamento do site “Construindo caminhos pra a análise de políticas públicas de saúde” será realizada no próximo dia 08 de novembro de 2011 às 14h, no Auditório do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ). Resultado de uma parceria entre pesquisadores do IMS/UERJ, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), o projeto tem como objetivo compartilhar um conjunto de materiais sobre as diferentes perspectivas de análise de políticas de saúde, explorando as ferramentas de pesquisa e o aprendizado no caminhar e no desenvolvimento de estudos. A aposta do projeto é a de incentivar que mais pessoas se engajem em pesquisas sobre políticas de saúde, bem como promover a troca e interação entre grupos que têm se dedicado a esta área de pesquisa. O material está disponível na página do projeto e o site permite a introdução de comentários e pretende se constituir num espaço plural de debate e uma ferramenta abrangente de formação. Acesse www.ims.uerj.br/ccaps!


1° Fórum Nacional de Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares de Saúde
1° Fórum Nacional de Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares de Saúde, é uma contribuição para o debate em curso sobre esses temas na Saúde Coletiva, no Brasil , em outros países da América Latina, na África e, mais recentemente, na Europa. Pioneiro na discussão acadêmica, e na política de integração aos serviços públicos de saúde dessas racionalidades e práticas, nosso país acumulou uma experiência na implementação na atenção, e na reflexão acadêmica, experiência que exige uma abertura de discussão para a sociedade civil: alunos, profissionais, pesquisadores e docentes do grande campo da Saúde, mas também para gerentes e gestores no âmbito da política de saúde nacional e estadual. O evento será realizado de 25 a 28 de abril de 2012 no campus Gragoatá da Universidade Federal Fluminense (UFF). A Comissão Científica do evento receberá resumos de trabalhos até o dia 16 de dezembro. Mais detalhes aqui.


Prêmio Capes de Tese 2011
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) recebe, até 25 de novembro, as inscrições para o Prêmio Capes de Tese 2011, outorgado às melhores teses de doutorado defendidas em 2010, selecionadas em cada uma das áreas do conhecimento reconhecidas pela Capes nos cursos de pós-graduação adimplentes e reconhecidos no Sistema Nacional de Pós-Graduação. O prêmio é realizado em parceria com a Fundação Conrado Wessel e o Instituto Paulo Gontijo. A pré-seleção das teses a serem indicadas ao Prêmio deve ser feira nos programas de pós-graduação das instituições de ensino superior. Após a indicação da tese vencedora pela comissão de avaliação, o coordenador do programa de pós-graduação é responsável pela inscrição da tese, exclusivamente pelo site da Capes. Mais informações aqui.

Pessoas que desenvolvem obesidade têm maior risco de sofrer do coração

Estudo mostra que existe uma associação perigosa entre o baixo peso ao nascer com o sobrepeso durante a vida: mais chances de doenças cardiovasculares e diabetes

Pessoas com baixo peso ao nascer, mas que desenvolvem obesidade durante a infância ou na vida adulta, têm maior risco de apresentar doenças cardiovasculares e resistência à insulina - fator de risco para diabetes.

Uma das razões para essa associação, destacada em diversos estudos nos últimos anos e que ainda não está completamente elucidada, pode estar na alteração dos níveis de proteínas (adipocitocinas) produzidas pelo tecido adiposo e que funcionam como fatores de proteção ou, inversamente, de risco para doenças cardiovasculares.

A constatação foi feita por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) por meio de um projeto realizado com apoio da Fapesp.

A pesquisa envolveu uma avaliação de 547 crianças, de 6 a 12 anos de idade, de uma escola no município de Embu, na Grande São Paulo. Foram caracterizados o peso ao nascer, antecedentes familiares para doenças cardiovasculares, estado nutricional, pressão arterial e perfil lipídico, de glicemia, insulina e de adipocitocinas, entre outros indicadores.

Por meio de exames laboratoriais, verificou-se que cerca de 30% das crianças apresentavam alto grau de sobrepeso ou de obesidade, associados a fatores como o aumento do colesterol e da pressão arterial. As crianças com peso mais baixo ao nascer apresentaram níveis mais elevados de triglicérides, ácido úrico e do índice HOMA, que está relacionado à resistência à insulina.

A partir da comparação das crianças obesas ou com sobrepeso e com baixo peso ao nascer com as de peso normal no nascimento, os pesquisadores também observaram que as primeiras tinham níveis mais baixos de determinadas adiponectinas - uma classe de adipocitocinas que protege contra diabetes tipo 2 e doença cardiovascular.

Mas esse primeiro grupo apresentou níveis mais elevados de outras adipocitocinas, que atuam como marcadores inflamatórios e endoteliais e são indicadores de risco de doenças cardiovasculares.

“Com isso, conseguimos verificar de modo parcial a associação entre o baixo peso ao nascer com o maior risco de doença cardiovascular na vida adulta”, disse Maria Wany Louzada Strufaldi, professora da Unifesp e coordenadora do projeto, à Agência FAPESP.

Segundo ela, a pesquisa abre uma nova perspectiva para explicar pelo aspecto inflamatório a associação entre baixo peso ao nascer com sobrepeso ou obesidade e riscos de doenças cardiovasculares, cujos mecanismos ainda não estão claros.

“Ninguém sabe exatamente qual criança irá desenvolver doença cardiovascular. Sabemos dos fatores de risco, mas em que momento isso pode acontecer, ou mesmo se irá ocorrer, ainda não está claro”, disse.

Sinais de alerta

Os pesquisadores também avaliaram os níveis de resistina apresentados pelas crianças com sobrepeso ou obesidade e baixo peso ao nascer. Estudos anteriores apontaram que a resistina teria a função inversa da adiponectina. Entretanto, na nova pesquisa, a proteína não foi identificada como um fator de proteção ou de risco para doença cardiovascular e não se mostrou associada com outros marcadores inflamatórios ou com o peso ao nascimento das crianças avaliadas.

“Isso mostra como é complexo elucidar os mecanismos que estão por trás da associação entre baixo peso ao nascer, sobrepeso e obesidade e aumento de risco de doença cardiovascular. Há muitos caminhos para tentarmos desvendar quais fatores interferem ou não nessa questão”, avaliou Strufaldi.

O grupo da Unifesp pretende investigar se os mecanismos que observaram na pesquisa também se reproduzem de forma expressiva em crianças com doenças crônicas, como a asma.

Por meio disso, além de tentar encontrar uma explicação fisiopatológica para possíveis mecanismos inflamatórios associados ao peso de nascimento, também se pretende obter uma aplicação clínica.

“A partir do aumento da prevalência de doenças crônicas, como a obesidade, o diabetes e a própria asma, esses estudos são importantes para que os pediatras possam identificar sinais de alerta e realizar exames mais precocemente ou mais detalhados em certas crianças”, disse Strufaldi.

Cesárea aumenta ocorrência de alergia em crianças


Alergias e bactérias
Pesquisadores dinamarqueses estabeleceram uma ligação direta entre as alergias, ou doenças de hiper-sensibilidade, e a exposição das crianças a bactérias.
A análise comparou o diagnóstico de alergia com as bactérias identificadas em exames de fezes das crianças.
"Em nosso estudo, de mais de 400 crianças, nós observamos uma conexão direta entre o número de diferentes bactérias em seus retos e o risco de desenvolvimento de doenças alérgicas mais tarde na vida," disse o Dr. Hans Bisgaard, da Universidade de Copenhague.
Cesárea e alergias
Segundo o pesquisador, o problema começa no nascimento das crianças.
"A reduzida diversidade da microbiota intestinal durante a infância está associada com um aumento do risco de doenças alérgicas na idade escolar," afirma.
Nas crianças com maior diversidade bacteriana, esse risco diminui - e quanto maior a diversidade, menor é o risco.
"Então faz diferença se o bebê nasceu por parto normal, encontrando as primeiras bactérias de sua mãe, ou por cesárea, que expõe o recém-nascido a uma quantidade menor de bactérias, e bactérias totalmente diferentes. Pode ser por isso que muito mais crianças nascidas por cesárea desenvolvem alergias," afirma Bisgaard.
Influência das bactérias
O pesquisador afirma que o risco de alergia não está ligado a uma única bactéria, mas à variedade de bactérias à qual a criança é exposta.
Segundo ele, a "janela temporal" durante a qual o bebê é imunologicamente imaturo e pode ser influenciado pelas bactérias é muito breve, e se fecha poucos meses depois do nascimento.
"Nossas descobertas coincidem com o grande número de conclusões que também têm sido feitas no campo da asma e da febre do feno," explica o pesquisador, referindo-se a duas condições que, como as alergias, são disparadas por vários fatores nas primeiras semanas de vida.
Hipótese da higiene
O estudo é mais um que se junta às crescentes evidências da chamada "Hipótese da Higiene", que afirma que a limpeza excessiva pode fazer as pessoas adoecerem mais.
O professor Bisgaard reconhece a ironia de que algo que é sempre visto como uma ameaça à saúde das pessoas, as bactérias, possam ser uma parte fundamental da vida saudável.
"Eu acredito que um mecanismo que afeta o sistema imunológico irá afetar mais do que simplesmente as alergias. Não seria surpresa para mim se doenças como aobesidade e o diabetes também não fossem disparadas cedo na vida e dependam de como nossas defesas imunológicas são aperfeiçoadas encontrando culturas bacterianas ao nosso redor," conclui ele.

Baixo peso ao nascer aumenta risco cardiovascular


De leve a pesado
Pessoas com baixo peso ao nascer, mas que desenvolvem obesidade durante a infância ou na vida adulta, têm maior risco de apresentar doenças cardiovasculares e resistência à insulina - fator de risco para diabetes.
Essa associação tem sido destacada em diversos estudos científicos nos últimos anos, mas suas razões ainda não estão completamente elucidadas.
Uma dessas razões pode estar na alteração dos níveis de proteínas (adipocitocinas) produzidas pelo tecido adiposo.
Estas proteínas que funcionam como fatores de proteção ou, inversamente, de risco para doenças cardiovasculares.
A constatação foi feita por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Um terço de obesidade
A pesquisa envolveu 547 crianças, de 6 a 12 anos de idade.
Foram monitorados o peso ao nascer, antecedentes familiares para doenças cardiovasculares, estado nutricional, pressão arterial e perfil lipídico, de glicemia, insulina e de adipocitocinas, entre outros indicadores.
Por meio de exames laboratoriais, verificou-se que cerca de 30% das crianças apresentavam alto grau de sobrepeso ou de obesidade, associados a fatores como o aumento do colesterol e da pressão arterial.
As crianças com peso mais baixo ao nascer apresentaram níveis mais elevados de triglicérides, ácido úrico e do índice HOMA, que está relacionado à resistência à insulina.
Doenças cardiovasculares em crianças
A partir da comparação das crianças obesas ou com sobrepeso e com baixo peso ao nascer com as de peso normal no nascimento, os pesquisadores também observaram que as primeiras tinham níveis mais baixos de determinadas adiponectinas - uma classe de adipocitocinas que protege contra diabetes tipo 2 e doença cardiovascular.
Mas esse primeiro grupo apresentou níveis mais elevados de outras adipocitocinas, que atuam como marcadores inflamatórios e endoteliais e são indicadores de risco de doenças cardiovasculares.
"Com isso, conseguimos verificar de modo parcial a associação entre o baixo peso ao nascer com o maior risco de doença cardiovascular na vida adulta", disse Maria Wany Louzada Strufaldi, professora da Unifesp e coordenadora do projeto.
Segundo ela, a pesquisa abre uma nova perspectiva para explicar pelo aspecto inflamatório a associação entre baixo peso ao nascer com sobrepeso ou obesidade e riscos de doenças cardiovasculares, cujos mecanismos ainda não estão claros.
"Ninguém sabe exatamente qual criança irá desenvolver doença cardiovascular. Sabemos dos fatores de risco, mas em que momento isso pode acontecer, ou mesmo se irá ocorrer, ainda não está claro", disse.
Sinais de alerta
Os pesquisadores também avaliaram os níveis de resistina apresentados pelas crianças com sobrepeso ou obesidade e baixo peso ao nascer - estudos anteriores apontaram que a resistina teria a função inversa da adiponectina.
Entretanto, na nova pesquisa, a proteína não foi identificada como um fator de proteção ou de risco para doença cardiovascular e não se mostrou associada com outros marcadores inflamatórios ou com o peso ao nascimento das crianças avaliadas.
"Isso mostra como é complexo elucidar os mecanismos que estão por trás da associação entre baixo peso ao nascer, sobrepeso e obesidade e aumento de risco de doença cardiovascular. Há muitos caminhos para tentarmos desvendar quais fatores interferem ou não nessa questão", avaliou Strufaldi.
Doenças crônicas
O grupo da Unifesp pretende investigar se os mecanismos que observaram na pesquisa também se reproduzem de forma expressiva em crianças com doenças crônicas, como a asma.
Por meio disso, além de tentar encontrar uma explicação fisiopatológica para possíveis mecanismos inflamatórios associados ao peso de nascimento, também se pretende obter uma aplicação clínica.
"A partir do aumento da prevalência de doenças crônicas, como a obesidade, o diabetes e a própria asma, esses estudos são importantes para que os pediatras possam identificar sinais de alerta e realizar exames mais precocemente ou mais detalhados em certas crianças", disse Strufaldi.