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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Modelo de um príon, uma Partículas Proteica Infecciosa. 

Simplicidade perigosa
Cientistas do Instituto de Pesquisas Scripps (EUA) identificaram um agregado de proteínas - um príon - capaz de causar a morte de neurônios de um modo semelhante ao visto no "mal da vaca louca".
A diferença é que o príon agora descoberto, extremamente simples em sua estrutura, é pelo menos 10 vezes mais letal que espécies maiores de príons.
Príon é uma sigla em inglês para o termo Partículas Proteicas Infecciosas.
Esta molécula tóxica única agora descoberta - ela é um monômero - desafia o conceito aceito pela ciência de que o dano neuronal está associado à toxicidade de agregados priônicos - que são oligômeros.
Alfa-helicoidal
Nas experiências, a nova forma tóxica de proteína anormal, chamada de TPrP, causou vários tipos de danos neuronais.
Esses danos vão da apoptose (a morte celular programada) até a autofagia e o "canibalismo" de componentes celulares, assim como assinaturas moleculares muito semelhantes às observadas nos cérebros de animais infectados com príons.
O estudo descobriu que a forma mais tóxica do príon tem uma estrutura específica, conhecida como alfa-helicoidal.
Descoberto espécie mais letal de príon que se conhece
O príon agora descoberto, extremamente simples em sua estrutura, é pelo menos 10 vezes mais letal que espécies maiores de príons.
Novos caminhos para explorar
"Ao identificar uma única molécula como a espécie mais tóxica de príon [que se conhece], abrimos um novo capítulo na compreensão de como ocorre a neurodegeneração induzida por príons," disse Corinne Lasmézas, que liderou o estudo.
Além das informações que oferece sobre doenças causadas por príons, como o "mal da vaca louca" e uma forma humana rara da doença de Creutzfeldt-Jakob, o estudo abre a possibilidade de que proteínas neurotóxicas similares possam estar envolvidas em doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
Nas doenças causadas por príons, acredita-se que os príons infecciosos têm a capacidade de se reproduzir, mesmo sendo compostos unicamente de proteínas e não terem DNA e nem RNA.
Proteína príon celular
As células dos mamíferos normalmente produzem o que é conhecido como "proteína príon celular" ou PrP.
Durante a infecção com uma doença priônica, a proteína anormal - ou incorretamente dobrada - converte o príon normal do hospedeiro para a sua forma patológica.
Lasmézas explica que as doenças de príons são semelhantes à doença de Alzheimer e outras doenças causadas pelo dobramento incorreto de proteínas na medida que são causadas pela toxicidade de uma proteína do hospedeiro que se dobrou incorretamente.
Trabalhos recentes também descobriram que doenças como o Alzheimer lembram as doenças de príon ao se difundir de célula para célula.
Monômeros
O novo estudo acrescenta um outro complicador.
"Até agora, pensava-se que as proteínas tóxicas em todas essas doenças fossem oligômeros," diz Lasmézas. "Como agora descobrimos que um monômero anormalmente dobrado é altamente tóxico, abre-se a possibilidade de que isso possa ser verdade também para outras doenças envolvendo dobramento incorreto de proteínas."
O estudo foi publicado esta semana na edição online da revista Proceedings of National Academy of Sciences.

150 vezes melhor
Um fármaco empregado na clínica veterinária está se mostrando promissor também para o tratamento em humanos.
A buparvaquona é uma droga de uso clínico veterinário empregada contra uma parasitose, principalmente na Europa.
Mas testes realizados por pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, estão demonstrando que ela é eficaz também contra a leishmaniose visceral.
Os estudos, ainda feitos em cobaias, mostraram que a buparvaquona tem eficácia semelhante à do medicamento padrão utilizado contra a leishmaniose, mas exigindo uma dose 150 vezes menor.
Lipossomas
A atividade anti-leishmania da buparvaquona foi revelada pela primeira vez em um estudo publicado em 1992.
No entanto, os testes na ocasião foram feitos com a leishmaniose visceral provocada pela Leishmania donovani - o parasita predominante em países como a Índia. No Brasil, predomina a Leishmania chagasi.
"Essa droga foi perseguida por muitos anos pelo pessoal da área de parasitologia, que a tentava fazer funcionar, pois ela mostrava alta eficiência in vitro. O ineditismo da nossa contribuição consistiu em fazer a droga funcionar em modelos animais com a ajuda dos lipossomas", contou André Gustavo Tempone, orientador do trabalho.
Lipossomas são vesículas esféricas utilizadas para dirigir o fármaco, de forma controlada e com maior precisão, até a célula infectada.
Os pesquisadores utilizaram lipossomas convencionais - e não nanolipossomas - para que a formulação fosse mais simples. "Pensamos nas necessidades da indústria, que poderá no futuro produzir a droga. Por isso, tivemos a preocupação de fazer a formulação mais simples possível, para facilitar o escalonamento", disse.
Fígado e baço
A formulação utilizada incluiu o uso de um fosfolipídio modificado que confere um direcionamento maior para a célula hospedeira - na leishmaniose esta célula é o macrófago, presente no fígado e baço do animal.
"O fármaco reduziu em 89% a carga parasitária no baço e em 67% a carga de parasitas no fígado. O mais importante, no entanto, é que para conseguir a mesma eficácia do glucantime - que é a droga padrão contra a leishmaniose - utilizamos uma dose 150 vezes menor.
"Esse tipo de estudo - conhecido como piggy-back chemotherapy -, embora não traga inovação no aspecto de descoberta de novas drogas, é importante do ponto de vista da saúde pública devido à possibilidade de colocar fármacos no mercado com mais rapidez. Como se trata de uma droga que já está no mercado, podemos dispensar, por exemplo, os testes de toxicidade. Começamos assim a desenvolver a nova aplicação a partir de uma fase mais avançada", explicou.

Medicamento reverte rapidamente efeitos do Mal de Alzheimer
O medicamento aprovado para uso contra o câncer reduziu em mais da metade as placas beta-amiloides em apenas 72 horas, e a redução final do tratamento chegou a 75%.

Reversão do Mal de Alzheimer
Cientistas norte-americanos estão festejando uma descoberta que parece ser um dos mais importantes avanços no campo das neurociências nos últimos anos.
Usando um medicamento já aprovado, Paige Cramer e uma equipe coordenada a partir da Universidade Case Western (EUA) conseguiram reverter os danos patológicos, cognitivos e de memória causados pelo surgimento do Mal de Alzheimer.
Eles usaram um medicamento chamado bexaroteno, usado há mais de 10 anos no tratamento de alguns tipos de câncer, sobretudo no câncer do sistema linfático.
E os resultados de seu uso contra o Mal de Alzheimer foram muito além do esperado.
Bexaroteno
Camundongos que receberam o bexaroteno apresentaram uma rápida reversão no quadro clínico com relação aos efeitos gerados pelo Alzheimer.
O Mal de Alzheimer surge em grande parte pela incapacidade do corpo em eliminar do cérebro fragmentos de proteínas naturais, conhecidas como beta-amiloide.
Em 2008, o professor Landreth Gary, coordenador deste estudo, descobriu que o principal carreador de colesterol para o cérebro, a abolipoproteína (ApoE), facilita a remoção das proteínas beta-amiloide.
O grupo agora decidiu verificar se o bexaroteno era capaz de aumentar a expressão da ApoE. A elevação dos níveis da ApoE, por sua vez, acelera o processo de remoção das proteínas beta-amiloides do cérebro.
O bexaroteno atua estimulando receptores conhecidos como RXR, que controlam quanta beta-amiloide é produzida.
Ação rápida
Os cientistas ficaram particularmente surpresos com a velocidade com que o bexaroteno reverteu as perdas de memória e os problemas de comportamento.
Apenas seis horas após a administração da droga, os níveis de beta-amiloides solúveis, que se acredita serem as causadoras dos danos na memória no Alzheimer, caíram em 25%.
Mais da metade das placas foi eliminada em até 72 horas, e a redução final do tratamento chegou a 75%.
"Esta é uma descoberta sem precedentes," disse Cramer. O melhor tratamento disponível até agora para tratar o Alzheimer em camundongos exige vários meses para reduzir as placas no cérebro."
O próximo objetivo da pesquisa é verificar como será o funcionamento do medicamento em humanos.

Menos invasiva
Neurologistas desenvolveram uma técnica capaz de dissolver coágulos sanguíneos no cérebro de forma minimamente invasiva.
Hoje, a remoção desses coágulos, produzidos sobretudo durante derrames, exige uma cirurgia com exposição do cérebro, chamada craniotomia, com risco de danificar outras áreas sensíveis.
A nova técnica minimamente invasiva elevou em até 15% a quantidade de pacientes que reconquistam a autonomia depois do tratamento.
"A última forma de acidente vascular cerebral ainda não tratável pode agora ter um tratamento," afirmou o Dr. Daniel Hanley, da Universidade Johns Hopkins (EUA), um dos membros da equipe que desenvolveu a técnica.
Sem craniotomia
O tratamento significa que o paciente poderá ter menos sequelas, ou mesmo nenhuma, reconquistando os movimentos e a fala, por exemplo.
A técnica consiste basicamente em permitir que os coágulos, produzidos por hemorragia intracerebral, dissolvam-se por si próprios.
Em vez de retirar a cobertura óssea do cérebro para a craniotomia, os médicos furam um pequeno buraco no crânio, próximo à formação do coágulo.
A seguir, um catéter é inserido no cérebro, guiado por um exame de tomografia computadorizada, levando a droga t-PA até o coágulo, que contrai a uma taxa de até 20% ao dia.
Segundo Hanley, os pacientes que já passaram pela técnica minimamente invasiva não tiveram os efeitos colaterais comumente associados com a craniotomia.
Hemorragia intracerebral
A hemorragia intracerebral é uma perda de sangue no cérebro que produz um coágulo.
Esse coágulo aumenta a pressão e causa a liberação de químicos inflamatórios que causam danos irreversíveis ao cérebro, podendo levar à morte (50% dos casos) ou à incapacitação física extrema.
Apenas cerca de 15% dos pacientes que sofrem derrame têm uma hemorragia intracerebral.