Pesquisar Neste Blog

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Aparelho consegue medir níveis de glicose em lágrima

Um estudo da Universidade de Michigan, nos EUA, deu um passo importante para livrar diabéticos do ritual incômodo de picar o dedo várias vezes por dia para medir os níveis de glicose no sangue. A alternativa: lágrimas.

Ocorre que, segundo a equipe liderada por Mark Meyerhoff, o fluido das lágrimas --que não aparece apenas quando as pessoas choram, mas está presente com frequência como lubrificante dos olhos-- também reflete o conteúdo de glicose do organismo, podendo ser examinado de forma confiável.

Editoria de Arte/Folhapress 


Em artigo na revista científica "Analytical Chemistry", Meyerhoff e companhia descrevem a criação de um sistema relativamente simples, envolvendo componentes comuns na indústria eletrônica, para medir os níveis de glicose nas lágrimas.

Os testes foram feitos com coelhos, revelando que o sensor dos pesquisadores é capaz de detectar os níveis da molécula de açúcar em amostras de apenas 5 microlitros de fluido lacrimal.

É um volume, de fato, muito pequeno, pouco mais de um milionésimo do encontrado numa garrafa d'água de 1 litro, por exemplo.

SENSIBILIDADE

Esse era justamente um dos problemas para colocar em prática a medição alternativa de glicose: como aumentar a sensibilidade. Fala-se em substituir sangue por lágrimas desde os anos 1950.

A questão é que, quando os cientistas foram comparar o metabolismo do sangue com o das lágrimas, viram que a presença de glicose nessas últimas era muito menor --entre 1/30 e 1/50 da quantidade encontrada na corrente sanguínea.

Também não estava claro se a correlação entre açúcar no sangue e no fluido lacrimal era confiável. Se as flutuações fossem grandes demais, com níveis altos nas lágrimas não necessariamente associados a níveis elevados no sangue, um teste desse tipo seria inútil.

Os pesquisadores de Michigan levaram em conta todas essas dúvidas no teste com 12 coelhos --todos devidamente anestesiados e imobilizados, porque era preciso comparar os exames de sangue com os de lágrimas.

As amostras lacrimais eram recolhidas num tubinho de apenas 0,84 milímetro de diâmetro. O sensor desenvolvido pelos cientistas é mergulhado dentro do fluido.

Para detectar com precisão a quantidade de glicose na amostra, o sensor usa uma enzima (proteína que acelera reações químicas) que degrada o açúcar. A sobra da reação gera um sinal elétrico cuja intensidade diz quanta glicose está presente ali.

Graças a outros componentes do sensor que o ajudam a "ignorar" a presença de outras moléculas das lágrimas, que poderiam ser confundidas com a glicose, o sistema tem bom grau de precisão.

Os dados obtidos com os coelhos também mostraram que há uma correlação forte entre níveis de glicose no sangue e nas lágrimas.

O que acontece é que a correlação muda um pouco de indivíduo para indivíduo. Por isso, talvez seja necessária uma calibragem fazendo um exame inicial de sangue antes de partir para testes com o fluido das lágrimas.

A equipe, agora, pretende melhorar ainda mais a sensibilidade do teste para poder empregá-lo em pessoas.

Einstein realiza primeira cirurgia de ponte de safena por meio de um robô


A distância, cirurgião manipula braços do robô por meio de joysticks - Ernesto Rodrigues/AE
A distância, cirurgião manipula braços do robô por meio de joysticks

Médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, realizaram ontem a primeira cirurgia da América Latina de revascularização do miocárdio - popularmente chamada de "ponte de safena" - totalmente por meio de um robô.
Há pouco mais de um ano, a mesma equipe de cirurgiões fez a primeira troca de válvula cardíaca também totalmente robotizada - cirurgia menos complexa do que a revascularização.
O paciente operado é Alvacir Percival Silveira, de 49 anos, de Joinville (SC). Silveira sofreu um enfarte em novembro e não se recuperou com medicamentos. Passou a apresentar insuficiência coronariana - cansaço aos mínimos esforços - já que estava com uma das artérias quase totalmente comprometida. Por isso, tinha indicação cirúrgica.
A operação - que evitou um corte de 25 cm no peito do paciente - foi comandada "a distância" pelo cirurgião Robinson Poffo, que manipulou os braços do robô em um console longe do paciente, por meio de joysticks.
Também foi acompanhada pelos cirurgiões de apoio Alisson Toschi, Renato Pope e Alex Cellulare - a eles coube a missão de acompanhar o procedimento ao lado do paciente para cuidar da circulação sanguínea, monitorar as imagens e fazer a troca de pinças e fios usados pelo robô.
A cirurgia durou pouco mais de cinco horas e Silveira recebeu uma ponte de mamária - artéria que fica próxima ao coração e que foi ressecada durante o procedimento.
"Primeiro incorporamos o robô para cirurgia de troca de válvula, que é mais simples. Agora subimos mais um degrau e fomos para a revascularização. É um avanço grande", diz Poffo.
Segundo Poffo, uma das vantagens da cirurgia robótica é evitar abrir o peito do paciente, como acontece nas cirurgias tradicionais - o que aumenta o risco de infecções e torna a recuperação bem mais lenta: são dois dias na UTI, dez dias no hospital e até 60 dias para retomar as atividades.
Na cirurgia robótica, são feitas quatro pequenas incisões de 1 cm cada ao lado esquerdo do peito, por onde passam uma microcâmera, afastadores, pinças e outros instrumentos.
Sem o campo aberto, o risco de infecções cai significativamente. Além disso, há menos sangramento e complicações - já que o robô filtra possíveis tremores do cirurgião e as pinças permitem movimentos mais precisos e delicados. O paciente permanece apenas um dia na UTI, fica três dias internados e em dez dias pode retomar as atividades normalmente.
O custo de uma cirurgia robótica é cerca de 30% mais alto do que uma de peito aberto, mas, segundo Poffo, esses gastos acabam sendo minimizados, já que o paciente fica menos tempo em UTI e tem alta mais rápido.
"O custo da incorporação de novas técnicas é alto e o treinamento é longo e complexo, exige muito mais habilidade do cirurgião. Mas com o domínio da técnica, a tendência é reduzir esses valores", avalia Poffo.
Bernardo Tura, coordenador de ensino e pesquisa do Instituto Nacional de Cardiologia, vinculado ao Ministério da Saúde, diz que essa é uma tecnologia que ainda deve demorar para ser usada em saúde pública.
"Os potenciais benefícios da técnica são grandes. Mas isso exige um profissional mais preparado, um aparelho especial. Uma coisa é fazer em casos selecionados, outra é fazer de forma generalizada", pondera.
O cirurgião Januário Manuel de Souza, do Hospital Beneficência Portuguesa, tem a mesma opinião. "É uma técnica espetacular, mas ainda está muito longe de ser usada rotineiramente. Além do preço do robô ser um limitador, isso dependeria de uma equipe muito especializada. Talvez, à medida que ela for sendo feita, mais equipes se especializem e o preço caia", diz.
Hoje a mesma equipe fará mais uma revascularização por meio do robô. Desta vez, será um homem de 73 anos, de Curitiba.

Pessoas saudáveis morrem mais após infarto


Pessoas com fatores de risco para doenças cardíacas, como pressão alta e colesterol elevado, têm mais chance de sobreviver após um ataque do coração do que aquelas completamente saudáveis. Isso é o que revela um novo estudo que acompanhou mais de 500 mil pacientes nos Estados Unidos, publicado no Journal of the American Medical Association.
Segundo os autores, mesmo levando em conta influências como idade e peso, o resultado mostra que, quanto maior o número de fatores de risco, menor a chance de morrer. "Após ajustar dados como idade e outros fatores clínicos, houve uma associação inversa entre o número de fatores de risco para ao coração e mortalidade no hospital", diz o líder do estudo, John Canto.    
Para os pesquisadores, uma possível explicação para a descoberta é que pessoas com problemas conhecidos podem estar recebendo remédios, como estatinas e betabloqueadores, que ajudam a protegê-las após o ataque cardíaco.  Esses pacientes também tendem a visitar o médico com mais frequência.
Também é possível que pacientes sem os tradicionais fatores de risco tenham outros fatores não avaliados, ou problemas no fluxo sanguíneo, por exemplo.
Os dados avaliados vieram de registros de internações entre 1994 e 2006. Do total de pacientes, mais de 85% tinham pelo menos um fator de risco, como pressão alta, colesterol elevado, diabetes ou histórico familiar _ e pessoas com mais de um tinham sofrido ataques do coração mais jovens.
Após levar em conta o fato de que pessoas que não tinham fatores de risco eram frequentemente mais velhas, e ajustar dados como peso, raça e gênero, o estudo descobriu que aqueles que não fumavam, não tinham diabetes, colesterol alto ou histórico familiar tinham 50% mais chance de morrer no hospital do que os demais.
Um em cada sete pacientes com nenhum sinal de alerta morreu. No grupo dos que tinham fatores de risco, a mortalidade foi de um em 28.
Os autores também observaram que pacientes com mais fatores de risco tinham mais probabilidade de tomar medicação nas primeiras 24 horas da internação ou passar por uma cirurgia.
"A população realmente precisa identificar os fatores de risco que podem ser tratados precocemente, e esses tratamentos melhoram o prognóstico", diz Canto. "À medida que a pessoa envelhece, o fato de não ter fatores de risco não significa que ela não precise fazer consultas de rotina", alertam os médicos.