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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Estresse da mãe afeta bebê no útero

De mãe para filho
O estresse de uma mãe pode afetar seu bebê ainda no útero, produzindo efeitos a longo prazo na vida da criança, sugerem pesquisadores alemães.
A equipe da Universidade de Kontanz, na Alemanha, observou que houve alterações biológicas em um receptor de hormônios associados ao estresse em fetos cujas mães estavam sob tensão intensa - por exemplo, por conviverem com um parceiro violento.
As alterações sofridas pelo feto podem fazer com que a própria criança seja menos capaz de lidar com o estresse mais tarde. Essas alterações foram associadas, por exemplo, a problemas de comportamento e doenças mentais.
Estresse extremo
As conclusões, baseadas em um estudo limitado feito com apenas 25 mulheres e seus filhos - hoje com idades entre 10 e 19 anos -, foram publicadas na revista científica Translational Psychiatry.
Os pesquisadores fazem algumas ressalvas: eles explicam que as circunstâncias das mulheres que participaram desse estudo eram excepcionais, e que a maioria das mulheres grávidas não seria exposta a graus tão altos de estresse durante um período tão longo.
A equipe enfatiza também que os resultados não são conclusivos, e que muitos outros fatores, entre eles o ambiente social em que a criança cresceu, podem ter desempenhado um papel nos resultados.
Mas os especialistas alemães suspeitam que o ambiente primordial, ou seja, o do útero, tenha papel crucial.
Resposta hormonal
O estudo envolveu análises dos genes das mães e dos filhos adolescentes para a identificação de padrões pouco comuns.
Alguns dos adolescentes apresentaram alterações em um gene em particular - o receptor de glucocorticoide (GR) - responsável por regular a resposta hormonal do organismo ao estresse.
Esse tipo de alteração genética tende a acontecer quando o bebê está se desenvolvendo, ainda no útero.
A equipe disse acreditar que ela seja provocada pelo estado emocional ruim da mãe durante a gravidez.
Sensibilidade ao estresse
Durante a gravidez, as mães participantes viveram sob ameaça constante de violência por parte de seus maridos ou parceiros.
Entre dez ou vinte anos mais tarde, quando os bebês, já adolescentes, foram avaliados, os especialistas constataram que eles apresentavam alterações genéticas no receptor GR não observadas em outros adolescentes.
A alteração identificada parece tornar o indivíduo mais sensível ao estresse, fazendo com que ele reaja à emoção mais rapidamente, dos pontos de vista mental e hormonal.
Essas pessoas tendem a ser mais impulsivas e podem ter problemas para lidar com suas emoções, explicam os pesquisadores - que fizeram entrevistas detalhadas com os adolescentes.
Sinal de um mundo perigoso
Um dos líderes da equipe da Universidade de Kontanz, Thomas Elbert, disse: "Nos parece que bebês que recebem de suas mães sinais de que estão nascendo em um mundo perigoso respondem mais rápido (ao estresse). Eles têm um limite mais baixo de tolerância ao estresse e parecem ser mais sensíveis a ele".
A equipe planeja agora fazer estudos mais detalhados, acompanhando números maiores de mulheres e crianças para verificar se suas suspeitas serão confirmadas.
Comentando o estudo, o médico Carmine Pariante, especialista em psicologia do estresse do Instituto de Psiquiatria do King's College London, disse que o ambiente social da mãe é de extrema importância para o desenvolvimento do bebê.
Segundo ele, durante a gravidez, o bebê é sensível a esse ambiente de uma forma única, "muito mais, por exemplo, do que após o nascimento. Como temos dito, lidar com o estresse da mãe e com a depressão durante a gravidez é uma estratégia importante, clínica e socialmente".

Suplemento infantil contra alergia não tem benefícios, dizem cientistas

Fórmula anti-alérgica
Uma formulação alimentar destinada para bebês, com pretensos efeitos anti- alergênicos, não tem qualquer vantagem sobre o leite de vaca ou de soja.
A descoberta, publicada na revista científica Journal of Allergy and Clinical Immunology, foi feita pela equipe do Dr. David Hill, da Universidade e Melbourne, na Austrália.
Apesar de já estar presente em algumas recomendações feitas por autoridades de saúde, os cientistas não descobriram benefício no uso da formulação hipoalergênica, feita com soro de leite parcialmente hidrolisado, em comparação com uma formulação tradicional à base de leite de vaca ou de soja.
Hipoalergênicas
A fórmula é anunciada como benéfica para evitar alergias em crianças de alto risco até sete anos de idade.
O estudo, um dos maiores já feitos para testar o efeito das fórmulas infantis hipoalergênicas, envolveu 620 crianças e avaliou se o uso da fórmula diminuiria o risco de alergia mais tarde na vida.
As crianças foram divididas em grupos, que receberam a fórmula hipoalergênica, leite de vaca ou leite de soja após o fim do aleitamento materno.
Foram realizados testes de alergia aos 6, 12 e 24 meses. A seguir, as crianças foram examinadas novamente aos seis ou sete anos de idade.
Amamentação é melhor
O Dr. David Hill e seus colegas afirmam que suas descobertas não apoiam a recomendação de que a fórmula hipoalergênica deva ser utilizada após o aleitamento materno como uma estratégia preventiva para crianças com alto risco de doença alérgica.
"Em nosso estudo de crianças de alto risco, esta fórmula 'hipoalergênica' não mostrou qualquer efeito benéfico quando comparada com a fórmula à base de leite de vaca normal na prevenção do eczema infantil, asma ou febre do feno até sete anos de idade," afirmou.
"Famílias com alto risco de alergia devem continuar a ser encorajadas a amamentar, pelos muitos benefícios conhecidos associados com a amamentação," concluiu.

Células-tronco e células do câncer têm a mesma origem

Oncogenes
Até agora, os cientistas acreditavam que os chamados oncogenes seriam genes que, quando sofrem alguma mutação, alteram as células saudáveis em células tumorais cancerosas.
Mas cientistas da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, acabam de demonstrar que esses "oncogenes" também podem alterar as células normais de uma forma totalmente inusitada: transformando-as em células-tronco.
"A realidade parece ser bem mais complicada do que as pessoas pensam," disse Jiang Zhong, coordenador da pesquisa. "O que é um gene de célula-tronco? O que é um gene de câncer? Eles podem ser a mesma coisa."
A descoberta, além de dar um novo rumo às pesquisas genéticas voltadas para o câncer, abre caminho para uma abordagem mais segura e mais prática para o tratamento de doenças como a esclerose múltipla e do próprio câncer, usando terapias de células-tronco.
Células da pele viram células do cérebro
Zhong e seus colegas conseguiram transformar células da pele humana em células do cérebro, suprimindo a expressão da p53, uma proteína codificada por um oncogene amplamente estudado.
Isto sugere que o que a mutação da p53 faz é ajudar a determinar o destino final das células - bom ou ruim - e não apenas determinar o câncer como resultado final.
"Quando você desativa a p53, as pessoas pensam que a célula torna-se cancerosa, porque nós tendemos a nos concentrar no lado ruim das coisas," disse Zhong, referindo-se aos outros grupos de cientistas que chegaram à conclusão de que a proteína gera células de câncer.
"Na verdade, a célula torna-se mais plástica e pode fazer coisas boas também. Digamos que a célula seja como uma pessoa que perde o emprego (o 'desligamento' da p53). Ela pode se tornar um criminoso ou poderia encontrar outro emprego e ter um impacto positivo na sociedade. O que a empurra em uma direção ou outra nós não sabemos, porque o ambiente é muito complicado," explica o pesquisador.
Endoderma, mesoderma e ectoderma
As células-tronco podem se dividir e se diferenciar em diferentes tipos de células no corpo.
Em humanos, as células-tronco embrionárias se diferenciam em três famílias, ou camadas germinativas, de células. As razões por que e como certas células-tronco se diferenciam em determinadas camadas em particular ainda não são claramente compreendidas.
No entanto, é a partir dessas camadas que os tecidos e órgãos se desenvolvem.
O endoderma, por exemplo, leva à formação do estômago, cólon e pulmão, enquanto o mesoderma forma os tecidos ósseos, o sangue e o coração.
Em seu estudo, a equipe de Zhong examinou as células da pele humana, que estão relacionadas ao cérebro e às células neurais do ectoderma.
Desligando o gene
Quando a p53 foi suprimida, as células da pele se desenvolveram em células que se parecem exatamente iguais às células-tronco embrionárias humanas.
Mas, ao contrário de outras células-tronco sintetizadas pelo homem, que são pluripotentes e podem se transformar em quaisquer outras células no corpo, essas células se diferenciaram apenas em células da sua própria camada germinativa, ou seja, do ectoderma.
"As IPSCs [células-tronco pluripotentes induzidas] podem se transformar em qualquer coisa, o que as torna difíceis de controlar," disse Zhong. "Nossas células estão permanecendo dentro da linhagem do ectoderma."
Ao contrário de uma limitação, isto é na verdade um fator positivo para o uso dessas células, uma vez que os cientistas sabem que ela seguirá um caminho mais restrito, com possibilidade de uma aplicação mais direcionada.