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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nanopartículas de colesterol bom localizam e destroem células de câncer

HDL sintético
Pouco depois de desvendarem a estrutura real do colesterol bom, ou HDL, os cientistas agora descobriram que a molécula pode ser usada para transportar medicamentos contra o câncer.
Nanopartículas de HDL sintético foram carregadas com pequenos fragmentos de RNA interferente, que silenciam genes promotores do câncer.
No experimento, as partículas "desligaram" seletivamente os genes e reduziram ou eliminaram completamente tumores de câncer de ovário em animais de laboratório.
Colesterol contra o câncer
"A interferência de RNA tem grande potencial terapêutico, mas levá-la até as células do câncer vinha sendo problemático," explica o Dr. Anil Sood, da Universidade do Texas.
"A combinação do siRNA com o HDL gerou uma forma eficiente para levar essas moléculas até seus alvos. Este estudo tem várias implicações importantes no combate a vários tipos de cânceres," diz o pesquisador.
Sood desenvolveu as nanopartículas - denominadas carreadores, porque carregam medicamentos - juntamente com seu colega Andras Lacko, que havia descoberto o potencial do HDL como meio de transporte de drogas.
O próximo passo da pesquisa é preparar os testes clínicos em humanos. "Se pudermos destruir 70, 80 ou 90% dos tumores sem acumulação de drogas no tecido normal em animais, muitos pacientes poderão se beneficiar desse novo tipo de tratamento a longo prazo," afirmou Lacko.
Sem efeitos colaterais
A não-acumulação dos medicamentos nos tecidos sadios significa que o paciente terá menos efeitos colaterais, sobretudo os fortes efeitos da quimioterapia.
Isso é possível com a nova técnica porque o receptor do HDL, chamado SR-B1, somente é expresso nas células tumorais e no fígado.
As tentativas anteriores de usar nanopartículas sintéticas para transportar o siRNA esbarraram na toxicidade que essas partículas minúsculas podem representar para o organismo, o que cria uma outra linhagem de efeitos colaterais, eventualmente mais danosos, porque as nanopartículas podem se acumular no organismo.
E, se não tiver uma sustentação para o seu transporte, o RNA de interferência se quebra e é excretado pelo organismo antes de poder agir.
Por sua vez, "o HDL é totalmente biocompatível e representa uma melhoria na segurança em relação aos outros tipos de nanopartículas," afirma Sood.

Criado primeiro padrão brasileiro para peso de bebês

Padrão de peso de bebês
Acaba de ser criado o primeiro padrão de peso ao nascimento de acordo com a idade gestacional, específico para aplicação no Brasil.
Fruto de um trabalho de parceria entre a engenharia e a medicina, a pesquisa analisou cerca de 8 milhões de dados referentes a partos de nascidos vivos.
É o maior estudo desse tipo já realizado no mundo e o primeiro com dados colhidos em todo o Brasil.
O estudo foi desenvolvido por Carlos Pedreira (UFRJ/Coppe) em conjunto com Elaine Sobral da Costa e Sylvia Porto, do (Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira), e Francisco Carlos Pinto, da Universidade Federal Fluminense.
A pesquisa completa será publicada em junho de 2011 nos Anais da Academia Brasileira de Ciências.
Peso para idade gestacional
O principal resultado do trabalho em breve estará disponível para médicos de todo o país: são gráficos e tabelas que ajudarão pediatras e neonatologistas a identificar se uma criança nasceu com o peso adequado para a idade gestacional correspondente.
Essa relação indica se a gravidez foi saudável, possibilita o prognóstico de doenças e agiliza o início do tratamento, sobretudo no caso de bebês prematuros - que em geral nascem abaixo do peso e, por isso, carecem de mais cuidados e atenção.
Confiantes no impacto social de seu trabalho, os pesquisadores esperam que, a partir da publicação do trabalho, e com a colaboração da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Ministério da Saúde, as tabelas e gráficos venham a se tornar a referência nacional para a relação peso por idade gestacional.
Partos prematuros
Segundo o Ministério da Saúde, em média 6,6% dos bebês nascidos vivos são prematuros, por causa de complicações durante a gravidez. No mundo todo, 1.500 mães morrem diariamente pela mesma razão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Até o momento, as tabelas utilizadas pelos médicos para acompanhar o crescimento intrauterino e avaliar o peso do bebê ao nascer se baseiam em curvas de crescimento produzidas em outros países ou, quando muito, numa pesquisa brasileira de 1995, que analisou apenas 4,4 mil casos, todos em Brasília.
Ao trabalhar com os dados de 8 milhões de casos, recolhidos em todo o território nacional, o novo estudo reflete efetivamente a realidade dos nascidos no Brasil.
Tratamento precoce
Segundo a médica Sylvia Porto, a hipertensão arterial materna é o problema mais comum relacionado a partos prematuros, podendo exigir uma intervenção médica - no caso, um parto por cesariana antes do tempo normal de gestação - para não colocar em risco a vida da mãe ou a da criança.
Fatores externos, como fumo e bebida durante a gestação, também contribuem para o nascimento prematuro de crianças.
Os bebês com baixo peso - que é o quadro de todo nascido-vivo prematuramente - são sujeitos a diversas doenças, que podem se iniciar no nascimento e deixar seqüelas futuras, explica a médica.
"Identificar se o peso e o tamanho de um recém-nascido estão dentro da normalidade é importante para prognosticar doenças e iniciar o tratamento o mais cedo possível", diz ela.
Genética brasileira
Padrões desenvolvidos especificamente para uso no Brasil são necessários porque, como explica Sylvia Porto, as pesquisas internacionais ou com poucos casos analisados não refletem com precisão as características genéticas da população brasileira.
Para os padrões norte-americanos, os recém-nascidos brasileiros seriam considerados menores que o tamanho ideal, mas segundo os padrões brasileiros, não.
O estudo tem ainda a vantagem de ser o mais amplo realizado no mundo até agora. Antes disso, o levantamento mais abrangente foi feito nos Estados Unidos na década de 60 e se baseou em dados de cerca de 3 milhões de nascimentos. Os dados relativos aos 8 milhões de nascimentos do levantamento brasileiro, fornecidos pelo SUS, foram referem-se a maternidades de todos os estados brasileiros no período 2003-2005.
Reunir tal volume de dados e transformá-los em informações úteis, excluir possíveis erros e gerar uma curva que represente todo esse processo não é trabalho fácil. Só para formatar os dados foram necessários cerca de seis meses. Programas de análise de dados específicos foram escritos para eliminar erros das informações originais e facilitar as interpretações médicas.
Segundo Carlos Pedreira, da Coppe, os principais problemas encontrados durante esse processo foram erros de dados: "Desenvolvemos programas que filtravam os casos absurdos, como o de crianças nascidas com 16 kg ou com 160 gramas. Neste ponto, os parceiros médicos tiveram papel fundamental para garantir coerência aos resultados", diz ele.

Cientistas querem reduzir morte de bebês recém-nascidos

Neonatos
Um grupo de pesquisadores da Escola de Enfermagem da USP está buscando alternativas para reduzir a mortalidade dos neonatos, bebês de zero a 28 dias de vida.
Os pesquisadores, coordenados pela professora Amélia Fumiko Kimura, estão estudando formas de controlar a dor no pós-operatório, cuidados nos tratamentos que envolvem acessos venosos e no desenvolvimento de modelos de atendimento aos recém-nascidos e suas mães.
"Apesar dos avanços ocorridos na tecnologia de suporte de vida, cerca de 65% das mortes de crianças até um ano de idade ocorrem no período neonatal", atesta a professora.
Cirurgias e injeções
Os estudos desenvolvidos pelo grupo priorizam três focos temáticos.
O primeiro diz respeito ao controle da dor de neonatos no pós-operatório e em outros procedimentos invasivos.
A segunda abordagem se relaciona ao tratamento dispensado pelos profissionais de enfermagem aos recém-nascidos com relação aos acessos venosos. "Há um vácuo de conhecimento no que diz respeito aos tipos de dispositivos intravenosos para administração dos medicamentos, que proporcionam maior segurança e conforto aos neonatos, mas que demandam capacitação dos profissionais para o seu adequado manejo".
O terceiro foco de investigação se refere à avaliação do impacto da implementação de modelos de atendimento ao recém-nascido, como o Hospital Amigo da Criança e o Método Canguru. Esses modelos têm como objetivo, respectivamente, incentivar o aleitamento materno e o estabelecimento de maior contato entre mãe e filho.
Dor nos bebês
A pesquisadora Mariana Bueno estudou a avaliação da dor e intervenções analgésicas farmacológicas e comparou o efeito analgésico da oferta oral de glicose 25% com o leite materno.
O resultado mostrou efeito superior da glicose 25% em relação ao leite materno.
Entretanto, "vale ressaltar que não se deve descartar a oferta desse leite como medida analgésica. Além disso, a administração do líquido associado a outra medida analgésica ainda deverá ser objeto de futuros estudos", afirma a professora Amélia.
A exposição do neonato à dor, em especial os que permanecem internados em unidade de terapia intensiva neonatal por tempo prolongado, tem sido objeto de preocupação dos profissionais de saúde do mundo todo.
Vulnerabilidade
A forma como a população neonatal é tratada repercute em seu desenvolvimento e crescimento.
"Os neonatos são considerados de maior vulnerabilidade entre os humanos e, por isso, estudos sobre eles devem ser ética e clinicamente analisados visando evitar expô-los a quaisquer riscos. Assim, desenvolver pesquisas que envolvam recém-nascidos é uma tarefa desafiante", conclui a professora.
O grupo está estabelecendo projetos em parceira com pesquisadores de outras instituições brasileiras e internacionais para aprimoramento das pesquisas e criação de protocolos para tratamentos dos neonatos.