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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Implante auditivo tem tamanho de um grão de arroz

O aparelho totalmente miniaturizado inclui um microfone e um acelerômetro, para detectar vibrações e convertê-las em sinais eletrônicos. Esses sinais são enviados aos eletrodos na cóclea, e daí para o cérebro.

Implante auditivo interno

Implantes cocleares já restauraram a audição de centenas de milhares de pessoas.

Apesar dos benefícios, eles exigem o uso de um microfone e de um equipamento eletrônico no lado de fora da cabeça, levantando questões de confiabilidade e impedindo que seus portadores pratiquem esportes como a natação.

Agora, engenheiros das universidades de Utah e Ohio (EUA) desenvolveram um protótipo de implante auditivo que pode ser colocado no ouvido médio.

Isso significa "embutir" toda a aparelhagem, tornando virtualmente impossível detectar se uma pessoa possui o implante ou não, eliminando também eventuais estigmas sociais.

Grão de arroz

No estágio atual, o protótipo mede 2,5 milímetros por 6,2 milímetros e pesa 25 miligramas.

Os pesquisadores afirmam ter com meta reduzir o pacote para um cubo de 2 por 2 milímetros até a aprovação de seu uso pelas autoridades de saúde.

O estudo mostrou que o som é transmitido de forma mais eficiente para o microfone implantado internamente se os cirurgiões primeiro removerem a bigorna - um dos três pequenos ossos do ouvido médio.

Recarga noturna

O protótipo já foi testado em corpos humanos, mas o início dos testes em pacientes deverá demorar cerca de três anos.

Nesse período, Darrin Young e seus colegas vão se concentrar na miniaturização adicional do aparelho e na melhoria da captação dos sons agudos mais baixos.

O implante ainda terá uma conexão com o mundo externo: os pacientes precisarão usar um carregador atrás da orelha durante a noite, para recarregar a bateria implantada.

Young disse que cada carga da bateria deverá durar vários dias.
Biomarcadores na saliva evitam estresse oxidativo em atletas 

Com informações da Faperj

Atividade física profissional

Que a prática regular de exercícios físicos faz bem a saúde, todo mundo sabe.

Mas, em excesso, eles aumentam muito a concentração de radicais livres no organismo, podendo causar um estresse oxidativo.

O estresse oxidativo, por sua vez, gera danos às estruturas celulares, com consequente alteração funcional de diversos tecidos e órgãos.

E este é um problema potencial presente no dia-a-dia dos atletas, para os quais a atividade física é também a profissão.

Biomarcadores na saliva

Para tentar detectar esse risco, dosando o treinamento, a professora Verônica Salerno Pinto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está identificando biomarcadores de estresse oxidativo presentes na saliva.

O objetivo de longo prazo é criar um kit para detectar, em tempo real, se as condições de treinamento do atleta estão adequadas.

"Uma das consequências do estresse oxidativo é o comprometimento da capacidade muscular, o que aumenta o risco de lesões. Por isso, um método preciso, rápido e, ainda por cima, não invasivo, pode ser útil para garantir uma combinação ótima entre estímulo e repouso e evitar o que chamamos de overtraining, em português, treinamento exagerado", explica Verônica.

Saliva e sangue

Segunda a pesquisadora, amostras de sangue e de saliva de cerca de 50 atletas de diferentes modalidades, como vôlei de praia e futebol, foram avaliadas durante uma pré-temporada de campeonato e durante o calendário de jogos.

Foi feita uma comparação entre as substâncias que respondem aos efeitos dos exercícios físicos - como a proteína carbonilada - na saliva e no sangue.

"Os componentes que apresentaram a mesma resposta do exame sanguíneo são os nossos potenciais biomarcadores salivares para estresse oxidativo," revela Verônica.

A pesquisadora explica que a partir desses resultados, a próxima fase é criar compostos reagentes para esses biomarcadores.

Kit para atletas

Em um primeiro momento, a equipe pensa em desenvolver um kit parecido com os testes de gravidez vendidos em farmácia: um reagente dentro de um tubo que possa apresentar uma escala de cor após entrar em contato com uma escovinha impregnada com a saliva do atleta.

"Dependendo da tonalidade da reação, o treinador saberá se aquele atleta está respondendo de forma sadia ao esforço ou se ele está começando a entrar em overtraining," exemplifica.

"Não descartamos a possibilidade de, em parceria com uma empresa de eletrônica, aplicarmos os conhecimentos na fabricação de um aparelho para fazer essas análises, tal como os usados para medir a quantidade de açúcar no sangue," disse Verônica.
Médicos não orientam mulheres sobre riscos de ansiolíticos 

Karina Toledo - Agência Fapesp


Pacientes compram medicamento com receita, mas apesar do acompanhamento profissional não recebem orientação sobre os riscos do uso prolongado da droga, o que inclui a dependência.

Sem orientação

A maioria das mulheres que fazem uso indevido de ansiolíticos - também conhecidos como antidepressivos ou psicoativos - compra os medicamentos com receita médica.

Contudo, apesar de serem acompanhadas por um profissional de saúde, não recebem orientação adequada sobre os riscos do uso prolongado desse tipo de droga.

As conclusões estão em um artigo publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Risco de dependência

O estudo qualitativo, coordenado por Ana Regina Noto, entrevistou 33 mulheres entre 18 e 60 anos com o objetivo de compreender os padrões de uso indevido de benzodiazepínicos.

Essa classe de medicamentos - da qual fazem parte o Rivotril, o Dormonid e o Alprazolam - é indicada principalmente para tratar quadros de ansiedade e insônia.

Seu uso por mais de quatro semanas, contudo, não é recomendado pelo risco de desenvolvimento de dependência.

No estudo da Unifesp, foram definidos como uso indevido os casos de pacientes que compraram o medicamento sem prescrição médica ou que consumiram a droga em quantidades ou prazos superiores ao recomendado.

"Levantamentos epidemiológicos têm indicado com frequência o uso abusivo de benzodiazepínicos e decidimos investigar esse fenômeno com mais profundidade. Optamos pelas mulheres porque é a população que esses estudos apontam como a de maior consumo", contou Ana Regina.

Desorientação

Das 33 mulheres entrevistadas, 24 disseram receber acompanhamento médico e 30 afirmaram comprar o medicamento com receita apropriada.

No entanto, apenas cinco entrevistadas souberam mencionar as principais orientações que devem ser dadas sobre o consumo de benzodiazepínicos: não usar em associação com o álcool, não dirigir sob o efeito da droga e o risco de dependência associado ao uso prolongado.

"Os benzodiazepínicos são drogas depressoras do sistema nervoso central e, se consumidas com álcool, esse efeito é potencializado. Isso diminui a coordenação motora e aumenta as chances de a paciente se envolver em vários tipos de acidente. É uma importante causa de queda entre os idosos", afirmou a pesquisadora.

A maioria das entrevistadas afirmou usar a droga por períodos superiores ao recomendado. O tempo mencionado variou entre 50 dias e 37 anos, sendo que a mediana foi de sete anos. Apesar disso, apenas 16 mulheres reconheceram ser dependentes e a maioria afirmou que prefere assumir os riscos do uso crônico para manter os benefícios proporcionados pela droga.

"Alguns estudos sugerem que o uso de benzodiazepínicos ao longo de muitos anos pode trazer prejuízos cognitivos, afetando principalmente a memória. Mas a dependência em si já é um grande problema, pois faz com que a paciente perca sua autonomia e a capacidade de controlar seu próprio comportamento", disse Ana Regina.

Desespero e angústia

No artigo, algumas pacientes relatam sentir desespero e angústia ao perceber que os comprimidos estão acabando e ao pensar que teriam de ficar sem o medicamento. Dizem ainda sentir irritação e dificuldade para dormir quando estão sem a droga.

Segundo Ana Regina, a maioria das pesquisas científicas tem como tema o consumo de drogas ilegais, como crack, cocaína e maconha, mas também é preciso dar atenção ao uso de psicotrópicos vendidos na forma de medicamentos.

"O uso abusivo desse tipo de droga não é tão valorizado na sociedade, mas acontece. Os dependentes existem e não são identificados. Há subnotificação", afirmou.

O relato das pacientes indica também que uma parcela dos médicos tem consciência do uso abusivo e facilita o acesso ao medicamento. "Nós tínhamos uma hipótese de que essas mulheres adquiriam os medicamentos de forma clandestina, mas não foi o observado. A maioria passa por um médico e consegue a receita", disse a pesquisadora.

As pacientes, completou, desenvolvem estratégias ao longo do tempo para garantir o acesso à droga. "Vão mudando de médico ou já procuram um profissional que elas sabem que vai prescrever o medicamento. Elas vão aprendendo a fazer a queixa. Já sabem que com um determinado discurso vão conseguir a receita."

Terapias Alternativas

Quando questionados sobre por que continuam prescrevendo a droga nesses casos, contou a pesquisadora, os médicos afirmam não existir alternativas na rede pública de saúde para lidar com a Ansiedade e a insônia de suas pacientes.

"Seria preciso proporcionar acesso a atividades como ioga, meditação e outras técnicas de relaxamento. Além disso, é necessário conscientizar os médicos para que possam orientar adequadamente as pacientes," conclui.