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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Efeitos rápidos da equoterapia atraem novo público

IARA BIDERMAN DE SÃO PAULO

Os efeitos conhecidos da equoterapia no tratamento de pessoas com deficiências estão atraindo novos adeptos para a técnica. Adultos e crianças que não têm limitações neuromotoras ou cognitivas, mas lidam com outras dificuldades da vida, como estresse, depressão, problemas na escola...

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Mesmo para quem não enfrenta essas dificuldades, a técnica é usada como uma forma de preveni-las e, de quebra, dar um gás a mais para os neurônios.

"Andando a cavalo, a pessoa recebe de cerca de 2.000 novos estímulos cerebrais", afirma a fisioterapeuta Letícia Junqueira, que coordena sessões de equoterapia e equitação lúdica no Jockey Club de São Paulo.

AÇÃO CEREBRAL

O nome equitação lúdica é dado para diferenciar o trabalho feito com pessoas sem deficiência, mas o princípio de ação é o mesmo da equoterapia, tradicionalmente usada para reabilitação.

"Os ajustes corporais da pessoa para se adaptar aos desequilíbrios causados pelo deslocamento do cavalo mandam sinais nervosos pela medula espinhal até o sistema nervoso central. Isso gera a formação de novas células nervosas no cérebro", diz Junqueira.
Isadora Brant/Folhapress
Laura Chiavarelli, 2, pratica equitação lúdica no Jockey Club de São Paulo

A possibilidade de estimular precocemente as habilidades cognitivas de Laura, 2, atraiu sua mãe, a dermatologista e clínica-geral Ana Carolina Chiavarelli, 39.

Apesar de morrer de medo de montar a cavalo, Ana Carolina viu na equoterapia uma forma de evitar que Laura passe pelos mesmos problemas de rendimento escolar que os irmãos mais velhos (de 19 e quatro anos) tiveram.

"Quero que ela seja centrada, tenha atenção. Eu pesquisei a literatura e vi que o movimento do cavalo melhora a coordenação, a linguagem, o raciocínio. Estou apostando nisso para colher frutos quando ela começar a escolarização", diz Ana Carolina.

A cereja do bolo é que todo esse aprendizado é feito num ambiente muito diferente e muito mais prazeroso que uma sala de aula.

No caso de pessoas que precisam de tratamento, é uma vantagem imensa, segundo a psicopedagoga Liana Pires Santos, representante da Associação Nacional de Equoterapia em São Paulo.
"Tirar o paciente do consultório é um motivador e um alívio, tanto para ele quanto para a família", diz ela.

Outra motivação é a rapidez com que surgem os ganhos motores e psicológicos na equoterapia. "Com 12 sessões já fica evidente a melhora postural e de tônus muscular", afirma Santos.
Esses ganhos não se restringem ao aspecto corporal. "Todo ato motor envolve uma transformação psíquica", diz a psicopedagoga.

Aprumar as costas, entre outras coisas, eleva a autoconfiança e faz a pessoa respirar melhor -benefícios importantes nos tratamentos contra o estresse e a depressão, segundo a terapeuta ocupacional Luciane Padovani, do centro de equoterapia Camaster, em Salto, interior de São Paulo.
Editoria de arte/folhapress


CABEÇA ERGUIDA

O alívio veio a cavalo para Neil Anderson de Almeida Saubo, 36. Ele é o único caso conhecido na América Latina de uma doença raríssima de nome complicado (síndrome de Hallervorden-Spatz), que provoca rigidez e perda muscular irreversíveis.
Isadora Brant/Folhapress
Neil Anderson de Almeida, 36, com o apalooza Snoob, em sessão de equoterapia em Santo André, SP

Quando começou a fazer equoterapia, há um ano, ele chegava à sessão semanal todo curvado, queixo no peito, mal conseguindo respirar.

Hoje, Neil aproxima-se com a cabeça erguida para acariciar o cavalo. Ao montar, ele mantém a coluna totalmente ereta.

Sua mãe, Valdete Saubo, 57, conta que foi ele quem pediu para fazer o tratamento, após ver uma reportagem sobre a terapia. Neil cursou até o segundo ano da faculdade de veterinária e tem paixão por três cês: "Corinthians, chocolate e cavalo".

A facilidade de criar vínculo afetivo com um animal ao mesmo tempo tão dócil e tão poderoso é outro facilitador do tratamento, segundo a fisioterapeuta Ariane Rego, do centro de equoterapia Cresa, na Grande São Paulo.
Isadora Brant/Folhapress
Samuel Sirqueira,5, com a fisioterapeuta Vanessa Brugiolo, faz exercícios em centro de equoterapia na Grande São Paulo

Para Samuel, 5, "Foi amor à primeira vista", diz a mãe, Ana Rosa de Sirqueira, 41.

Por causa da paralisia cerebral, o menino não conseguia nem sustentar a cabeça. Começou a fazer uma sessão semanal de equoterapia e, em poucos meses, teve um desenvolvimento "muito rápido, fora do normal", segundo conta a mãe.

Tanto para reabilitação quanto para outras finalidades, a recomendação é fazer uma sessão semanal, com 30 minutos de montaria. O custo é cerca de R$ 500 por mês. Alguns locais têm tratamento gratuito para deficientes (veja no site da Ande-Brasil).

ONDE ENCONTRAR

Ande- Brasil (Associação Nacional de Equoterapia)
www.equoterapia.org.br

Centro de Reabilitação Camaster
www.camasterequoterapia.wordpress.com

Centro de Reabilitação e Equoterapia Santo André
www.equoterapiasantoandre.com.br

Gati Equoterapia
www.lianaequoterapia.com.br

Jockey Club de SP - Letícia Junqueira
equoterapia@jockeysp.com.br
Brasil quer produzir células-tronco
em escala comercial

A Rede Nacional de Terapia Celular pretende desenvolver tecnologia nacional para tratamentos com células-tronco.

Tecnologia celular

O Ministério da Saúde vai investir R$ 15 milhões em terapia celular em 2012.

A maior parte do recurso - R$ 8 milhões - será voltada para concluir a estruturação de oito Centros de Terapia Celular, que ficarão responsáveis pela produção nacional de pesquisas com células-tronco.

Atualmente, grande parte dos insumos utilizados nas pesquisas com células-tronco realizadas no Brasil é importada.

"O objetivo é incentivar a independência tecnológica do País e proporcionar autonomia produtiva e know-how numa das áreas mais inovadoras da saúde", explicou o ministro Alexandre Padilha.

Os outros R$ 7 milhões serão aplicados em editais de pesquisa abertos ainda este ano.

Pesquisas com células-tronco

Com esta ação, o governo quer buscar o uso da medicina regenerativa na recuperação de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), em tratamentos como regeneração do coração, movimento das articulações ou tratamentos da esclerose múltipla - todos "tratamentos" ainda em fase de pesquisa.

A terapia celular ainda não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina brasileiro, e seu uso em pacientes só é permitido no âmbito das pesquisas clínicas.

A exceção é o uso das células-tronco derivadas da medula óssea humana, que já vêm sendo empregadas com sucesso no tratamento de pacientes com doenças hematológicas, como leucemias e anemias.

"O know-how de produção de suas próprias células-tronco, embrionárias e adultas, vai baratear as pesquisas na área e possibilitar a produção em escala para uso comercial", explicou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Carlos Gadelha. "A intenção é tornar esses centros aptos a subsidiar hospitais públicos e privados na recuperação de órgãos de pacientes", afirma o secretário.

Centros de Tecnologia Celular

Os oito Centros de Tecnologia Celular estão localizados em sete municípios do país: três na Universidade de São Paulo na capital paulista (USP), um na USP de Ribeirão Preto, um na Universidade do Rio Grande do Sul, um na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Curitiba, um no Instituto Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro e um no Hospital San Rafael, em Salvador.

Três deles já estão em atividade - o de Curitiba, o de Salvador e o de Ribeirão Preto -, com recursos do Ministério da Saúde. Os outros cinco estão em fase de construção.

O mais avançado é o da PUC-Paraná, que tem pesquisas concluídas, já produz células-tronco adultas e aguarda autorização da Anvisa para ampliar a produção para escala comercial.

Células-tronco para o coração e diabetes

O Centro já deu suporte a cinco pesquisas clínicas envolvendo 80 pacientes cardíacos.

O centro já começou a produzir célula-tronco para uso em cartilagem, os chamados condrócitos, e aguarda liberação do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para realizar pesquisas envolvendo a regeneração de articulações de joelho e do quadril.

A USP Ribeirão Preto está desenvolvendo pesquisas na área de diabetes. No Hospital San Rafael, em Salvador, os estudos são em traumatismo de medula óssea e fígado.