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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Autismo pode ser detectado no cérebro aos seis meses de idade
A nova técnica dá a esperança de que os tratamentos para o autismo sejam iniciados mais cedo, antes que os sintomas comportamentais apareçam.







Diagnóstico do autismo
As mudanças no desenvolvimento do cérebro que estão por trás do transtorno do espectro do autismo podem ser detectáveis em crianças a partir dos 6 meses de idade.
Enquanto os comportamentos básicos associados com o chamado autismo - comunicação social prejudicada e comportamentos repetitivos - tendem a ser identificados após o primeiro aniversário da criança, os cientistas encontraram diferenças claras nas vias de comunicação do cérebro aos seis meses de idade em crianças que receberam mais tarde um diagnóstico definitivo de autismo.
Risco de autismo
O Dr. Joe Piven e seus colegas da Universidade da Carolina do Norte (EUA) estudaram o cérebro e o desenvolvimento do comportamento de 92 crianças.
Essas crianças tinham irmãos mais velhos com o espectro do autismo e, portanto, tinham risco elevado de desenvolver a condição.
"Esses resultados nos dão a esperança de que possamos um dia ser capazes de identificar as crianças com risco de autismo antes que os sintomas comportamentais apareçam," disse a Dra. Geri Dawson, coautora do estudo.
"O objetivo," acrescenta ela, "é intervir o mais cedo possível para prevenir ou reduzir o aparecimento de sintomas incapacitantes."
Uma área promissora para o prosseguimento das pesquisas é a identificação de mecanismos genéticos e biológicos específicos por trás das diferenças observadas no desenvolvimento do cérebro entre crianças autistas e não-autistas.
Massa branca
Os pesquisadores usaram uma tecnologia de ressonância magnética, chamada imagens de tensores de difusão, para avaliar os cérebros de crianças de 6 meses, 1 ano e 2 anos de idade.
Isto permitiu criar imagens tridimensionais que mostram alterações ao longo do tempo na "massa branca" de cada criança.
A massa branca representa a parte do cérebro que é particularmente rica em fibras nervosas que formam as vias principais de informação entre diferentes regiões cerebrais.
Ela é um marcador cerebral que difere em crianças que passam a ser classificados com autismo.
Essas diferenças de desenvolvimento podem sugerir um desenvolvimento mais lento da substância branca durante a primeira infância, quando o cérebro está criando e fortalecendo conexões vitais.

Ansiedades em diante
Você acredita que quase 30% dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo apresentam transtornos mentais?
Fica mais fácil compreender a estatística ao verificar que "transtornos mentais" incluem desde a ansiedade e os transtornos obsessivo-compulsivos até o abuso de substâncias químicas, legais ou não.
O resultado é parte da Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que integra e analisa pesquisas epidemiológicas sobre abuso de substâncias e distúrbios mentais e comportamentais.
O estudo, coordenado globalmente por Ronald Kessler, da Universidade Harvard (Estados Unidos), com participação de cientistas brasileiros, reuniu dados epidemiológicos de 24 países.
A prevalência de transtornos mentais na metrópole paulista foi a mais alta registrada em todas as áreas pesquisadas.
Vulnerabilidade mental
Segundo o estudo, 29,6% dos indivíduos na Região Metropolitana de São Paulo apresentaram transtornos mentais nos 12 meses anteriores à entrevista.
Os transtornos de ansiedade foram os mais comuns, afetando 19,9% dos entrevistados. Em seguida, aparecem transtornos de comportamento (11%), transtornos de controle de impulso (4,3%) e abuso de substâncias (3,6%).
"Dois grupos se mostraram especialmente vulneráveis: as mulheres que vivem em regiões consideradas de alta privação apresentaram grande vulnerabilidade para transtornos de humor, enquanto os homens migrantes que moram nessas regiões precárias mostraram alta vulnerabilidade ao transtorno de ansiedade", disse Laura Helena Andrade, da USP, que participa do trabalho juntamente com Maria Carmen Viana, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
A prevalência dos transtornos mentais, de quase 30%, é a mais alta entre os países pesquisados. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com pouco menos de 25%.
A razão da alta prevalência, de acordo com a pesquisadora, pode ser explicada pelo cruzamento de duas variáveis incluídas no estudo: a alta urbanização e a privação social.
Transtornos mentais graves
Em relação às outras regiões estudadas, a Região Metropolitana de São Paulo também teve a mais alta proporção de casos de transtornos mentais considerados graves (10%), bem acima do estimado em outros 14 países avaliados.
Depois da metrópole paulista, os países com maior porcentagem de casos graves foram os Estados Unidos (5,7%) e Nova Zelândia (4,7%).
A exposição ao crime foi associada aos quatro tipos de transtornos mentais avaliados, segundo Laura.
A alta urbanicidade está associada especialmente ao transtorno de controle e impulso.
A privação social também tem impacto sobre o transtorno de abuso de substâncias e interfere na gravidade das doenças.
"As pessoas que moram em áreas precárias apresentam quadros mais graves e tendência ao abuso de substâncias. As que tiveram mais exposição à vida urbana têm mais transtornos de controle e impulso - em especial o transtorno explosivo intermitente, que é típico de situações de estresse no trânsito, por exemplo", apontou.

Sensor de acidez
Pesquisadores brasileiros desenvolveram um equipamento portátil capaz de medir a acidez no esôfago humano.
Transmitidos a um computador, através de um cabo USB, os dados coletados pelo sensor fornecem um laudo de fácil leitura para diagnóstico de pacientes que sofrem de refluxos ácidos por distúrbios gastrointestinais.
O aparelho, que emprega um material chamado monocristais de antimônio, foi desenvolvido no Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da USP.
pH do esôfago
Segundo o professor José Pedro Andreeta, coordenador da pesquisa, o antimônio é um elemento químico que, ao entrar em contato com um meio ácido, fornece um sinal eletrônico proporcional à acidez deste meio.
"Isso faz com que ele seja o material mais conveniente para ser aplicado como sensor de pH", explica o pesquisador.
Além disso, o antimônio tem duas grandes vantagens: a possibilidade natural de miniaturização, e uma baixa impedância, que é a oposição ao fluxo de transferência de energia.
"A interferência do sensor deve ser desprezível quando queremos determinar o pH de sistemas biológicos, constituídos por soluções de pequeno volume, como é o caso de órgãos do sistema digestivo humano," diz o cientista.
Dominando a técnica de produção destes monocristais em laboratório, foi produzido um sensor para aplicação possível no esôfago humano através de um cateter.
A partir da monitoração, um dispositivo eletrônico se encarrega de produzir laudos médicos que oferecem um diagnóstico de fácil leitura, calculado com base em métodos pré-estabelecidos de cálculo de pH, como as pontuações de DeMeester e de Boix-Ochoa.
Monocristais de antimônio
Trabalhos feitos até agora usavam o antimônio policristalino, que costuma ter baixa estabilidade e resolução fraca.
Os monocristais, por sua vez, são desenvolvidos a partir de processos que evitam a necessidade de cortes e polimentos pós-preparação, o que, além de custar caro, ocasiona defeitos indesejáveis no material.
"Os monocristais foram crescidos em forma de fibras, com dimensões apropriadas para aplicação nos eletrodos, sem prévia manipulação", conta Andreeta.
Este processo está sendo patenteado pela USP em parceria com a Alacer Biomédica, indústria eletrônica que financiou a pesquisa e já manipula a técnica, transformando-a em um produto final acessível e já disponível no mercado.
O que são monocristais?
Andreeta explica a necessidade de desenvolvimento de uma técnica de crescimento dos monocristais de antimônio.
Segundo ele, em um cristal há uma organização sequencial de átomos em uma rede cristalina, razão pela qual é comum encontrar na natureza corpos sólidos cerâmicos que são constituídos de uma infinidade de microcristais, o que mascara as suas propriedades e inviabiliza, muitas vezes, as suas aplicações tecnológicas.
Já um monocristal, por sua vez, é um material sólido, constituído por um único cristal.
Exemplos de monocristais são os diamantes que encontramos na natureza: sua organização atômica é quase perfeita e segue uma rede cristalina pré-estabelecida.
"A preparação de um monocristal em laboratório é normalmente muito mais difícil do que a preparação de um material cerâmico, porque muitos parâmetros devem ser controlados", comenta Andreeta.
É por esta razão que eles raramente são encontrados na natureza e têm um custo tão elevado.

Cientista portuguesa descobre ponto fraco de superbactéria
A Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria oportunista e muitas vezes letal, que infecta doentes fragilizados e é altamente resistente a antibióticos.









Bactéria oportunista
Pseudomonas aeruginosa (ou P. aeruginosa ) é uma bactéria oportunista e muitas vezes letal, que infecta doentes fragilizados e é altamente resistente a antibióticos.
Assim não de surpreender que ela seja uma das causas mais comuns de infecções hospitalares, e uma verdadeira dor de cabeça na saúde pública.
Mas agora um novo estudo realizado pela cientista portuguesa Joana Moscoso, atualmente no Imperial College de Londres, pode ser o primeiro passo para uma nova frente de batalha contra estasuperbactéria.
Estilo de vida das bactérias
Joana e seus colegas conseguiram identificar uma molécula que determina se aP. aeruginosa vai causar infecções agudas ou infecções crônicas.
A descoberta da molécula, chamada di-GMP cíclico, é importante porque cada tipo de infecção está ligado a um estilo de vida diferente do microrganismo - bactérias isoladas, móveis ou em colônias.
Esse estilo de vida bacteriano determina suscetibilidades muito diferentes, seja aos tratamentos, seja às defesas do próprio organismo.
Isto sugere que a manipulação dos níveis de di-GMP cíclico pode ser usada para tornar a bactéria mais vulnerável e servir de base a terapias mais eficazes.
Pseudomonas aeruginosa
Em comparação com outros microrganismos, a P. aeruginosa pode ser extremamente difícil de erradicar devido à sua extraordinária adaptabilidade.
Esta bactéria é capaz de sobreviver em uma grande variedade de ambientes - incluindo a água destilada -, é multirresistente a antibióticos e é capaz de infectar todo tipo de órgãos, tanto em plantas quanto em animais, apesar de ser supostamente um organismo de vida livre.
A sua versatilidade estende-se até ao tipo de infecção.
Em doentes com um sistema imunológico fragilizado - por exemplo, pacientes de AIDS, câncer ou simplesmente muito idosos - onde a bactéria tem menos perigo de ser atacada, normalmente ocorre a infecção aguda, que é provocada por bactérias com um estilo de vida nômade.
A infecção crônica já é uma característica de doentes com fibrose cística, onde o muco pulmonar mais viscoso do que o normal proporciona um ambiente propício ao desenvolvimento de colônias de bactérias sedentárias.
Assim, longe do sistema imunológico funcional do doente, e do alcance dos antibióticos, estas são as infecções de P. aeruginosa mais difíceis de erradicar e aquelas que mais facilmente podem ser fatais.
Esta extraordinária capacidade adaptativa torna urgente encontrar drogas mais efetivas ou estratégicas terapêuticas inovadoras que possam, por exemplo, tornar a bactéria mais vulnerável aos tratamentos já existentes.
Vacinas contra bactérias
No estudo agora publicado, Joana Moscoso e seus colegas investigaram os mecanismos moleculares que ajudam a decidir o estilo de vida que a bactéria assume no corpo humano, e, portanto, o tipo de infecção que poderá causar.
Os cientistas descobriram que, na P. aeruginosa, os níveis da molécula di-GMP cíclico são não só cruciais na determinação do estilo de vida da bactéria, como também regulam o estabelecimento e a virulência da infecção - níveis elevados de di-GMP levam a infecções crônicas, enquanto baixos níveis de di-GMP levam a infecções agudas.
O resultado sugere a possibilidade de terapias com base na manipulação dos níveis de di-GMP cíclico, nomeadamente, para a destruição das colônias infecciosas de alta mortalidade, tornando assim a bactéria mais vulnerável em doentes com fibrose cística.
Mas, também, como Joana Moscoso explica, "sendo o di-GMP cíclico uma molécula exclusivamente presente em bactérias, existem outras implicações em perceber os seus mecanismos de ação, não só em termos terapêuticos para a síntese de novos antibióticos contra esta e outras bactérias, mas também na produção de vacinas que possam proteger os doentes mais suscetíveis, diminuindo o número de infecções hospitalares que, no momento, são um dos grandes problemas dos sistemas de saúde em todo o mundo."