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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Uso de soníferos triplica risco de morte, diz estudo



O consumo de remédios soníferos da classe dos hipnóticos aumenta o risco de morte por qualquer causa em pelo menos três vezes.

A conclusão é de um estudo que acompanhou mais de 10.500 consumidores dessas drogas nos EUA a ser publicado hoje na revista "BMJ Open", da editora do "British Medical Journal".

Entre 2002 e 2007, médicos da clínica de sono Viterbi, na Califórnia, e do Centro de Medicina Preventiva de Jackson Hole, em Wyoming, analisaram dados de pessoas tomando hipnóticos como zolpidem (Stilnox) e zopiclone (Imovane) e também outros sedativos, como barbitúricos e benzodiazepínicos.

Entre esses últimos, são usados como hipnóticos o midazolam (Dormonid) e o flunitrazepam (Rohypnol).

O aumento do risco de morte foi observado até para os pacientes que tomavam as menores doses entre os pacientes acompanhados (menos de 18 pílulas por ano).

Segundo os autores, muitos efeitos dos soníferos podem levar à morte.

Os hipnóticos prejudicam as funções motoras e cognitivas, aumentando o risco de acidentes de carro e de quedas em casa, especialmente no caso de idosos.

De acordo com o psiquiatra Sergio Hototian, do Hospital Sírio-Libanês, os mais velhos são os que costumam tomar soníferos por mais tempo e têm maior resistência a deixar os remédios.

"Com os hipnóticos, o risco de queda aumenta em três ou quatro vezes."

Outro problema comum é a mistura dos remédios com álcool, o que aumenta o risco de pausas prolongadas na respiração durante o sono. "Uma taça de vinho pode ser suficiente para levar a uma overdose", afirma o médico.

O efeito de sonambulismo, observado em alguns pacientes após o uso de remédios como o zolpidem, também está associado a um risco maior de acidentes.

Foi o caso da aposentada R.G.R., 55, que usou o remédio zolpidem por quase dez anos. Ela se queimou enquanto cozinhava, após tomar os comprimidos.

O estudo americano também associou o uso dos hipnóticos com maior risco de desenvolver câncer, 35% maior entre os pacientes que tomavam o maior número de doses por ano.

Para Hototian, há um excesso na prescrição de remédios para dormir. Muitos que precisam tomar os soníferos o fazem de forma errada.

"É preciso saber a causa da insônia. Muitas vezes, a pessoa tem uma depressão que causa falta de sono. É melhor tratar com antidepressivos do que com hipnóticos."

O psiquiatra afirma que muitos dos insones não têm paciência de tentar outros tratamentos que não sejam os soníferos. "Após a aposentadoria, é normal que as pessoas durmam menos à noite, mas elas querem ter um sono como o da época em que trabalhavam. Quando você não dá o remédio, alguns acabam procurando outro médico."
Editoria de arte/Folhapress 


Cientista portuguesa descobre ponto fraco de superbactéria 

Cientista portuguesa descobre ponto fraco de superbactéria
A Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria oportunista e muitas vezes letal, que infecta doentes fragilizados e é altamente resistente a antibióticos.
















Bactéria oportunista
Pseudomonas aeruginosa (ou P. aeruginosa) é uma bactéria oportunista e muitas vezes letal, que infecta doentes fragilizados e é altamente resistente a antibióticos.
Assim não de surpreender que ela seja uma das causas mais comuns de infecções hospitalares, e uma verdadeira dor de cabeça na saúde pública.
Mas agora um novo estudo realizado pela cientista portuguesa Joana Moscoso, atualmente no Imperial College de Londres, pode ser o primeiro passo para uma nova frente de batalha contra esta superbactéria.
Estilo de vida das bactérias
Joana e seus colegas conseguiram identificar uma molécula que determina se a P. aeruginosa vai causar infecções agudas ou infecções crônicas.
A descoberta da molécula, chamada di-GMP cíclico, é importante porque cada tipo de infecção está ligado a um estilo de vida diferente do microrganismo - bactérias isoladas, móveis ou em colônias.
Esse estilo de vida bacteriano determina suscetibilidades muito diferentes, seja aos tratamentos, seja às defesas do próprio organismo.
Isto sugere que a manipulação dos níveis de di-GMP cíclico pode ser usada para tornar a bactéria mais vulnerável e servir de base a terapias mais eficazes.
Pseudomonas aeruginosa
Em comparação com outros microrganismos, a P. aeruginosa pode ser extremamente difícil de erradicar devido à sua extraordinária adaptabilidade.
Esta bactéria é capaz de sobreviver em uma grande variedade de ambientes - incluindo a água destilada -, é multirresistente a antibióticos e é capaz de infectar todo tipo de órgãos, tanto em plantas quanto em animais, apesar de ser supostamente um organismo de vida livre.
A sua versatilidade estende-se até ao tipo de infecção.
Em doentes com um sistema imunológico fragilizado - por exemplo, pacientes de AIDS, câncer ou simplesmente muito idosos - onde a bactéria tem menos perigo de ser atacada, normalmente ocorre a infecção aguda, que é provocada por bactérias com um estilo de vida nômade.
A infecção crônica já é uma característica de doentes com fibrose cística, onde o muco pulmonar mais viscoso do que o normal proporciona um ambiente propício ao desenvolvimento de colônias de bactérias sedentárias.
Assim, longe do sistema imunológico funcional do doente, e do alcance dos antibióticos, estas são as infecções de P. aeruginosa mais difíceis de erradicar e aquelas que mais facilmente podem ser fatais.
Esta extraordinária capacidade adaptativa torna urgente encontrar drogas mais efetivas ou estratégicas terapêuticas inovadoras que possam, por exemplo, tornar a bactéria mais vulnerável aos tratamentos já existentes.
Vacinas contra bactérias
No estudo agora publicado, Joana Moscoso e seus colegas investigaram os mecanismos moleculares que ajudam a decidir o estilo de vida que a bactéria assume no corpo humano, e, portanto, o tipo de infecção que poderá causar.
Os cientistas descobriram que, na P. aeruginosa, os níveis da molécula di-GMP cíclico são não só cruciais na determinação do estilo de vida da bactéria, como também regulam o estabelecimento e a virulência da infecção - níveis elevados de di-GMP levam a infecções crônicas, enquanto baixos níveis de di-GMP levam a infecções agudas.
O resultado sugere a possibilidade de terapias com base na manipulação dos níveis de di-GMP cíclico, nomeadamente, para a destruição das colônias infecciosas de alta mortalidade, tornando assim a bactéria mais vulnerável em doentes com fibrose cística.
Mas, também, como Joana Moscoso explica, "sendo o di-GMP cíclico uma molécula exclusivamente presente em bactérias, existem outras implicações em perceber os seus mecanismos de ação, não só em termos terapêuticos para a síntese de novos antibióticos contra esta e outras bactérias, mas também na produção de vacinas que possam proteger os doentes mais suscetíveis, diminuindo o número de infecções hospitalares que, no momento, são um dos grandes problemas dos sistemas de saúde em todo o mundo."

Ácido sulfídrico
Cientistas japoneses descobriram que o composto químico responsável pela halitose- também conhecida como mau hálito - é ideal para a colheita de células-tronco retiradas da polpa dental humana.
Eles demonstraram que o ácido sulfídrico (H2S) aumenta a capacidade das células-tronco adultas de se diferenciar em células hepáticas - do fígado.
Esta é a primeira vez que células do fígado foram produzidos a partir de polpa dentária humana e, de forma bastante impressionante, foram sido produzidas em quantidade e com elevada pureza.
Terapia de célula-tronco sem câncer
O feito melhora os prognósticos do uso das células-tronco adultas em futuras terapias do fígado.
"A alta pureza [obtida] significa que há menos 'células erradas' que estão se diferenciando em outros tecidos ou permanecendo como células-tronco. Além disso, isto sugere que os pacientes submetidos a transplantes com as células hepáticas [resultantes] poderão ter quase nenhuma possibilidade de desenvolvimento de teratomas ou cânceres, como pode ocorrer quando se usa células-tronco da medula óssea," disse o principal autor do estudo, Dr. Ken Yaegaki.
O Dr. Ken Yaegaki e seu grupo usaram células-tronco retiradas da polpa dentária - a parte central do dente, composta de tecido conjuntivo e células - obtida de dentes de pacientes submetidos a extrações dentárias de rotina.
Gás do mau hálito
Depois de adequadamente preparadas, as células-tronco foram separadas em dois lotes (um de teste e um de controle), e as células de teste foram incubadas em uma câmara contendo o "gás do mau hálito" (H2S).
Elas foram colhidas e analisadas após 3, 6 e 9 dias, para ver se as células haviam realmente se transformado em células do fígado.
Para testar se as células se diferenciavam sob a influência do H2S, os pesquisadores realizaram uma série de testes: além observações físicas sob o microscópio, eles analisaram a capacidade das células para armazenar glicogênio e, em seguida, registraram a quantidade de ureia contida na célula.
"Até agora, ninguém havia produzido um protocolo para regenerar um número tão grande de células hepáticas para o transplante humano. Em comparação com o método tradicional de usar soro fetal bovino para produzir as células, nosso método é produtivo e, mais importante, seguro," concluiu o Dr. Yaegaki.