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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Brasil testa 1º coração artificial nacional

GIULIANA MIRANDA DE SÃO PAULO

O primeiro coração artificial totalmente desenvolvido no Brasil começará a bater em breve no peito de alguém. O hospital estadual Dante Pazzanese, que desenvolve o projeto, acaba de receber autorização para iniciar os testes em humanos.

O novo dispositivo aumenta as chances de que pessoas em estado gravíssimo, que já não respondem bem à medicação, possam resistir até que apareça um doador compatível para transplante. Cerca de 50% dos pacientes graves morrem na fila de espera para a cirurgia.

"A funcionalidade dos corações artificiais já é consagrada. Mas, no Brasil, os preços são proibitivos", explica Aron José Pazin de Andrade, responsável pelo Centro de Bioengenharia do hospital e idealizador do dispositivo.

O custo por paciente, no caso dos aparelhos mais comuns do mercado, fica hoje em torno de US$ 500 mil. O coração brasileiro custaria cerca de 15% desse valor, entre R$ 60 mil e R$ 100 mil.

Essa primeira etapa testará a segurança do dispositivo. O projeto começou em 1998, no doutorado de Andrade. O aparelho tem bons resultados em testes com animais desde 2004.

COMO FUNCIONA

O coração artificial brasileiro é um dispositivo auxiliar, a ser acoplado ao órgão natural, que continuará batendo. O ventrículo direito bombeia o sangue até o pulmão para oxigená-lo. O ventrículo esquerdo leva o sangue para a aorta, que o conduz para o resto do corpo.

"Uma vantagem de o coração natural ser preservado é que, em caso de algum problema na máquina, o paciente continua com o sangue fluindo. Sem contar que, ao manter o órgão, é mais simples controlar a pressão arterial", explica Andrade.
Editoria de Arte/Folhapress
CIRURGIA SIMPLES

A cirurgia para a implantação do aparelho, que pesa 700 g, é considerada simples.

"Mas há todo um sistema complexo de pessoal e exames especializados por trás", diz Jarbas Dinkhuysen, chefe do setor de transplante do Dante Pazzanese.

Para evitar a formação de coágulos, um dos principais problemas após implantes desse tipo, os pacientes vão tomar anticoagulantes.

O coração artificial é contraindicado para quem sofreu embolia pulmonar nos 30 dias antes da cirurgia, passou por entubação prolongada ou tem insuficiência renal.

Por questões de segurança e para agilizar a correção no caso de eventuais falhas, os dispositivos ficarão fora do corpo nessa primeira etapa do projeto. Nos testes com animais, o coração artificial implantado dentro do corpo funcionou bem.

Os pacientes também precisarão ficar no hospital.

Nessa fase, cinco pessoas, ainda não selecionadas, receberão o coração artificial. Após a análise dos resultados, deverá ser iniciada uma nova fase, com mais cinco pacientes, alguns deles do HCor (Hospital do Coração), que colabora com o projeto.

Os escolhidos serão pessoas em estado grave, com necessidade de transplante iminente. Após receberem o dispositivo, elas passarão a ter prioridade na fila de transplantes, que hoje tem 88 pessoas no Estado.

A equipe responsável avaliou a possibilidade e diz que, no futuro, o dispositivo poderá ser usado como forma auxiliar também em pacientes menos graves, até como forma de evitar o transplante.

Muitas vezes, apenas ao "aliviar" o trabalho do coração, o aparelho leva a uma melhora significativa do órgão natural.
Metade dos casos de dor de cabeça
está ligada à mandíbula

MARIANA VERSOLATO SABINE RIGHETTI DE SÃO PAULO

A dor é na cabeça, mas a causa pode estar na boca, ou melhor, na mandíbula. Especialistas estimam que 50% das cefaleias estejam ligadas a distúrbios da ATM (articulação temporomandibular).

Esses problemas podem causar dores de cabeça, às vezes confundidas com enxaqueca. E o caminho até o diagnóstico pode ser longo.

Segundo o dentista Paulo Conti, do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP de Bauru, poucas pessoas associam a dor de cabeça à mandíbula.

Mesmo assim, um terço da população tem pelo menos um dos sintomas do distúrbio, como dor, estalo ou dificuldade para abrir a boca.

"Muitas vezes nem os médicos fazem essa associação. O paciente chega ao consultório do neurologista com dor e ele não imagina que o problema possa estar na ATM."

Ele preside a SBDOF (Sociedade Brasileira de Disfunções Temporomandibulares e Dor Orofacial), criada por ele há alguns meses para dar orientações sobre a ATM.

De acordo com o dentista Rodrigo Bueno, consultor científico da ABO (Associação Brasileira de Odontologia), a diferença entre a dor de cabeça da ATM e a da enxaqueca está na localização.

"A dor causada pelos distúrbios da ATM está mais na região lateral. E é tão aguda que a pessoa fica em dúvida se o incômodo é na cabeça, no ouvido ou nos dois."

Foi graças à dor de ouvido que a professora Marisa Rogati, 56, de São Paulo, descobriu, há dois anos, a causa de sua dor de cabeça, com a qual conviveu por quase 20 anos.

O otorrino disse que poderia ser algo relacionado à ATM, e a ortodontista confirmou a suspeita. "Nunca imaginei que a dor pudesse ter algo a ver com os dentes."

Desde os 35 anos, ela acordava com fortes dores de cabeça. "Achava que era o travesseiro. Saía um modelo novo e eu comprava." Como tratamento, usou aparelho ortodôntico por cerca de um ano.
Editoria de arte/Folhapress

DOSE DUPLA

Segundo a ortodontista Leda Losso, os problemas de ATM podem vir junto com a enxaqueca. "Mas solucionar os distúrbios da ATM já faz com que a pessoa lide melhor com a enxaqueca."

É o caso de Julieta Anazetti, 58, que tem enxaqueca desde criança, assim como outros membros da família.

"Depois dos 38 anos, as crises ficaram mais fortes e aconteciam de madrugada."

Julieta travava a boca ao ficar tensa, o que desencadeou os distúrbios da ATM. Hoje, usa uma placa no céu da boca que a impede de pressionar os dentes. O tratamento acabou com as dores na ATM e melhorou a enxaqueca.

"Em 20 anos fiz muitas tomografias e ressonâncias magnéticas e tomei remédios. Fui a vários médicos, que nunca suspeitaram da ATM."

Para quem convive com fortes dores de cabeça, o ideal, segundo Losso, é consultar também um ortodontista.
Você sabe o que é termoterapia?
Com informações do IFSC
Falar em termoterapia, hoje, inclui falar sobre aparelhos muito sofisticados e, sobretudo, em tratamentos térmicos sem dor.
Calor sem dor

A termoterapia é a cura de lesões através de aquecimento ou resfriamento do corpo.

Existem relatos do uso da técnica desde a Roma e a Grécia antigas.

Mas, como qualquer tipo de tratamento que tem sua origem datada de muitos anos, a evolução é uma consequência natural e necessária.

Assim, falar em termoterapia, hoje, inclui falar sobre aparelhos muito sofisticados e, sobretudo, em tratamentos térmicos sem dor.

Os modelos mais modernos utilizam-se de laser para o tratamento termoterápico e são capazes de curar, até mesmo, tumores superficiais.

Termoterapia a laser

A termoterapia a laser, que ganhou corpo a partir da década de 1990, utiliza a radiação emitida por um raio-laser para fazer uma interação com os tecidos do corpo.

O contato é direto: a fibra óptica, que também passou a fazer parte do dia-a-dia dos pesquisadores, serve de intermediário entre a radiação e o tecido humano, sendo o local por onde passa a radiação.

Mesmo que o tratamento já tenha evoluído expressivamente, a busca por sua eficiência prossegue, através do aprimoramento de seus componentes ou do desenvolvimento de novos materiais.

Pontas cristalinas micrométricas

Exemplo disso é a pesquisa desenvolvida Sérgio Marcondes do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Juntamente com Antonio Carlos Hernandes e Marcello Andreeta, Sérgio produziu pontas cristalinas micrométricas para serem utilizadas na termoterapia pontual a quente, feita com raio laser.

Pontas de dimensões milimétricas e sub-milimétricas já existem e são utilizadas inclusive para outros tipos de termoterapia a quente.

No entanto, elas são feitas de metais ou carbono, e apresentam algumas desvantagens. No caso das pontas feitas de metal, elas podem ser facilmente danificadas e quimicamente corroídas. No caso do carbono, o material pode reagir com a atmosfera e esgotar-se no ar ou tornar-se frágil.
Estrutura cristalina da ponta cerâmica para termoterapia, que os pesquisadores brasileiros fabricaram usando alumínio e terras raras.
Ponta de terras raras

No caso da termoterapia a quente com laser, cristais podem substituir esses materiais nas pontas, apresentando inúmeras vantagens.

Sérgio inovou criando pontas a partir de dois componentes químicos diferentes - alumina (Al2O3) e óxido de neodímio (Nd2O3), que abrem um leque maior de possibilidades e, consequentemente, trazem mais eficiência ao sistema.

"Se eu fabrico um material eutético [duas fases cristalinas, obtidas a partir de uma fase líquida], de alumina e zircônia, por exemplo, o primeiro possui [melhores] propriedades ópticas e o segundo [melhores] propriedades mecânicas. Assim, essas diferentes propriedades ampliam as aplicações.

"No caso de nossa pesquisa, as pontas cristalinas produzidas são mais maleáveis e geram calor devido à ação da radiação do laser de maneira mais eficiente, aproveitando-se das propriedades da alumina e do neodímio," explica o pesquisador.

A alumina é um óxido de alumínio, enquanto o neodímio é um metal da família das terras raras, muito comum em aplicações de alta tecnologia.

Cada ponta tem entre 300 e 600 micrômetros de diâmetro - 1 micrômetro equivale a um milímetro dividido em 1.000 partes.

Teste em clara de ovos

Com o protótipo construído, os pesquisadores estão agora começando os testes do novo equipamento médico, o que está sendo feito em claras de ovos.

"O uso da clara de ovo facilita a visualização do campo de aquecimento produzido por cada ponta e sua relação com a potência do laser usado para acoplar com a fibra. Esse procedimento experimental é rápido, simples e permite definir qualitativamente o efeito de cada ponta cristalina", afirma Hernandes.

Por ser um produto que permitirá realizar tratamentos em termoterapia a laser de abrangência pontual, mas precisa, os pesquisadores ainda não conseguem delimitar as suas aplicações, ressaltando que microcauterizações podem ser a principal função para qual irão servir as pontas, além do tratamento de pequenos tumores.

"Ainda não sabemos todas as potencialidades de uso ponta cristalina e estamos entrando em contato com profissionais da área de saúde para avaliar esse potencial", frisa Hernandes.

Tratamento térmico indolor

Os primeiros resultados são promissores: "Essas pontas, por possuírem efeito térmico indireto, em tese, podem evitar efeitos secundários em pacientes. Por exemplo, em um sistema de aquecimento por radiofrequência é muito mais difícil controlar a região aquecida, podendo atingir tecidos vizinhos", explica Andreeta.

Com esse dispositivo em mãos, um médico, conhecendo a potência do laser, poderá controlar a temperatura que sai da ponta de cristal e interage com a pele, por exemplo.

Depois da realização de testes em humanos, a pesquisa deverá criar tratamentos mais eficazes e indolores, provando que, não só as biológicas, mas também as ciências exatas trabalham em prol de tratamentos de saúde mais eficientes e com uma forte preocupação: o conforto do paciente.
Antioxidante interrompe progressão de Alzheimer

Novas fronteiras

Ainda não existem tratamentos efetivos contra o Mal de Alzheimer, que está subindo rapidamente nas listas de causas de mortalidade em todo o mundo.

Enquanto a maior parte das pesquisas se concentra nesta única área, os cientistas já admitem que as proteínas beta-amiloides podem ser uma consequência, e não a causa do Alzheimer.

Assim, para tentar encontrar uma nova teoria sobre a doença de Alzheimer, eles estão agora voltando sua atenção para outros fatores.

E uma destas tentativas acaba de dar resultados promissores.

Ferro e Alzheimer

Os novos dados indicam que a forma como o corpo lida com o ferro e com outros metais, como o cobre e o zinco, começa a se alterar anos antes do surgimento dos primeiros sintomas de Alzheimer.

Reduzindo o nível de ferro circulando no plasma sanguíneo, os cientistas conseguiram proteger o cérebro de animais de laboratório contra as alterações induzidas pelo Alzheimer no cérebro.

Mais especificamente, manipulando os níveis de ferro no sangue, a equipe conseguiu inibir o processo de acúmulo das proteínas beta-amiloide, que até agora eram consideradas a causa da doença.

Parece que o ferro vai para os lugares errados no cérebro com Alzheimer - ele se acumula em altos níveis no núcleo das placas de beta-amiloide, onde se torna muito reativo.

Quelante

No experimento, um modelo de Alzheimer foi criado em coelhos, com o desenvolvimento de placas de beta-amiloide e modificações na proteína tau, que é parte do esqueleto dos neurônios.

Quando se torna fortemente fosforilada, essa proteína diminui a capacidade dos neurônios em conduzir sinais elétricos.

A equipe do Dr. Othman Ghribi, da Universidade de Dakota do Norte (EUA), então tratou os animais com uma droga chamada deferiprona, um quelante de ferro - um composto que força o ferro a ser capturado por outras moléculas.

A droga diminuiu os níveis de ferro circulante no plasma sanguíneo, trazendo de volta a beta-amiloide e a tau fosforilada no cérebro dos animais aos seus níveis normais.