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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Tecido artificial induz cicatrização natural da pele

Tecido artificial induz cicatrização natural da pele
No alto à esquerda, o implante dermal nanotecnológico. As outras figuras mostram esquemas dos microcanais que dirigem a formação do novo tecido e sua revascularização.
Modelos dérmicos
As vítimas de queimaduras de terceiro grau e outras lesões traumáticas precisam suportar a dor, a deformação e se sujeitar a cirurgias invasivas e a um longo tempo de espera até que sua pele volte a crescer.
Pesquisadores da Universidade de Cornell (EUA) desenvolveram agora um novo enxerto de tecido que induz o crescimento vascular, fazendo com que uma nova pele saudável avance sobre a área ferida, reduzindo a necessidade de cirurgias.
A pesquisa usou uma combinação denanotecnologia e engenharia biomolecular para criar os chamados modelos dérmicos, um enxerto ativo que induz o crescimento dos tecidos naturais.
Biomaterial
Os biomateriais são compostos de suportes de tecido com o tamanho aproximado de uma moeda de dez centavos, e com a consistência do tofu.
Eles são feitos de um material chamado de colágeno tipo 1, um biomaterial autorizado pelas autoridades de saúde e utilizado frequentemente em cirurgias e outras aplicações biomédicas.
Usando ferramentas de nanotecnologia, os pesquisadores criaram redes de microcanais no material. Esses microcanais promovem o crescimento e dirigem o tecido saudável para o local do ferimento, além de guiar o processo de revascularização do tecido.
Revascularização
"O desafio era como para promover o crescimento vascular e manter vivo e saudável esse novo tecido, conforme ele se torna parte integrante do tecido normal do paciente," explica o Dr. Abraham Stroock, coordenador da pesquisa.
Os enxertos induzem o crescimento de um sistema vascular - a rede de vasos que transportam o sangue e circulam os fluidos através do corpo - para a área do ferimento, fornecendo um modelo para o crescimento de ambos: o tecido (a derme, a camada mais profunda da pele), e os vasos.
Uma das principais conclusões do estudo é que o processo de cicatrização é fortemente dependente da geometria dos microcanais dentro do colágeno.
Com o desenho adequado dos microcanais, o tecido saudável e os vasos podem ser guiados para crescerem em direção ao ferimento de uma forma organizada e rápida.
Curativo cicatrizante
Os cientistas querem agora melhorar seus enxertos de tecidos reforçando-os com malhas de polímero.
Desta forma, eles poderão ser aplicados como curativos, atuando também como uma proteção dos ferimentos e facilitando sua aplicação.
O colágeno tipo I é biocompatível e não contém células vivas, reduzindo as preocupações sobre reações do sistema imunológico e a rejeição do modelo.

Doença cardiovascular pode ser detectada durante o sono

Doença cardiovascular pode ser detectada durante o sono
A técnica simples pode identificar um aumento no risco de doenças cardiovasculares, detectando precocemente um problema que pode ser fulminante e fatal.
Oxímetro de dedo
Pesquisadores suecos desenvolveram um novo tipo de oxímetro - um aparelho que mede a quantidade de oxigênio no sangue - capaz de detectar alterações no funcionamento do coração e do sistema circulatório.
O melhor é que o aparelho é usado como uma espécie de anel em um dedo e faz o seu trabalho durante o sono.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Gotemburgo, essa técnica simples pode identificar um aumento no risco de doenças cardiovasculares, detectando precocemente um problema que pode ser fulminante e fatal.
Um estudo piloto com 148 pessoas mostrou que mais de 80% dos pacientes de alto risco foram identificados por esta técnica de medição simples e sem riscos.
Sinais do coração
No estudo, os pesquisadores usaram uma versão modificada do oxímetro de pulso, atualmente utilizado para detectar diversos distúrbios do sono durante a noite, tais como a apneia.
O método é baseado na medição de cinco componentes do sinal detectado no dedo: a atenuação da onda de pulso, a aceleração da frequência cardíaca, o tempo de propagação do pulso, oscilações da pulsação relacionadas à respiração e a dessaturação de oxigênio.
"Nós então ponderamos estes componentes em um modelo para avaliar o risco que o paciente corre de sofrer uma doença cardiovascular," afirma Ludger Grote, coordenador da pesquisa. "Os valores medidos de cada paciente refletem o risco, no mínimo, de forma equivalente à avaliação desses riscos no consultório."
A técnica pode resultar na identificação mais rápida e mais fácil dos pacientes com risco elevado de doença cardiovascular, ou eventuais agravamentos de seu estado de saúde.
Monitoramento cardíaco
Os pesquisadores afirmam que o aparelho poderá ser usado também para monitorar os efeitos dos tratamentos para as doenças do coração, tais como perda de peso e exercícios, que podem ajudar a evitar problemas cardíacos.
A equipe está agora desenvolvendo protótipos para um dispositivo totalmente portátil, que possa ser usada clinicamente.
Porém, antes que o novo aparelho possa entrar em uso, estudos maiores serão necessários para confirmar os resultados iniciais - Grote afirmou que a equipe já começou este processo.

Proteína funciona como agente duplo nas infecções gastrointestinais

Proteína funciona como agente duplo nas infecções gastrointestinais
Artigo publicado na Nature com participação de pesquisador brasileiro revela a dupla função da molécula BID em doenças do trato gastrointestinal.

Inflamações gastrointestinais
Um estudo publicado na revista Nature pode ser o ponto de partida para a cura de doenças inflamatórias do trato gastrointestinal, como a colite ulcerativa e a doença de Crohn.
O artigo, que tem como segundo autor um pesquisador brasileiro, descreve o duplo papel da proteína BID, capaz de modular eventos a favor e contra a apoptose (morte celular programada).
"No processo de morte celular, a molécula BID é clivada pela enzima caspase-8, a qual ativa a ação pró-apoptótica de BID, levando a danos na mitocôndria que culminam no encolhimento celular e condensação da cromativa, eventos que caracterizam a apoptose", disse Ricardo Corrêa, pesquisador do Instituto de Pesquisas Médicas Sanford-Burnham.
Resposta imunológica
No entanto, o que este novo trabalho demonstra é que, ao interagir com as proteínas NOD1 e NOD2 (Nucleotide-binding Oligomerization Domain-containing, na sigla em inglês), a BID mostra um comportamento de regulação da resposta imunológica, de modo a permitir a sobrevida celular.
"Trata-se de um modulador que participa simultaneamente de mais de um evento celular. Apoptose, resposta imune e inflamação são eventos que, a princípio, pensávamos não ter relação alguma entre eles, mas observamos que estão intimamente interligados", disse.
Trato gastrointestinal
O corpo humano é composto por diversos tipos de moléculas cuja concentração é maior na porção abdominal do trato gastrointestinal, entre elas as proteínas NOD1 e NOD2.
Essa região é suscetível a doenças inflamatórias crônicas, como a colite ulcerativa e a doença de Crohn. Segundo Corrêa, os NODs desempenham um papel importante na resposta imunológica, pois estimulam a síntese de citocinas pela ativação da via de sinalização NF-kapaB, auxiliando na destruição do patógeno invasor.
"Ao penetrar nas células saudáveis do corpo, as bactérias - gram-positivas e negativas - dão início a um processo infeccioso. E, para fazer com que as células sobrevivam à infecção, as NODs 1 e 2 iniciam um contra-ataque, ativando uma cascata de sinais para a produção de citocinas e, assim, proteger as células", explicou.
Doenças inflamatórias no intestino
O novo estudo de Corrêa, realizado em parceria com cientistas da Universidade McGill, no Canadá, teve como proposta inicial identificar genes potenciais para modular a ativação de NOD1, cuja produção está associada a algumas doenças inflamatórias no intestino.
No processo de identificação, o grupo utilizou dados de uma biblioteca de RNAi (RNA de interferência) com mais de 7 mil genes humanos. Desse total, foram realizadas triagens e análises dos dados até chegar a BID, uma proteína pertencente à família BCL2. Ao manipular a expressão de BID in vitro, os cientistas observaram que essa proteína endógena também é essencial para manter a via de NOD1 e NOD2 ativa.
"Observamos que, ao excluir BID do processo de modulação, a atividade dos NODs é afetada, pois sua ação é inibida", destacou o cientista brasileiro.
Grau de infecção
Os pesquisadores, no entanto, verificaram que, dependendo do grau da infecção, a ativação dessas enzimas também pode ter um papel indesejado sobre as células.
"Em infecções graves, a produção de citocinas acaba se prolongando por muito mais tempo. Esse excesso de substâncias de proteção pode causar efeitos pró-inflamatórios crônicos e provocar a morte celular", disse.
Para promover a melhora desejada nos portadores de doenças inflamatórias do trato gastrointestinal, os pesquisadores buscam agora entender o mecanismo de ação de BID sobre a via de NOD1 e NOD2.
De acordo com Corrêa, o grupo espera agora produzir BID in vitro e, por meio da biologia estrutural, localizar os sítios de interação que formam o complexo entre os NODs e a proteína.

Identificada molécula que espalha forma mais agressiva do câncer de mama

Mulheres mais novas
Cientistas australianos do Instituto de Pesquisa Médica Garvan, em Sydney, conseguiram identificar uma molécula responsável por fazer com que o câncer de mama do tipo basal, um dos mais agressivos, cresça e se espalhe pelo organismo.
A descoberta, que foi divulgada na publicação científica internacional Cancer Research, pode ajudar a desenvolver medicamentos capazes de diminuir o tumor, facilitando o tratamento da doença.
"Ele (o câncer de mama basal) tende a afetar mulheres mais novas, e o resultado para estas pacientes é frequentemente ruim", disse a patologista e química Sandra O´Toole, uma das responsáveis pelo estudo.
O pesquisador Alex Swarbrick diz que encontrar um medicamento para este tipo de câncer é uma prioridade.
Câncer de mama basal
O tumor do tipo basal tem células que se assemelham às células musculares normais da mama. E, segundo Swarbrick, não pode ser tratado com os mesmos medicamentos utilizados em outros casos de câncer de mama.
"O câncer do tipo basal é chamado de `Doença triplo negativa´ porque não produz receptores dos hormônios femininos estrogênio e progesterona nem da proteína HER2, que são atingidos pelas drogas Tamoxifen e Herceptin, usadas com muita eficácia no tratamento de alguns cânceres de mama", explica.
Molécula porco-espinho
As células do câncer, segundo o estudo, criam as condições para sua própria sobrevivência comunicando suas necessidades para as células saudáveis que as rodeiam.
A molécula "porco-espinho", que tem esse nome por causa de sua aparência espinhosa, contribui com essa comunicação, transmitindo sinais bioquímicos entre as células cancerígenas e as saudáveis do organismo.
Ela atua bastante durante o desenvolvimento humano, mas geralmente fica inativa durante a vida adulta. No entanto, pode ser ativada durante alguns tipos de câncer de pele, de cérebro e de pulmão.
Mas os pesquisadores do Instituto Garvan descobriram que, ao bloquear a molécula, os tumores de câncer de mama do tipo basal encolhem e param de espalhar-se pelo corpo.
Silenciar a molécula
De acordo com os cientistas, testes feitos em 279 mulheres com este tipo de câncer revelaram que aquelas que tinham moléculas "porco-espinho" ativas apresentaram piores condições.
Outros experimentos feitos com grupos de ratos indicaram que, quando os animais recebiam grandes quantidades da molécula, o câncer era mais agressivo e se espalhava mais.
Segundo Sandra O´Toole, quando a molécula era bloqueada nos ratos, os tumores eram menores e não se espalhavam tanto.
"Mostramos que silenciar estas moléculas afeta o crescimento do câncer de mama e sua metástase", afirmou.
A caminho
Por causa da associação da molécula com outros tipos de câncer, já há medicamentos que tentam bloquear sua atividade em fase de testes clínicos.
"Estamos com esperanças de que usando remédios já disponíveis possamos examinar alguns pacientes com câncer de mama e ver se eles estão sendo eficientes", disse a pesquisadora.
Na Austrália, cerca de 12.500 casos de câncer de mama são identificados a cada ano e 10% deles são do tipo basal.