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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Injeção que pode tratar esquizofrenia chega ao Brasil neste mês

Uma injeção que precisa ser tomada apenas uma vez por mês chega ao mercado brasileiro em dezembro e pode ajudar a contornar um dos principais problemas do tratamento da esquizofrenia: o abandono da medicação.


"Muitas vezes o paciente não se dá conta de que está doente e corta a medicação. Uma alternativa que diminua a frequência de remédios ajuda na aderência e no controle da medicação", diz Helio Elkis, coordenador do Programa de Esquizofrenia do Hospital das Clínicas da USP.

Aprovado em junho pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o palmitato de paliperidona é o que se chama de antipsicótico --um remédio que ajuda a prevenir distúrbios característicos da doença.

Um levantamento feito pelo Instituto de Psiquiatria do HC revelou que cerca de 50% das pessoas com esquizofrenia abandonam a medicação após um ano do início do tratamento.

Essa interrupção pode agravar os sintomas da doença e favorecer o acontecimento de surtos psicóticos.

Além dos fatores psicológicos, os muitos efeitos colaterais da medicação também são apontados como razão para que os pacientes abandonem os remédios.

Os remédios, sobretudo os mais antigos, podem desencadear desde aumento de peso até rigidez muscular e um quadro de tremores parecido com o do mal de Parkinson.

O excesso de saliva e a dificuldade de controlá-la, que deram o apelido pejorativo de "louco babão" aos afetados, derivam, na verdade, da medicação, e não são sintomas naturais do transtorno.

Para controlar esses efeitos indesejáveis, muitos pacientes usam conjuntamente outros medicamentos.

COQUETEL

Como no Brasil a maioria das pessoas com esquizofrenia toma antipsicóticos em forma de comprimidos diários, é comum que haja um verdadeiro "coquetel" de pílulas, facilitando o esquecimento e até o abandono da medicação pelos pacientes.

"Diminuir a quantidade de remédios é algo bom, mas eu diria que a maior vantagem do palmitato de paliperidona é a redução dos efeitos colaterais", diz Rodrigo Bressan, coordenador do Proesq (Programa de Esquizofrenia) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Embora menores, as reações adversas também acontecem com os usuários.

Um estudo com o remédio publicado na revista especializada "Schizophrenia Research" lista, entre outras coisas, ganho de peso, dores de cabeça e insônia.

Ainda assim, como em boa parte dos remédios recentes, esses efeitos foram menos intensos do que nos da primeira geração de antipsicóticos.

O TRANSTORNO

Os mecanismos que causam a esquizofrenia --transtorno que afeta cerca de 1% da população mundial, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde)-- ainda não foram totalmente esclarecidos. Sabe-se, no entanto, que existe um componente hereditário forte.

Filhos de esquizofrênicos têm mais chances de desenvolver a doença, embora ela também apareça em pessoas sem histórico familiar.

O transtorno costuma se manifestar entre o fim da adolescência e o início da vida adulta. Em geral, os sintomas aparecem nas mulheres de forma um pouco mais tardia do que nos homens.

Além das manifestações mais conhecidas, como alucinações auditivas e visuais, pessoas com esquizofrenia podem apresentar diminuição da capacidade de raciocínio, abstração, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e quadros de depressão.

Esqueça (quase) tudo que você sabe sobre oxidantes e antioxidantes


Esqueça (quase) tudo que você sabe sobre oxidantes e antioxidantes
Sinais luminosos emitidos pelos biossensores indicam a produção de oxidantes no tecido dos animais.

Estresse oxidativo
O chamado "estresse oxidativo" tem sido apontado em inúmeras pesquisas como o vilão de inúmeros processos danosos à saúde.
Entre eles estão a calcificação arterial, o câncer e doenças degenerativas, como Parkinson e Alzheimer.
O próprio processo de envelhecimento tem sido creditado ao estresse oxidativo, que ocorre quando há nos tecidos um excesso das chamadas espécies reativas de oxigênio (ou ROS, do inglês Reactive Oxygen Species).
Esses compostos são oxidantes - é daí que se tem dado tanta importância aos antioxidantes, que combateriam processos patogênicos ou o envelhecimento, embora haja muita controvérsia na área:
Sem fundamentação adequada
No entanto, esses estudos, que fundamentaram esse "saber corrente" sobre oxidantes e antioxidantes, não eram assim tão bem fundamentados.
"Até agora, ninguém tinha sido capaz de observar diretamente alterações nas espécies reativas de oxigênio em um organismo vivo e menos ainda como eles se conectam com os processos das doenças," afirmou o Dr. Tobias Dick, do renomado Centro de Pesquisas do Câncer da Alemanha (DKFZ).
"Havia apenas alguns métodos indiretos ou muito pouco específicos de detectar quais processos oxidativos estão realmente acontecendo em um organismo," desmistifica ele.
Na verdade, praticamente todos esses estudos eram feitos em células, ou em amostras de tecidos, mas nunca em um animal vivo.
Oxidantes não estão relacionados com envelhecimento
Foi por isto que o estudo da equipe alemã atraiu tanta atenção ao ser divulgado na semana passada.
Eles finalmente conseguiram observar os processos que envolvem as espécies reativas de oxigênio em um animal vivo.
E os resultados desta primeira análise mostram que esses oxidantes não tão ruins, ou tão nocivos ao organismo, quanto se imaginava.
O mais impactante é que os pesquisadores não observaram nenhuma associação entre o envelhecimento e um aumento geral nos oxidantes no organismo:
"O grupo não encontrou nenhuma evidência suportando a tão falada hipótese de que o tempo de vida de um organismo é limitado pela produção de oxidantes danosos," afirma o instituto alemão em comunicado.
O único aumento nas espécies reativas de oxigênio com alguma relação com o envelhecimento foi localizado no tecido intestinal.
Mas mesmo aí, animais que viveram mais tiveram um incremento nos oxidantes ainda mais acelerado do que nos animais que viveram menos - ou seja, a associação foi positiva, e não negativa.
Produção de oxidantes varia pelo corpo
"Muitas coisas que observamos nos animais com a ajuda dos biossensores foram surpresas para nós. Parece que muitas conclusões obtidas [em estudos] com células isoladas simplesmente não podem ser transferidas para um organismo vivo completo," resume o Dr. Tobias Dick.
Os biossensores são genes que os cientistas introduziram no material genético de moscas da fruta, o modelo animal preferido nestas pesquisas.
Esses biossensores são específicos para vários oxidantes e indicam o status do estresse oxidativo de cada célula emitindo um sinal luminoso, em tempo real, e ao longo de toda a vida da cobaia.
Isto permitiu que os cientistas demonstrassem que os oxidantes não são produzidos igualmente por todo o corpo, mas variam largamente de órgão para órgão.
Por exemplo, as células sanguíneas produzem muito mais oxidantes em seus geradores de energia, as mitocôndrias, do que as células musculares ou intestinais.
Além disso, o comportamento da larva se reflete na produção das espécies reativas de oxigênio em tecidos individuais: os pesquisadores foram capazes de distinguir se a larva estava se alimentando ou se estava se movendo usando a energia acumulada em suas células de gordura - ou seja, pelo estresse oxidativo dessas células.
"Antioxidante" mais famoso não reduz oxidantes
Para tirar qualquer dúvida, os cientistas alimentaram os animais com N-acetil-cisteína (NAC), uma substância que se acredita ter um efeito antioxidante e que muitos cientistas defendem como sendo um protetor contra todos os efeitos danosos atribuídos aos oxidantes.
Novamente o efeito surpreendeu, saindo exatamente ao contrário do que tanto se fala - não foi apenas que os cientistas não encontraram nenhuma evidência de redução nos oxidantes em razão da ingestão da NAC; mas, ao contrário, a ingestão do antioxidante causou uma elevação dos oxidantes em vários tecidos dos animais.
"O exemplo do NAC também demonstra que atualmente nós ainda não somos capazes de influenciar de forma previsível os processos oxidativos em um organismo vivo por meio de fármacos," afirmou o Dr. Dick.
Mas, se passar do estudo de uma célula para o estudo de um animal vivo, durante todo o seu tempo de vida, já foi um grande avanço, ainda falta muito para compreender o papel dos oxidantes e anti-oxidantes no corpo humano.
"É claro, nós não podemos simplesmente transferir essas descobertas das moscas da fruta para o homem. Nosso próximo objetivo é usar os biossensores para observar o estresse oxidativo em mamíferos, especialmente em reações inflamatórias e no desenvolvimento de tumores," concluiu o cientista.

Nitroglicerina é aliada do coração contra infartos


Nitroglicerina é aliada do coração contra infartos
Cientistas descobriram uma nova molécula que inibe os efeitos prejudiciais ao coração promovidos pela tolerância à nitroglicerina.

Remédio explosivo
Um cientista brasileiro ajudou a descobrir uma molécula que, administrada juntamente com a nitroglicerina, pode evitar infartos mais graves decorrentes da tolerância ao composto.
A nitroglicerina é um composto químico explosivo obtido a partir da reação de nitração da glicerina.
Além de sua aplicação em explosivos, o composto é utilizado na medicina há séculos como vasodilatador no tratamento de dores no peito, conhecidas como angina.
O tratamento também é utilizado nas salas de emergência de hospitais, quando pacientes chegam com sinais de infarto agudo de miocárdio.
Tolerância à nitroglicerina
Entretanto, os benefícios da nitroglicerina para o coração estão limitados pelo desenvolvimento de tolerância ao composto.
Na pesquisa, realizada no Departamento de Química e Biologia de Sistemas da Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, o brasileiro Júlio César Batista Ferreira e o chinês Lihan Sun descobriram que a intolerância à nitroglicerina não se deve somente à perda do efeito vasodilatador do medicamento.
Segundo Ferreira, quando precedido do infarto do miocárdio, o uso sustentado de nitroglicerina pode causar efeitos devastadores ao coração.
A tolerância à nitroglicerina é resultado da inativação da aldeído-desidrogenase 2 (ALDH2), uma enzima essencial para a proteção cardíaca em humanos e animais vítimas de infartos.
Os pesquisadores verificaram que a molécula ALDA-1 é capaz de manter o funcionamento da ALDH2 e evitar efeitos deletérios decorrentes da tolerância à nitroglicerina durante o ataque cardíaco.
Medicamento em ciclos
De acordo com Ferreira, ao ser administrada junto à nitroglicerina, a ALDA-1 mantém a enzima ALDH2 ativada durante o infarto do miocárdio, inibindo os efeitos prejudiciais ao coração da tolerância à nitroglicerina.
"Em casos de dores no peito e infarto, médicos costumam administrar a nitroglicerina em ciclos liga/desliga - 16 horas com o fármaco e 8 horas sem -, na tentativa de mascarar o efeito de tolerância. Mas esse período prolongado leva à inativação da ALDH2, fator que eleva as chances de um infarto mais grave", disse Ferreira.
O pesquisador explica que a ALDH2 é uma enzima mitocondrial cujas funções são essenciais no sistema cardiovascular, entre as quais catalisar a conversão da nitroglicerina ao vasodilatador óxido nítrico e remover aldeídos tóxicos produzidos durante o infarto do miocárdio.
"Com a inibição dessa enzima pelo excesso de nitroglicerina, esses aldeídos se acumulam no coração e passam a se ligar a proteínas, lipídios e ao DNA, resultando na morte celular durante o infarto do miocárdio. Com a ALDH2 ativada, é possível remover com mais facilidade esses aldeídos, minimizando os danos ao coração", disse Ferreira.