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quarta-feira, 28 de março de 2012


Novo exame faz imagens do interior do corpo usando luz e som.

Entre os avanços mais interessantes da tomografia fotoacústica está a capacidade de revelar o uso de oxigênio pelos tecidos, revelando em cores os primeiros sinais de um tumor de pele.

Vendo o invisível

Uma nova tecnologia, capaz de gerar imagens do interior do corpo humano em cores e com alto nível de resolução, está pronta para sair dos laboratórios científicos e ir para os laboratórios de exames clínicos e hospitais.

Desde a descoberta dos raios X, cada nova tecnologia de geração de imagens do corpo humano é recoberta com uma aura de mágica, graças à capacidade de subitamente tornar visível o que até então não se conseguia ver, a não ser em cirurgias.

Isto está acontecendo também com a recém-lançada tomografia fotoacústica, que consegue gerar imagens do corpo humano sem usar radiações perigosas.

Imagens geradas por luz e som

Como seu nome indica, a tomografia fotoacústica combina a luz e o som.

Suas imagens com qualidade incomparável, são resultado de um alto contraste, devido à absorção da luz por moléculas coloridas, como a hemoglobina ou a melanina, e a elevada resolução espacial do ultra-som.

Entre os avanços mais interessantes da tomografia fotoacústica está a capacidade de revelar o uso de oxigênio pelos tecidos, porque a queima excessiva de oxigênio (chamada hipermetabolismo) é uma marca registrada do câncer.

O Dr. Lihong Wang, da Universidade de Washington, está coordenando quatro testes clínicos que objetivam validar aplicações da tomografia fotoacústica.

O primeiro é para visualizar os linfonodos sentinelas, que são importantes no tratamento do câncer de mama; um segundo para monitorar a resposta precoce à quimioterapia; outro para gerar imagens de melanomas; e o quarto para gerar imagens do trato gastrointestinal.

Nos estágios iniciais do câncer, não há muito o que fazer, diz Wang, e, assim, um exame precoce que não requeira um agente de contraste é potencialmente "uma virada no jogo".

Tomografia fotoacústica

Embora todos já tenhamos nos acostumado com as imagens cinzentas de raios X, onde a estrutura interna do corpo aparece como claros e sombras, elas são um substituto muito pobre para fotografias reais do nosso interior.

Essas fotografias não existem porque os fótons de luz conseguem penetrar nossos tecidos moles somente até uma profundidade de cerca de um milímetro. A partir daí eles se dispersam, tornando impossível reconstruir seus caminhos para criar uma imagem.

Mas esse espalhamento não destrói os fótons, que podem atingir uma profundidade de cerca de 7 centímetros.

O truque da tomografia fotoacústica é converter a luz absorvida mais profundamente - é usado um laser de pulsos - em ondas sonoras, que dispersam mil vezes menos do que a luz.

Essas ondas de som são então usadas para transmitir de volta para a superfície as informações dos tecidos.

A absorção da luz pelas moléculas abaixo da superfície da pele cria uma pressão termicamente induzida que emite ondas sonoras de volta. Essas ondas são então captadas por receptores de ultra-som e reagrupadas para criar o que é, com efeito, uma fotografia do interior do corpo.

Com a grande vantagem de que, ao contrário dos raios X, a luz visível não faz qualquer mal aos tecidos do corpo humano.
Quando a gripe espanhola derrotou a Marinha brasileira Redação do Diário da Saúde

Destróier Parahyba, que perdeu 13,7% de sua tripulação com gripe espanhola.

Gripe contra-ataca

Poucas pessoas sabem sobre a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial.

Embora o Brasil tenha-se mantido neutro durante a maior parte do conflito, o país enviou uma frota para apoiar o esforço de guerra. Foi o único país latino-americano a fazê-lo.

Mas a expedição brasileira encontrou um inimigo inesperado e traiçoeiro no litoral africano contra o qual nenhuma armada estava preparada: a gripe espanhola.

A gripe espanhola varreu o mundo em 1918-1919 e, em poucos meses, fez mais vítimas do que o número total de mortes no campo de batalha durante a guerra.

As estimativas variam entre 20 a 50 milhões de mortes em todo o mundo, tornando-a uma das mais devastadoras epidemias da história recente.

Ainda assim, em poucos lugares a pandemia foi tão mortal quanto entre a frota brasileira enviada à costa do Senegal.

Marinha contra a gripe

Em Dacar, o cemitério ainda conserva os túmulos de mais de uma centena de soldados brasileiros (mais de um décimo de toda a tripulação), que sucumbiu ao surto de gripe.

Os relatos da experiência compõem uma leitura sombria e descrevem um dos episódios mais trágicos da história das forças armadas brasileiras.

Agora, um grupo de brasileiros e australianos, incluindo Francisco Almeida, da Escola de Guerra Naval do Rio de Janeiro, analisaram esses relatórios para descobrir o que pode explicar esta que foi a maior taxa de mortalidade por gripe em qualquer navio já registrado até hoje.

Doenças do trabalho

De forma nada surpreendente, a pesquisa revelou que os membros da tripulação mais afetados pela gripe espanhola foram aqueles que provavelmente tinham o sistema respiratório enfraquecido por suas condições de trabalho.

A taxa de mortalidade mais elevada da frota ocorreu entre os alimentadores de fornalhas e os oficiais da casa de máquinas, que estavam constantemente expostos à fumaça e ao pó de carvão das caldeiras.

Acredita-se que, nesses membros da tripulação, os danos pulmonares e o estresse oxidativo das células epiteliais respiratórias sejam os principais fatores que exacerbaram o impacto da exposição ao vírus.

Pandemias passadas e futuras

Os autores também apontam o fato de que os membros da tripulação provavelmente não tinham imunidade prévia contra o vírus, devido à falta de exposição à onda anterior e mais leve desta pandemia, que ocorreu no início de 1918, mas largamente circunscrita ao Hemisfério Norte.

Além disso, a escassez de água potável pode ter sido um fator agravante para a alta mortalidade entre os soldados brasileiros ancorados no calor da costa senegalesa.

Além de seu valor histórico, a pesquisa pode contribuir para uma melhor compreensão dos diversos fatores presentes durante as pandemias de gripe ocorridas no passado, e que podem ainda nos ameaçar no futuro.

O trabalho foi publicado no Journal of Influenza and Other Respiratory Viruses.