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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Edição genética cura hemofilia em animais

Edição genética cura hemofilia em animais
A técnica inovadora é chamada edição genômica - assim como se edita um texto no computador, os cientistas estão reescrevendo localizações precisas do DNA. 


Terapias gênicas
Os cientistas têm feito inúmeras descobertas acerca da influência dos genes sobre as características do homem.
Mas, quando se trata de medicina, o grande alvo das chamadas terapias gênicas é atuar sobre esses genes, revertendo ou evitando condições patológicas.
É isto o que estão fazendo médicos do Hospital Infantil da Filadélfia, nos Estados Unidos.
Edição do genoma
A equipe está desenvolvendo uma técnica inovadora, chamada edição genômica - assim como se edita um texto no computador, eles estão "reescrevendo" localizações precisas do DNA.
Eles acabam de usar a técnica para reverter a hemofilia, um distúrbio de coagulação do sangue. O experimento foi feito em animais de laboratório, usando camundongos hemofílicos.
Esta é a primeira vez que a edição do genoma, que alveja e repara com precisão um "defeito" genético, foi usada em um animal vivo e alcançou resultados clinicamente significativos.
Vírus do bem
Os cientistas usaram duas versões de um vírus geneticamente modificado (vírus adeno-associado, ou AAV), uma levando enzimas que cortam o DNA em um ponto exato, e outra carregando um gene substituto para ser copiado na sequência do DNA.
Tudo isso ocorreu nas células do fígado dos animais vivos.
"Nossa pesquisa abre a possibilidade de que a edição de genoma seja usada para corrigir um defeito genético em um nível clinicamente significativo," disse a líder do estudo, Katherine High, que estuda as terapias gênicas para hemofilia há mais de uma década.
O estudo foi publicado na revista Nature.
Nucleases dedo de zinco
Os pesquisadores usaram enzimas geneticamente modificadas, chamadas nucleases dedo de zinco (ZFNs: zinc finger nucleases), que atuam como processadores de texto moleculares, editando sequências mutacionadas de DNA.
O grupo descobriu como fabricar ZFNs personalizadas, voltadas para um local genético específico.
As ZFNs específicas para o gene do fator 9 (F9) foram concebidas e utilizadas em conjunto com uma seqüência de DNA que restaurou a função do gene normal perdida na hemofilia.
Hemofilia
Alvejando com precisão um local específico em um cromossomo, as ZFNs têm uma vantagem sobre as técnicas convencionais de terapia genéticas, que podem colocar um gene de reposição aleatoriamente em um local não desejado, passando por cima dos componentes biológicos reguladores que controlam o gene em condições normais.
Esse "errar o alvo" genético acarreta um risco de "mutagênese insercional", na qual o gene corretivo provoca uma alteração inesperada, como o surgimento da leucemia.
Na hemofilia, uma mutação de um único gene herdada apenas por homens prejudica sua capacidade para produzir uma proteína de coagulação do sangue, criando episódios de sangramento espontâneo, algumas vezes com risco de vida.

Astronomia gera conhecimento para combater o câncer

Poeira de estrelas
Pesquisas feitas por astrônomos sobre os corpos celestes estão tendo um impacto direto sobre os corpos humanos.
Os astrônomos da Universidade do Estado de Ohio (EUA) estão trabalhando com físicos-médicos, radioterapeutas e oncologistas para desenvolver um novo tratamento de radioterapia.
A nova terapia de radiação será mais agressiva contra os tumores e mais suave com os tecidos saudáveis ao seu redor.
Radiação das estrelas
Ao estudar como os elementos químicos emitem e absorvem a radiação no interior das estrelas e em torno dos buracos negros, os astrônomos descobriram que os metais pesados, como o ferro, emitem elétrons de baixa energia quando expostos a raios X com energias específicas.
Essa descoberta levanta a possibilidade de que os médicos usem implantes feitos de certos elementos pesados para destruir tumores com elétrons de baixa energia, expondo o tecido saudável a um nível de radiação muito menor do que é possível hoje.
Implantes semelhantes também poderão melhorar o diagnóstico médico por imagens do interior do corpo humano.
Plasma
Sultana Nahar e seus colegas estão trabalhando com os elementos ouro e platina para construir um dispositivo que gera os raios X em frequências-chave.
Seus dados indicam que um único átomo de ouro ou platina atingido por uma pequena dose de raios X em uma estreita faixa de frequências - equivalente a cerca de um décimo do amplo espectro de frequências da radiação de raios X - produz um fluxo de mais de 20 elétrons de baixa energia.
Esses elétrons ejetados pelos átomos de ouro e platina criam um gás eletricamente carregado, ou plasma, extremamente localizado, mas capaz de matar as células dos tumores.
Esses átomos metálicos seriam inseridos nos tumores na forma de nanopartículas, que hoje já estão sendo testadas para levar drogas até os tumores.
Astroterapia
"Como astrônomos, aplicamos física e química básicas para compreender o que está acontecendo nas estrelas. Estamos muito animados em aplicar o mesmo conhecimento para tratar o câncer," disse Nahar.
Segundo a pesquisadora, o uso da radiação na Medicina está bastante indiscriminado hoje, não tendo havido qualquer avanço fundamental na produção de raios X desde a invenção do tubo de raios X por Roentgen, em 1890.
A equipe batizou o novo conceito de RNPT (Resonant Nano-Plasma Theranostics) - Teranóstico por Nano-Plasma Ressonante - teranóstico é uma junção de terapia e diagnóstico.

Colesterol bom: não é só a quantidade que importa

Níveis de colesterol bom
Altos níveis de colesterol "bom" (colesterol HDL) estão associados com uma diminuição no risco de doença arterial coronariana.
Essa doença, que ataca os grandes vasos sanguíneos arteriais, é uma das principais causas de ataque cardíaco e derrame.
Isto sugere que terapias para aumentar os níveis de HDL poderiam ser clinicamente úteis.
No entanto, tais terapias não demonstraram uma diminuição clara na doença, indicando que os efeitos benéficos do HDL provavelmente não estão relacionados apenas à sua abundância.
Funções do colesterol bom
Novas evidências que dão apoio a essa ideia foram obtidas agora por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça, liderada pelo Dr. Ulf Landmesser.
O grupo descobriu que o HDL de pacientes com doença arterial coronariana tem efeitos diferentes sobre as células que revestem os vasos sanguíneos do que o HDL de indivíduos saudáveis.
Em particular, o HDL de pacientes com doença arterial coronariana não apresenta os efeitos anti-inflamatórios sobre as células de revestimento dos vasos sanguíneos e pode não estimular a reparação desse revestimento.
Segundo os cientistas, estes dados indicam que, para usufruir do potencial protetor do HDL, deve-se levar em conta também suas funções biológicas, e não apenas sua abundância.
Descobertas sobre o colesterol
A descoberta abre um caminho todo novo de pesquisas justamente sobre essas funções biológicas e como elas variam de indivíduo para indivíduo e, no mesmo indivíduo, entre uma condição saudável e uma condição patológica.
Como é comum acontecer na ciência, este estudo vem demonstrar que as coisas não são tão simples quanto se acreditava.
Outro grupo de pesquisadores já havia demonstrado que mais colesterol bom nem sempre é melhor para a saúde.
Logo depois que a estrutura do HDL foi desvendada, descobriu-se também que o LDL, o chamadocolesterol ruim, não é tão ruim quanto se pensava.

Magros também podem ter problemas no coração

Gene, peso e coração
Genes que produzem pessoas magras foram associados a problemas no coração e à diabetes do tipo 2 - condições normalmente vinculadas ao excesso de peso.
O estudo, feito pelo Medical Research Council da Grã-Bretanha, sugere que variantes do gene IRS1 reduzem a gordura sob a pele, mas não têm efeito sobre a gordura presente nas vísceras, em torno de órgãos como o coração e o fígado - muito mais perigosa.
O trabalho foi publicado na revista científica Nature Genetics e envolveu estudos genéticos com 76 mil pessoas.
A associação entre as variantes genéticas e as doenças foi maior forte nos homens.
Associação genética
A chefe do estudo, Ruth Loos, pesquisadora da Epidemiology Unit do Institute of Metabolic Science, em Cambridge, na Inglaterra, disse que, quando os cientistas perceberam a associação genética, ficaram intrigados.
"Fizemos uma fascinante descoberta genética", disse Loos. E aconselhou:
"Não são apenas os indivíduos obesos que podem estar predispostos a essas doenças metabólicas. Indivíduos magros não devem pressupor que são saudáveis com base em sua aparência", disse Loos.
O médico Iain Frame, diretor de pesquisas da entidade de auxílio a diabéticos Diabetes UK, disse que o estudo pode "esclarecer por que 20% das pessoas com diabetes do tipo 2 sofrem da condição apesar de terem um peso saudável".
(A pesquisa) "também é uma mensagem clara de que pessoas magras não podem ser complacentes em relação à sua saúde".
Localização da gordura
Comentando o novo estudo, o médico Jeremy Pearson, um dos diretores da British Heart Foundation, entidade britânica de combate às doenças do coração, disse:
"Esses resultados reforçam a ideia de que, para riscos ao coração, é particularmente importante não apenas quão obeso você é, mas sim onde você deposita a gordura".
"A gordura armazenada internamente é pior para você do que a armazenada sob a pele".
"Entretanto, isto não elimina o fato de que ser obeso é ruim para a saúde do seu coração, então devemos continuar tentando ficar magros e em boa forma física," concluiu.

Estudo brasileiro desvenda mecanismo de invasão do Trypanosoma cruzi

Estudo brasileiro desvenda mecanismo de invasão do Trypanosoma cruzi
Estudo realizado por pesquisadores brasileiros demonstra que Trypanosoma cruzi utiliza o próprio mecanismo de reparação da membrana da célula hospedeira para invadi-la.

Invasão da célula
Vários patógenos empregam uma estratégia "traiçoeira" para invadir uma célula hospedeira: eles subvertem mecanismos existentes na própria membrana celular para ter acesso ao citoplasma.
Um grupo de pesquisadores brasileiros acaba de demonstrar que oTrypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, utiliza esse tipo de subterfúgio, aproveitando o mecanismo de reparação das membranas das células como recurso para invadi-las.
"O artigo teve grande repercussão porque demonstrou que o Trypanosoma cruzi é mais um microrganismo capaz de explorar um mecanismo constitutivo da célula hospedeira, além de descrever detalhadamente o mecanismo que o parasita utiliza para isso", disse Renato Mortara, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Membrana celular
Segundo Mortara, já se sabia que, quando a membrana da célula sofre um dano, os lisossomos são recrutados e liberam seu conteúdo, que se funde com a membrana, reparando a lesão.
"[...] esse mecanismo de reparo tem duas etapas. Quando o lisossomo se funde com a membrana, a célula continua ainda com uma ruptura. Então, uma parte da membrana é internalizada pela célula, incorporando a lesão. A ruptura é englobada por essa espécie de 'bolha', passando para o interior da célula, preservando as propriedades da membrana", explicou.
Agora, a pesquisadora Maria Cecília Fernandes juntou o conhecimento sobre a invasão do parasita e o reparo da membrana.
A pesquisadora observou que o parasita provoca um buraco na membrana, induzindo todo o processo de internalização da lesão. "Como o parasita permanece próximo à lesão, o processo acaba levando-o para o interior da célula", contou Mortara.
Mecanismo de reparo
Quando o parasita danifica a membrana, o dano não promove diretamente sua entrada no citoplasma. Mas desencadeia a mobilização dos lisossomos, que, além de liberar seu conteúdo para a superfície da célula, liberam também a enzima lisossomal esfingomielinase ácida (ASMase), dependente de cálcio.
"O estudo mostrou que as células com ASM reduzida são resistentes à infecção e que tratar as células com enzimas extracelulares é suficiente para promover a entrada do parasita. O aumento de ASM estimula a endocitose, dando ao parasita a chance para entrar na célula", explicou.
Segundo o estudo, o uso do mecanismo de reparo da membrana peloTrypanosoma cruzi pode ajudar a explicar por que esses parasitas tendem a infectar músculos lisos e cardiomiócitos - tecidos nos quais os mecanismos de reparação são especialmente ativos.

Hidrogel com nanopartículas pode substituir cartilagem

Substituição da cartilagem
Devido à sua condição avascular, a cartilagem articular apresenta baixa capacidade de auto-reparação e, quando lesada, dificilmente se regenera.
Atualmente, há grande interesse no desenvolvimento de materiais e de suas aplicações, sustentadas por técnicas de engenharia tecidual, que possam substituir e até estimular a regeneração da cartilagem articular.
Agora, a bióloga Ana Amélia Rodrigues, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), descobriu biomateriais compostos de hidrogel com resultados altamente promissores.
Os resultados do estudo indicam que o hidrogel de polivinil álcool puro, quando recebe a adição de nanopartículas de carbono, pode ser um excelente substituto da cartilagem articular, também chamada hialina.
O trabalho, que contou com a participação de Vitor Baranauskas e William Dias Belangero, avaliou o uso do substituto da cartilagem em modelos animais, implantado em defeitos osteocondrais de ratos Wistar.
Cartilagem
Belangero explica que a cartilagem é formada por um emaranhado de fibras de colágeno do tipo II, proteína abundante no corpo.
Entre essas fibras, há um gel, ou substância fundamental amorfa, formada por macromoléculas de proteoglicanas, cuja parte central é protéica e de onde se originam moléculas de glicosaminoglicanas com cargas elétricas. Esta estrutura se mantém armada, a exemplo de uma esponja, mas com orientação espacial precisa.
A cartilagem absorve e mantém, em sua malha, água e outros fluidos que mantêm a cartilagem ainda mais resistente à deformação.
Por sua vez, o hidrogel é um polímero reticulado, que tem a capacidade de absorver água e que a expele quando pressionado. De certa forma, segundo Belangero, o hidrogel mimetiza a cartilagem, embora de forma muito menos sofisticada.
Hidrogel com nanopartículas
O hidrogel assemelha-se a um plástico que se torna flexível ao absorver água, conferindo-lhe propriedades que permitem utilizá-lo na substituição da cartilagem e que, além disso, permite a circulação dos fluidos corpóreos.
Ao receber nanopartículas de carbono, diz o professor, suas propriedades mecânicas aproximam-se do desejável: grande resistência à abrasão e coeficiente de atrito na superfície muito próxima da cartilagem.
Embora esse coeficiente seja ainda dez vezes maior que o da cartilagem, o pesquisador lembra que o melhor material utilizado hoje tem coeficiente cem vezes maior.
O material apresenta também uma complacência muito boa, que é a propriedade de se deformar e voltar à forma primitiva, ou seja, a cartilagem da superfície oposta passa sobre ele como em uma cartilagem natural.
Para o médico, essas propriedades é que levaram os pesquisadores a distinguir o material. "O que nos interessava era saber a sua resistência ao atrito, à abrasão, porque sua função é a de substituir a cartilagem", diz.

Neuroimagem revela alterações no cérebro de pessoas obesas

Neuroimagem revela alterações no cérebro de pessoas obesas
Até algum tempo atrás, não se pensava em cérebro quando se falava em obesidade. Agora começam a ser detectados alguns sinais de "erros de processamento".
Cérebro e obesidade
Pesquisa realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), revela que algumas áreas do cérebro de pacientes obesos apresentam padrões distintos de funcionamento se comparadas às de indivíduos magros.
O trabalho, de autoria de Simone van de Sande-Lee e Lício Augusto Velloso, foram publicados na conceituada revista norte-americana Diabetes.
A descrição, inédita na literatura médica, mostra alterações sobretudo no hipotálamo, região envolvida no controle da fome e do gasto energético.
Erro no processamento
Até algum tempo atrás, não se pensava em cérebro quando se falava em obesidade.
Mas, nos últimos 15 anos, as pesquisas vêm mostrando que os caminhos que levam ao desenvolvimento da doença são, na verdade, bem mais complexos do que se imaginava e que, neles, o sistema nervoso central tem um papel fundamental.
"O nosso conhecimento a esse respeito cresceu de tal forma que hoje nós acreditamos que aobesidade decorra, principalmente, de algum erro no processamento de informações que chegam ao sistema nervoso central", explica Velloso.
Leptina
Um dos hormônios centrais nesse processo é a leptina, produzido no tecido adiposo, e responsável por levar ao Sistema Nervoso Central a informação sobre a quantidade de energia que está sendo estocada. Quando essa comunicação fica comprometida, torna-se cada vez mais difícil controlar a ingestão de alimentos e o gasto de energia.
Segundo o pesquisador, entender que o cérebro passa a responder inadequadamente à leptina, tornando-se resistente a ela, porque ele está de certa forma lesado por uma inflamação, foi um avanço importante.
"E essa inflamação é causada, principalmente, por um dos componentes da nossa alimentação: os ácidos graxos saturados, ou seja, as gorduras saturadas encontradas, por exemplo, na carne vermelha e no leite", destaca, relembrando estudos anteriores do laboratório que abriram novas frentes de análise para os estudos na área.
Ácidos graxos
Em 2009, as pesquisadoras Marciane Milanski e Juliana Contin Moraes publicaram, sob a orientação de Velloso, dois artigos nos quais revelavam a influência dos ácidos graxos no funcionamento do hipotálamo de animais.
Os estudos mostraram que as gorduras saturadas possuem propriedades moleculares que, ao ativar uma resposta inflamatória no hipotálamo, causam uma disfunção que, por sua vez, abre caminho para obesidade.
Uma vez inflamado, o hipotálamo perde parte de suas funções, permitindo, assim, que ocorra um desequilíbrio entre a ingestão de alimentos e o gasto de energia e, quando prolongado, esse processo inflamatório pode levar à morte de neurônios - processo chamado de apoptose - que têm função central no controle do peso.
Na opinião do professor Lício Velloso, a pesquisa feita por Simone van de Sande-Lee ajuda a elucidar aspectos importantes para a compreensão dos mecanismos que levam ao desenvolvimento da obesidade, contribuindo com futuras pesquisas sobre o tratamento da doença.
"Esse estudo é o primeiro passo na tentativa de se entender se os padrões que verificamos em modelos animais também podem ser encontrados em humanos e, simultaneamente, observar se é possível algum tipo de reversão nesse processo inflamatório", aponta Velloso.
"É o primeiro indício de que existe em humanos uma alteração funcional no hipotálamo e que, em pacientes obesos que perderam peso, isso se reverte parcialmente. É importante porque deixa claro que o alvo para se tratar a obesidade é mesmo o Sistema Nervoso Central, o que abre novas perspectivas terapêuticas, como o desenvolvimento de novas drogas, por exemplo", enfatiza.
Cirurgia bariátrica e perda de peso
O estudo buscou entender de que forma a perda de peso poderia se relacionar com a funcionalidade do hipotálamo em pacientes obesos. Para tal, foram selecionados 13 pacientes com obesidade mórbida - que seriam submetidos à cirurgia bariátrica no Hospital de Clínicas da Unicamp, e 8 indivíduos magros, utilizados como grupo controle.
O foco da pesquisa não estava nos efeitos da cirurgia em si, mas nos altos índices de perda de peso por ela proporcionados.
"Nós escolhemos pacientes que seriam submetidos à cirurgia bariátrica porque nós queríamos observar possíveis modificações no padrão funcional que porventura viessem a ocorrer após perdas massivas de peso. E a perda proporcionada pela cirurgia gira em torno de 30% a 40% do peso inicial. Assim foi possível observar as diferenças de atividade cerebral no mesmo grupo de pacientes em dois momentos distintos, inicialmente muito obesos e depois significativamente mais magros", explica Simone.
Como os estudos em humanos são diferentes dos realizados em modelos animais - pois não é possível avaliar diretamente o hipotálamo, região nobre e de difícil acesso no cérebro -, os pesquisadores precisaram recorrer a métodos indiretos que pudessem de alguma forma avaliar possíveis alterações na funcionalidade cerebral e optaram por estudar imagens de ressonância magnética funcional (RMf), obtidas antes e depois de os pacientes passarem pela cirurgia bariátrica.
Neuroimagens
As imagens obtidas pelo método funcional são diferentes das disponibilizadas pela ressonância magnética convencional (RM).
Isso porque, ao contrário das imagens convencionais, estáticas e congeladas no tempo - tradicionalmente utilizadas para se estudar alterações morfológicas no cérebro, como tumores, por exemplo - as imagens obtidas pela ressonância magnética funcional (RMf) são sequenciais.
Por meio de um número bem maior de imagens, obtidas ao longo do tempo e em diferentes momentos, é possível montar algo parecido com um filme do cérebro em atividade e, assim, observar sua funcionalidade.
"As imagens revelaram que existe uma diferença nos padrões de atividade em algumas regiões do cérebro, principalmente no hipotálamo, entre indivíduos obesos e magros. Além disso, verificamos que após a perda de peso, os pacientes passaram a apresentar um padrão funcional mais próximo ao dos indivíduos magros", ressalta Simone.
"Nós não sabemos até que ponto essa alteração pode ser revertida porque os pacientes não atingiram um peso semelhante ao dos magros. Nós não sabemos o que aconteceria se eles perdessem mais peso, se a reversão poderia ser completa. Este talvez seja um dos possíveis caminhos a serem seguidos mais adiante", aponta a autora.
Para avaliar o funcionamento do cérebro durante a captação das imagens, os pacientes foram estimulados com glicose. Logo após a ingestão do nutriente a atividade neuronal cresceu rapidamente em todos os grupos (magros, obesos antes e depois da cirurgia), mas, depois de algum tempo, padrões distintos foram observados.
"Nós observamos que a atividade neuronal do obeso, antes da cirurgia, logo cai; a do magro, se mantém estável; e a do obeso, depois da cirurgia, fica entre esses dois padrões. A interpretação mais plausível para esses dados é a de que no período subsequente ao estímulo com glicose, ou seja, um estímulo que mimetiza ou reproduz a alimentação, o indivíduo magro mantém a atividade neuronal, como se ele estivesse com a sensação de saciedade; o obeso antes da cirurgia, perde-a rapidamente, e volta a ter fome num período curto de tempo; e o paciente que perdeu peso, massivamente, apresenta uma atividade intermediária. Ele recupera parcialmente esse controle sobre a saciedade", descreve Velloso.
Citocinas
Além da ressonância magnética funcional, foi utilizada ainda a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), coletado também antes e depois da cirurgia bariátrica, a fim de verificar a concentração de citocinas e outros marcadores de inflamação.
As citocinas, que podem ser classificadas como pró-inflamatórias e anti-inflamatórias, são substâncias produzidas pelo sistema imune e têm a função de participar tanto da indução como do controle de um processo inflamatório.
"O objetivo inicial da pesquisa era encontrar evidências do processo inflamatório que já havia sido observado em modelos animais, mas em razão dos métodos disponíveis atualmente, não foi possível detectar a presença de citocinas pró-inflamatórias. Mas nós encontramos um aumento de citocinas anti-inflamatórias após a perda de peso, o que sugere que existia inflamação no sistema nervoso central anteriormente", assinala a pesquisadora Simone.
Diabetes
Segundo Velloso, a pesquisa realizada por Simone é importante ainda porque abre caminho para novas perspectivas e frentes de análise também em relação ao diabetes.
"Sabemos que o hipotálamo também tem um papel central no metabolismo de glicose. Um dos próximos passos seria observar, por exemplo, se há diferenças no padrão de funcionamento do hipotálamo entre pacientes obesos diabéticos e pacientes obesos não diabéticos", adianta.
Dados internacionais demonstram que a principal causa de diabetes no mundo é obesidade. Cerca de 80% das pessoas que têm diabetes tipo 2 desenvolvem a doença em decorrência da obesidade.
Um dos principais problemas de saúde pública da atualidade, a obesidade traz consigo, além de repercussões sociais e psicológicas, uma série de outras doenças como hipertensão, aterosclerose, doenças hepáticas e pulmonares, e alguns tipos de câncer, como os de fígado, estômago e esôfago, por exemplo.

Orthopedics e-contents - June 2011

ORTHOPEDICS e-contentsORTHOPEDICS
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In the June 2011 issue of ORTHOPEDICS:
Guest Editorial
Outcome Measurement Tools for ACL Reconstruction: We Must Do BetterRead the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84023
Feature Articles
Bilateral Unstable Slipped Capital Femoral Epiphysis: A Look at Risk FactorsRead the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83903
In Vivo Assessment of Total Hip Femoral Head Separation from the Acetabular Cup During 4 Common Daily Activities
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83904
Preliminary Clinical and Radiographic Results of Large Ceramic Heads on Highly Cross-linked Polyethylene
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83905
Predicting ACL Rupture in the Population Actively Engaged in Sports Activities Based on Anatomical Risk Factors
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83906
Subvastus and Medial Parapatellar Approaches in TKA: Comparison of Functional Results
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83907
Chemoprophylaxis Without Intra-articular Wound Drainage Can Replace Autotransfusion in Primary TKA
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83908
Posteromedial Anatomical Plate for the Treatment of Distal Tibial Fractures With Anterior Soft Tissue Injury
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83909
Arthroscopic Management of Stiff Elbow
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83910
Treatment of Acute Unstable Distal Clavicle Fractures With Single Coracoclavicular Suture Fixation
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83911
Palmar Locking Plates for Corrective Osteotomy of Latent Malunion of Dorsally Tilted Distal Radial Fractures Without Structural Bone Grafting
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83912
The Characteristics of Patients With Type 1: Interforaminal Vertebral Artery Anomalies?
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83913
Correlation Between Facial Asymmetry, Shoulder Imbalance, and Adolescent Idiopathic Scoliosis
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83914
Fatigue Load of Current Tibial Intramedullary Nail Designs: A Simulated Study
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83915
Tips & Techniques
Double-Bundle and Double-Tunnel ACL Reconstruction With Looped Proximal Tibial FixationDouble-bundle anterior cruciate ligament (ACL) reconstruction can be demanding and time consuming and requires twice as many implants, increasing both costs and possible complications. In this article, we present a new approach to double-bundle ACL reconstruction: a biological fixation of the tibial side by means of a double tunnel and a U-shape passage of an anterior tibialis allograft, fixed into a double tunnel on the femoral condyle with 2 interference bioabsorbable screws. The technique is designed to combine 2 known procedures for the regular knee surgeon: the mono-tunnel technique and the medial-portal approach.Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84021
Interview
Periprosthetic Joint InfectionIn this issue of ORTHOPEDICS, Dr Javad Parvizi discusses the diagnostic challenges of and treatment options for periprosthetic joint infection, as well as the importance of reducing its incidence.Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84033
The Cutting Edge
Single Percutaneous Injection of Stromal Cell-derived Factor-1 Induces Bone Repair in Mouse Closed Tibial Fracture ModelStromal cell-derived factor-1 is a dominant chemokine in bone marrow that is known to be involved in inflammatory diseases, including rheumatoid arthritis. Its role in bone repair has recently been demonstrated. The purpose of this study was to investigate the role of extraneous stromal cell-derived factor-1 in fracture healing. Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84031
Pharmacology Update
Use of Intranasal Medications in Pediatric PatientsA growing body of evidence supports the intranasal administration of atomized medications for a wide variety of pediatric indications. This article describes their use applicable to orthopedic specialists in the areas of pediatric pain management, as well as pre- and intraoperative sedation. As a quick, painless alternative to more invasive routes of administration, intranasal drug delivery has shown similar time to clinical effect compared to the intravenous route, while minimizing anxiety in both patients and their parents.Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84035
Sports Medicine Update
Physical Examination Findings in Young Athletes Correlate With History of Shoulder InstabilityThe goal of this study was to evaluate physical examination findings in a healthy cohort and determine potential correlations with a history of shoulder instability. A cross-sectional analysis was performed using the baseline data for an ongoing prospective cohort study to examine the risk factors for shoulder instability. A complete history of shoulder instability events was obtained, and a blinded physical examination was performed. Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84032
Evidence-based Medicine
Single-level Posterolateral Arthrodesis, With or Without Posterior Decompression, for the Treatment of Isthmic SpondylolisthesisIn this issue, we examine a study published in 1997 in the Journal of Bone and Joint Surgery, American Volume, that investigated whether the addition of decompression to arthrodesis, performed with or without instrumentation, for the treatment of low-grade isthmic spondylolisthesis in patients who do not have a serious neurological deficit would improve the result. Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84022
Review Article
CME article
COX-2 Inhibitors for the Prevention of Heterotopic Ossification After THA
Nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) may prevent heterotopic ossification after total hip arthroplasty (THA). Cyclooxygenase 2 (COX-2) inhibitors may minimize side effects. The goal of this review was to compare the effectiveness and side effects of the perioperative use of selective COX-2 inhibitors with those of conventional NSAIDs in patients undergoing THA.
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/cmecenter/activity.aspx?aid=76748
Case Reports
Open Repair and Arthroscopic Follow-up of Severely Delaminated Femoral Head Cartilage Associated With Traumatic Obturator Fracture-Dislocation of the HipRead the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83916
Femoral Stem Dislodgement During Bipolar Hemiarthroplasty Dislocation
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83917
Endogenous Heparinoids Induced Massive Hemorrhage Postoperatively Following THA
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83918
Negative Pressure Wound Therapy for the Treatment of Infected Wounds With Exposed Knee Joint After Patellar Fracture
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83919
Atypical Tibial Tuberosity Fracture in an Adolescent
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83920
Chronic Exertional Compartment Syndrome With Medial Tibial Stress Syndrome in Twins
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83921
Proximal Humerus Shaft Fracture After Pectoralis Major Tendon Rupture Repair
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83922
Repair of Flexor Carpi Radialis Tendon Laceration at the Wrist in a Professional Ice Hockey Player
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83923
Posterior Spinal Fusion for Scoliosis in Ehlers-Danlos Syndrome, Kyphoscoliosis Type
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83924
Symptomatic Spinal Epidural Lipomatosis With Severe Obesity at a Young Age
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=83925
Radiologic Case Study
Your Diagnosis?A 41-year-old man presented with bilateral foot pain and a persistent cough 2 months after a camping trip in northern Wisconsin. He had a skin lesion and an abnormal chest radiograph.Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84024
Letters
Developing and Fractured Bones Are Invaded by Osteoblast Precursors, Not Mature OsteoblastsRead the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84025
Acute Traumatic Sternal Fracture in a Female College Hockey Player 
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84028
Periprosthetic Femoral Fractures Associated With Hip Arthroplasty 
Read the article online: ORTHOSuperSite.com/view.asp?rID=84030








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