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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Células-tronco e células do câncer têm a mesma origem

Oncogenes
Até agora, os cientistas acreditavam que os chamados oncogenes seriam genes que, quando sofrem alguma mutação, alteram as células saudáveis em células tumorais cancerosas.
Mas cientistas da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, acabam de demonstrar que esses "oncogenes" também podem alterar as células normais de uma forma totalmente inusitada: transformando-as em células-tronco.
"A realidade parece ser bem mais complicada do que as pessoas pensam," disse Jiang Zhong, coordenador da pesquisa. "O que é um gene de célula-tronco? O que é um gene de câncer? Eles podem ser a mesma coisa."
A descoberta, além de dar um novo rumo às pesquisas genéticas voltadas para o câncer, abre caminho para uma abordagem mais segura e mais prática para o tratamento de doenças como a esclerose múltipla e do próprio câncer, usando terapias de células-tronco.
Células da pele viram células do cérebro
Zhong e seus colegas conseguiram transformar células da pele humana em células do cérebro, suprimindo a expressão da p53, uma proteína codificada por um oncogene amplamente estudado.
Isto sugere que o que a mutação da p53 faz é ajudar a determinar o destino final das células - bom ou ruim - e não apenas determinar o câncer como resultado final.
"Quando você desativa a p53, as pessoas pensam que a célula torna-se cancerosa, porque nós tendemos a nos concentrar no lado ruim das coisas," disse Zhong, referindo-se aos outros grupos de cientistas que chegaram à conclusão de que a proteína gera células de câncer.
"Na verdade, a célula torna-se mais plástica e pode fazer coisas boas também. Digamos que a célula seja como uma pessoa que perde o emprego (o 'desligamento' da p53). Ela pode se tornar um criminoso ou poderia encontrar outro emprego e ter um impacto positivo na sociedade. O que a empurra em uma direção ou outra nós não sabemos, porque o ambiente é muito complicado," explica o pesquisador.
Endoderma, mesoderma e ectoderma
As células-tronco podem se dividir e se diferenciar em diferentes tipos de células no corpo.
Em humanos, as células-tronco embrionárias se diferenciam em três famílias, ou camadas germinativas, de células. As razões por que e como certas células-tronco se diferenciam em determinadas camadas em particular ainda não são claramente compreendidas.
No entanto, é a partir dessas camadas que os tecidos e órgãos se desenvolvem.
O endoderma, por exemplo, leva à formação do estômago, cólon e pulmão, enquanto o mesoderma forma os tecidos ósseos, o sangue e o coração.
Em seu estudo, a equipe de Zhong examinou as células da pele humana, que estão relacionadas ao cérebro e às células neurais do ectoderma.
Desligando o gene
Quando a p53 foi suprimida, as células da pele se desenvolveram em células que se parecem exatamente iguais às células-tronco embrionárias humanas.
Mas, ao contrário de outras células-tronco sintetizadas pelo homem, que são pluripotentes e podem se transformar em quaisquer outras células no corpo, essas células se diferenciaram apenas em células da sua própria camada germinativa, ou seja, do ectoderma.
"As IPSCs [células-tronco pluripotentes induzidas] podem se transformar em qualquer coisa, o que as torna difíceis de controlar," disse Zhong. "Nossas células estão permanecendo dentro da linhagem do ectoderma."
Ao contrário de uma limitação, isto é na verdade um fator positivo para o uso dessas células, uma vez que os cientistas sabem que ela seguirá um caminho mais restrito, com possibilidade de uma aplicação mais direcionada.

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