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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Brasil será único fabricante do kit de diagnóstico da Hepatite D


Hepatite Delta
O Brasil deve se tornar o único país a produzir o kit para diagnóstico da hepatite delta, conhecida também como hepatite D.
Atualmente este kit é produzido pela Fundação Merieux, da França. A produção deve passar a ser feita pela Bahiafarma, que está em processo de instalação das suas fábricas.
Além da parceria entre a Fundação Merieux e a Bahiafarma para a produção do kit de diagnóstico para a hepatite delta, os franceses devem desenvolver, em conjunto com cientistas brasileiros, pesquisas no Parque Tecnológico, que será inaugurado até o final deste ano.
Haverá um espaço destinado à criação de um pólo para estudos dos cuidados com a hepatite.
"Buscamos permitir que a doença seja identificada e que se consiga dar melhores condições de tratamento para cerca de duas mil a três mil pessoas que estimamos que tenha essa doença já contraída aqui no Brasil", afirmou Carlos Trindade, da Bahiafarma.
Ele afirma ainda que esse kit diagnóstico tem a função de identificar e mapear o comportamento da doença e com isso abrir a possibilidade de adoção de medidas adequadas para que ela não progrida.
Apoio a doenças negligenciadas
O diretor de desenvolvimento internacional Fundação Merieux, François-Xavier Babin, e o assessor Christian Trepo explicaram que a fundação apoia programas de pesquisa em doenças como a tuberculose, infecções respiratórias, malária, HIV e hepatite.
"A Fundação Mérieux busca apoiar ativamente a criação de ferramentas para a vigilância epidemiológica e fazer transferência de tecnologias adequadas à pesquisa nos países em desenvolvimento" esclareceu François-Xavier Babin.
Os representantes da fundação francesa disseram que a ideia é também capacitar profissionais brasileiros: "Este é um projeto muito interessante e muito atrativo para a fundação", disse François-Xavier Babin.
O investimento permitirá fazer um laboratório de alto nível tecnológico e possibilitará avanços no tratamento não só das hepatites virais, mas também de viroses respiratórias.
Hepatite D
De acordo com o médico hepatologista e professor da Universidade Federal da Bahia, Raymundo Paraná, a hepatite delta é uma das doenças mais negligenciadas no Brasil.
Estudos apontam que a doença é registrada principalmente, na região da Amazônia Ocidental, nas comunidades do alto Purus, Vale do Javari, do Juruá, do Madeira. Existem notificações também em Rondônia e todo o Acre, e alguns focos no Mato Grosso e no Pará.
Ainda segundo Raymundo, os casos no Acre, em Rondônia e no Amazonas se espalham ao longo do território, enquanto no Pará, os surtos são localizados. Em seus estudos, Paraná aponta que existem fatores locais que contribuem para a maior incidência da doença no norte.
A hepatite delta, ou hepatite D, é uma doença infecciosa viral, contagiosa, causada pelo vírus da hepatite delta ou HDV (é um vírus RNA, que precisa do vírus B para que ocorra a infecção), podendo apresentar-se como uma infecção assintomática ou sintomática e, nesses casos, até mesmo com formas graves de hepatite.
O período de incubação é de 2 a 12 semanas. Existem áreas de alta prevalência na Bacia Amazônica, África Central, Sul da Itália e países do meio leste.
Raymundo Paraná explica que havendo a prevenção da hepatite B por meio de vacinas e também de educação sexual, haverá, conseqüentemente, a prevenção da Hepatite D.
Para a hepatite aguda não existe tratamento e a conduta é expectante, com acompanhamento médico. As medidas sintomáticas são semelhantes àquelas para o vírus B. No caso da hepatite crônica o tratamento deve ser realizado em ambulatório especializado.

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