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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Vícios comportamentais podem ser tão sérios quanto álcool ou drogas

Vícios

O Dr. Mark Griffiths, da Universidade Nottingham Trent, no Reino Unido, já vem oferecendo um tratamento para viciados em tecnologia há algum tempo.

Depois de estudar o tema por mais de 25 anos, ele agora afirma acreditar "enfaticamente" que o ato de jogar e apostar, se levado ao extremo, é tão viciante quanto qualquer droga química.

Neste texto, escrito para a BBC, o próprio pesquisador comenta os resultados de seu trabalho e explica como ele chegou a esta conclusão.

Efeitos dos vícios

"Os efeitos sociais e de saúde da jogatina extremada são muitos e têm muita coisa em comum com os efeitos de vícios mais tradicionais, entre eles mau humor, problemas de relacionamento, absenteísmo do trabalho, violência doméstica e ir à falência.

Os efeitos para a saúde - para jogadores e seus parceiros e parceiras - incluem ansiedade, depressão, insônia, problemas intestinais, enxaquecas, estresse, problemas estomacais e pensamentos suicidas.

Se comportamentos como a jogatina podem se tornar um vício genuíno, em teoria não existe razão que impeça alguém de se viciar em atividades como videogames, trabalho ou exercícios físicos.

Pesquisas sobre jogadores compulsivos relatam que eles sofrem ao menos um efeito colateral quando passam por períodos de abstinência, como insônia, dores de cabeça, perda de apetite, fraqueza física, palpitações cardíacas, dores musculares, dificuldades de respiração e calafrios.

Quando um hábito vira vício

Na verdade, jogadores compulsivos aparentam sofrer mais sintomas de abstinência física quando tentam cortar o vício do que viciados em drogas.

Mas quando é exatamente que um entusiasmo saudável se transforma em um vício?

Comportamento excessivo por si só não significa que alguém seja viciado.

Eu consigo pensar em muitas pessoas que se envolvem em atividades excessivas, mas eu não as classificaria como viciadas, já que elas parecem não sofrer qualquer efeito negativo ao apresentar tal comportamento.

Em essência, a diferença fundamental entre o excesso de entusiasmo e o vício é que os entusiastas saudáveis adicionam vida às atividades desprovidas dela.

Para qualquer comportamento ser definido como viciante, é preciso que existam consequências específicas, como se tornar a atividade mais importante na vida de uma pessoa, ou ser o meio pelo qual o humor dela pode melhorar.

Essas pessoas podem também começar a precisar fazer mais e mais da atividade ao longo do tempo para sentir seus efeitos e sentir sintomas físicos e psicológicos de abstinência se eles não conseguem fazê-lo.

Isso pode levar a conflitos com o trabalho e com responsabilidades pessoais e muitos podem até viver recaídas se tentarem largar o vício.

A maneira pela qual os vícios se desenvolvem - sejam eles químicos ou comportamentais - é complexa.

Vício comportamental

O comportamento viciante se desenvolve a partir de uma combinação de predisposição biológica e genética de uma pessoa, o ambiente social em que ela cresceu e sua constituição psicológica, como traços de personalidade, atitudes, experiências e crenças e a própria atividade.

Muitos vícios comportamentais são vícios "ocultos".

Diferentemente do alcoolismo, o viciado em trabalho não apresenta a fala embolada ou sai tropeçando.

No entanto, o vício comportamental é um tema relativo à saúde que precisa ser levado a sério por todos os profissionais das áreas médicas ou de saúde.

Se o principal objetivo dos profissionais da área médica é garantir a saúde de seus pacientes, então ter consciência sobre o vício comportamental e os temas que o cercam deveriam ser tão importantes quanto o conhecimento básico e o treinamento.

Diversos vícios comportamentais podem ser tão graves quanto vícios em drogas."

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