A nuvem de radiação da usina de Fukushima espalhou também a preocupação com o tratamento das pessoas afetadas por acidentes nucleares, que nunca se restringem ao local do acidente. |
Urânio, césio e etc.
Não é à toa que existe um temor geral com acidentes envolvendo radiação, seja em uma usina nuclear, seja com um aparelho médico usado, como aconteceu em Goiânia com uma cápsula de césio 137.
Nesses eventos, tem sido padrão dar maior importância a resguardar as pessoas que ainda não foram contaminadas do que realmente tratar os pacientes, que são isolados rapidamente.
Pior do que isso, há pouco a se fazer hoje para ajudá-los.
Remédios contra radiação
Agora, pela primeira vez, médicos descobriram que dois medicamentos já disponíveis no mercado podem ser usados para ajudar no tratamento de pessoas afetadas por radiação.
A Dra. Evan Guinan e seus colegas do Hospital Infantil de Boston (EUA) demonstraram que a combinação de dois remédios consegue aliviar a doença da radiação, ou síndrome aguda da radiação.
Os cientistas testaram uma combinação de ciprofloxacina e uma versão sintética de uma proteína humana de defesa contra infecções, chamada BPI - a versão sintética chama-se rBPI21.
As cobaias que receberam a combinação dos dois remédios até 24 horas depois de serem expostos a uma dose letal de radiação conseguiram se recuperar. Cada um dos medicamentos isoladamente não produziu efeitos.
Eficaz e prática
As terapias sugeridas até hoje não foram tão eficazes quanto a combinação dos dois medicamentos, além de precisarem ser aplicadas minutos após a exposição à radiação, o que não é possível no caso de acidentes reais.
Agora os pesquisadores vão testar a combinação em humanos, o que não deverá demorar, por se tratar de medicamentos já aprovados.
Governos de todo o mundo têm demonstrado interesse em manter estoques de segurança de medicamentos anti-radiação principalmente depois do acidente da Usina de Fukushima, no Japão, que mostrou que os efeitos não se restringem às imediações do acidente.
Efeitos da radiação sobre o corpo humano
A doença da radiação, também conhecida como síndrome aguda de radiação, varia com a quantidade de radiação que um indivíduo recebe.
Os primeiros sinais da doença são geralmente náuseas e vômitos, que podem ser seguidos por febre, fraqueza, tonturas, sangramento nos vômitos e fezes, dificuldade respiratória e infecções.
Os tecidos do corpo que produzem o sangue, sistema nervoso, aparelho digestivo, pulmões, sistema cardiovascular, tudo pode ser afetado.
Em doses muito elevadas, a radiação é geralmente fatal.
Dentro do corpo, os efeitos da radiação pesada podem incluir o "vazamento" de bactérias, e das toxinas que elas produzem, do trato digestivo, ou através de danos na pele, para a corrente sanguínea.
Os efeitos da radiação são devastadores sobre as funções do coração e dos pulmões, interrompendo o processo de coagulação do sangue, e levando à inflamação dos tecidos em todo o corpo.
Quando bactérias ou toxinas entram no sangue em condições normais, o sistema imunológico responde enviando neutrófilos - células brancas do sangue - para destruir os invasores.
Mas quando uma pessoa foi exposta a níveis elevados de radiação, a capacidade de gerar neutrófilos é quase totalmente destruída.
"É uma tempestade perfeita de eventos causadores de doenças," observa Guinan. "A radiação resulta em bactérias e endotoxinas entrando na corrente sanguínea ao mesmo tempo que as defesas do corpo são reduzidas."
Não é sem razão que os cientistas estão tão entusiasmados com a descoberta de que dois medicamentos conhecidos podem ser usados para tratar toda essa cascata de eventos danosos com grande eficácia.
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