Em busca de medicamentos naturais
Cada vez mais, os pacientes chegam para consultas com especialistas em hipertensão levando consigo produtos "naturais" que eles usam na esperança de baixar sua pressão arterial.
Quem conta é o Dr. John Bisognano, da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos.
E, como a maioria dos médicos, Bisognano afirma nem sempre saber se esses produtos vão fazer algum bem ou se podem causar algum mal.
"Neste momento estamos vendo uma mudança cultural, onde um número crescente de pessoas quer evitar os produtos farmacêuticos convencionais," diz Bisognano.
"Também estamos vendo um número crescente de pacientes que necessitam de um grande número de medicamentos para controlar sua pressão arterial e que estão à procura de algo mais para ajudá-los a cuidar da saúde," completa.
Tratamentos alternativos para a hipertensão
Em um esforço para dar mais e melhores informações aos profissionais de saúde e pacientes, Bisognano e seu colega, o cardiologista Kevin Woolf, fizeram a revisão mais abrangente sobre o assunto já feita até hoje.
Eles varreram toda a bibliografia médica em busca de estudos sobre intervenções não-medicamentosas para o tratamento da pressão arterial elevada.
Os resultados ganharam destaque na edição de setembro do Journal of Clinical Hypertension.
Woolf disse que não há dados suficientes para recomendar qualquer uma destas opções alternativas em uma substituição radical dos medicamentos convencionais, mas, numa base individual, ele acha que elas são úteis.
"Os pacientes têm diferentes históricos e diferentes estilos de vida," diz Woolf. "É aqui que entra a arte da medicina. Conhecer os pacientes e saber os tratamentos que eles vão ou não vão adotar pode ajudar os médicos a identificar as terapias mais adequadas aos hábitos de seus pacientes e que eles esperam que fará a diferença para eles."
Woolf e Bisognano enfatizam que todos os pacientes com hipertensão devem aderir a uma dieta com pouco sal, rica em fibras, pobre em gorduras e que incorpora muitas frutas e vegetais.
Eles devem ainda seguir um programa de exercícios físicos e de perda de peso.
Quaisquer opções alternativas que sejam consideradas para uso devem sê-lo em acréscimo a essas alterações no estilo de vida.
Quando se trata de segurança, Bisognano acrescenta: "Estas opções alternativas são geralmente inofensivas, salvo quando afastam os pacientes dos medicamentos que precisam tomar. Se um paciente está tomando um suplemento em vez de algo que sabemos que é útil, isso pode ser um problema."
Suplementos dietéticos
A estrela que mais brilha entre os suplementos é a coenzima Q10, uma enzima envolvida na produção de energia que também atua como um antioxidante.
Pacientes com hipertensão tendem a ter níveis mais baixos dessa enzima, e uma meta-análise - uma análise abrangente dos estudos do passado - descobriu que o tratamento com suplementos de coenzima Q10 reduz significativamente a pressão sanguínea.
Woolf observa que "a coenzima Q10 tem um efeito muito profundo sobre a pressão arterial, mas sempre que uma pesquisa é baseada em uma coleção de dados você tem que ter algum ceticismo." Ainda assim, diz ele, o composto é promissor.
Os cientistas também descobriram que o potássio ajuda a baixar a pressão arterial, e há evidências de que o aumento da quantidade de potássio que obtemos através dos alimentos que comemos pode gerar alguns dos mesmos benefícios leves produzidos pelos suplementos.
Plantas medicinais e ervas
Os remédios à base de plantas que os cientistas identificaram incluem o extrato de visco, usado na medicina tradicional chinesa para tratar a hipertensão.
O extrato de visco reduziu a pressão arterial em estudos com animais, mas Woolf adverte que o produto pode ser tóxico em altas doses.
O extrato de Hawthorn, um tipo de árvore, também é usado, mas oferece apenas uma leve redução da pressão arterial.
Por outro lado, há um punhado de ervas medicinais - erva de São João, ephedra/ma huang, ioimbina e alcaçuz - que podem aumentar a pressão arterial.
Woolf e Bisognano afirmam que os profissionais de saúde e os pacientes precisam estar cientes de que a segurança destes produtos nem sempre é rigorosamente estabelecida, e que as formulações podem variar.
Acupuntura/Meditação
As pesquisas sobre acupuntura e meditação são muito variadas, dificultando as comparações - há variações nos tipos de pacientes incluídos, nos métodos utilizados e, por decorrência, nos resultados obtidos.
Embora não haja evidências conclusivas de que elas reduzam a pressão arterial, os pesquisadores descobriram que a acupuntura reduz a pressão arterial em comparação com placebo em pacientes que também tomam anti-hipertensivos.
Em uma meta-análise, a meditação transcendental mostrou redução na pressão arterial.
Outras técnicas que podem proporcionar algum benefício incluem a meditação Zen budista e o Qi Gong.
Dispositivos
Alguns dispositivos desenvolvidos nos últimos anos envolvem um procedimento médico, enquanto outros utilizam tecnologia que obriga os pacientes a participar em diversos exercícios.
Aqueles que envolvem um procedimento incluem o aparelho implantável Rheos® que regula a pressão arterial, muito parecido com um marca-passos para regula o ritmo cardíaco, e o sistema de cateter Symplicity®, que destrói os nervos em torno dos rins que enviam sinais inadequados ao cérebro para aumentar a pressão arterial.
Ambos são projetados para pacientes com hipertensão difícil de tratar, e mostraram quedas significativas na pressão arterial em estudos clínicos. Eles só estão disponíveis para os participantes de pesquisas, não estando ainda à venda.
Dois dispositivos que os pacientes podem usar no conforto de seus próprios lares são o dispositivo de respiração Resperate e o Zona Plus.
O sistema Resperate utiliza um sensor de respiração e dá aos pacientes um feedbackatravés de fones de ouvido para ajudá-los a deixar sua respiração mais lenta, que a pesquisa sugere ter benefícios sobre a pressão arterial.
Se usado 15 minutos por dia, os estudos mostram que o Resperate leva a uma diminuição modesta na hipertensão.
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