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quarta-feira, 9 de março de 2011

Promessas das pesquisas genéticas estão exageradas, dizem cientistas

Bolha de expectativas da genética
Dez anos depois que o código genético humano foi mapeado, as expectativas entre os cientistas, a indústria ligada à saúde, os gestores políticos e o público em geral continuam elevadas em relação à promessa da pesquisa genômica em promover melhorias na área da saúde.
Mas quatro especialistas de renome internacional na área de medicina genética e bioética afirmam que é hora de rever essas expectativas.
Eles lançaram um artigo na renomada revista Science advertindo contra os perigos das expectativas exageradas e daquilo que eles chamam de "insustentável bolha genômica".
Ao mesmo tempo, eles fazem recomendações sobre como evitar essa "bolha inflacionária de expectativas" e como caminhar rumo à "verdadeira - e considerável - promessa da revolução genômica".
Do deslumbramento à realidade
"Este texto é uma tentativa de trazer algum equilíbrio entre as esperanças e as declarações que giram em torno da questão da medicina genômica.
É um ensaio de advertência que tenta exaltar o potencial real e formidável da medicina genômica, mas também tenta combater aquilo que vemos como exagero," afirma o Dr. James P. Evans, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos e um dos autores do artigo.
"Nosso medo é que, se formos acríticos e ingênuos em nosso entusiasmo em relação a essas tecnologias tão entusiasmantes, corremos o risco tanto de desperdiçar recursos preciosos quanto de fazer procedimentos prematuros com potencial para prejudicar os pacientes - assim como de uma reação que irá prejudicar o nosso campo," adverte Evans.
Os autores descrevem o progresso já alcançado pela pesquisa genômica como "deslumbrantes".
Contudo, alertam que as consideráveis promessas da genômica devem ser avaliadas através de uma lente realista.
Efeito placebo supera a genética
Avanços na medicina individualizada ou na farmacogenética, por exemplo, "ainda dependem do comportamento humano para produzir resultados na saúde": os resultados dependem mais da expectativa do paciente que toma o medicamento do que da genética, garantem os autores.
Entre as razões que tornaram a genômica um alvo persistente das expectativas "hiperbólicas" e infladas, são apontadas a impaciência pelas aplicações práticas, as forças de mercado e o entusiasmo desenfreado, mas acrítico.
A mídia também é apontada como "desempenhando um papel evidente na criação de expectativas irrealistas."
"Estas forças agem em conjunto para produzir uma espécie de "ciclo do exagero" que geram representações excessivamente otimistas das pesquisas," disse Timothy Caulfield, coautor do estudo.
Mais pesquisas sociais e comportamentais
Na sua pequena lista de recomendações para evitar a inflação da "bolha do genoma", os autores listam os seguintes itens:
  1. reavaliar as prioridades de financiamento, priorizando pesquisas em ciências comportamentais e sociais que visem a mudança de comportamento para melhorar a saúde;
  2. promover uma compreensão realista "da natureza incremental da ciência e da necessidade de rigor estatístico" dentro da comunidade científica, e [cuidar] que a mídia faça alegações mais responsáveis sobre a pesquisa genômica;
  3. manter o foco no desenvolvimento de provas de alta qualidade antes de integrar as descobertas na prática médica.
"Ao destacar os riscos de continuar a prometer resultados da ciência genômica, esperamos chamar a atenção para uma abordagem mais sustentável para colhermos os benefícios da ciência genômica," disse Eric Meslin.

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