Método que mescla técnicas de biologia molecular com testes bioquímicos permite a identificação mais rápida e precisa de espécies de bactéria do gênero Enterococcus. O tema foi estudado pela bióloga Érica Scheidegger durante o mestrado. “Esse projeto pode vir a colaborar na identificação desses microrganismos, ajudando os profissionais da aréa de saúde e também os órgãos de Vigilância Sanitária”, diz a pesquisadora.
Bactérias do gênero Enterococcus estão bastante presentes no meio ambiente. Fazem parte de nossa flora intestinal e são utilizadas pela indústria de alimentos. No entanto, algumas espécies podem causar problemas, sobretudo em pessoas imunocomprometidas e idosas (Imagem: CDC/Janice Carr/Wikimedia) |
Atualmente, para identificar espécies da bactéria Enterococcus, são empregados processos bioquímicos, que podem consumir vários dias de trabalho. Feito no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), o estudo combina esses mesmos processos com uma metodologia molecular conhecida como RFLP (sigla em inglês para Polimorfismo de Comprimento de Fragmento de Restrição), que é associada à técnica PCR (sigla em inglês para Reação em Cadeia da Polimerase). À combinação dessas técnicas dá-se o nome de PCR/RFLP.
Os processos bioquímicos caracterizam-se pela utilização de diferentes tipos de açúcares, sendo que cada um deles atrairá a preferência de determinada espécie da bactéria. No entanto, essas análises apresentam dois problemas: a precisão na leitura dos resultados e o tempo dispensado para sua realização. “O primeiro problema acontece porque, normalmente, existem similaridades nas exigências nutricionais dos Enterococcus, o que acaba acarretando dúvidas em sua identificação”, afirma Érica. O tempo também é um empecilho, pois, às vezes, são necessários mais de 12 testes para definir uma única espécie do microrganismo, consumindo-se dias de trabalho em bancada.
Já a PCR/RFLP permite observar fragmentos do material genético do microrganismo. Isso não permite a classificação exata da bactéria, mas ajuda os pesquisadores a pularem etapas do processo bioquímico. “Com a PCR/RFLP eu consigo, em apenas dois dias, enquadrar o microrganismo que estudo entre cinco grupos possíveis de espécies. Isso diminui a quantidade de testes bioquímicos necessários, o que dinamiza o processo, se levarmos em conta que há mais de 30 tipos de espécie de Enterococcus”, explica a bióloga. A associação das técnicas, realizada no INCQS, apesar do custo maior, é mais rápida e eficiente.
A importância da bactéria Enterococcus
A importância da bactéria Enterococcus
As bactérias do gênero Enterococcus estão bastante presentes no meio ambiente, sendo encontradas em quase tudo o que cerca os seres humanos – inclusive, normalmente, fazem parte de nossa flora intestinal. A indústria – sobretudo a de produtos lácteos – também a utiliza com frequência. Espécies de Enterococcus são usadas em processos de fermentação de alguns alimentos, fornecem sabores específicos em alguns tipos de queijo, destroem outras bactérias nocivas ao homem e são empregadas como probióticos, que auxiliam no combate ao 'mau colesterol'.
No entanto, por ser um microrganismo oportunista, algumas de suas espécies podem causar problemas, sobretudo em pessoas imunocomprometidas e idosas. Nesses casos, aproveitando-se da baixa imunidade, a bactéria pode provocar doenças e até óbito. Por isso, a pesquisa de Érica torna-se ainda mais importante, já que é de todo interesse, tanto dos órgãos de saúde quanto da indústria, ter agilidade e precisão na identificação das bactérias Enterococcus.
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