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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O desafio da interdisciplinaridade para a nanoeducação

Entendida como o ataque de um assunto por vários ângulos e métodos, ultrapassando os limites disciplinares e gerando novas formas de compreensão, a interdisciplinaridade permanece como desafio para a formação dos novos profissionais que atuarão em nanociências e nanotecnologias. Foi a conclusão a que chegaram palestrantes do 7º Seminário de Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente, que termina hoje (12/11), no Hotel Sofitel, em Copacabana, no Rio, organizado pela Fiocruz.

Segundo Peter Schulz, da Unicamp, os currículos dos cursos de nanotecnologia pecam pela ausência de discussão sobre uma nova forma de produção do conhecimento; pela armadilha da multidisciplinaridade como mera acumulação de conteúdos; pelo simplismo da aglutinação de disciplinas já existentes; e pela visão de que as humanidades são apenas um apêndice. “A interdisciplinaridade não pode ser vista como um quadro de natureza morta. Não é mais o mesmo. É mais do que a soma das partes. É complexidade. Assim devem ser pensados os currículos em nanotecnologia”, disse.

De acordo com Renata Simões, da UFRJ, o crescimento do Brasil tem colocado novas demandas e novos produtos, o que exige a formação de novos profissionais, com competências multidisciplinares. Com base nisso, a UFRJ criou o bacharelado em nanotecnologia, que reúne atualmente seus primeiros 47 alunos, 36 no campus da Ilha do Fundão e 11 no campus de Xerém. Com duração de quatro anos, o curso oferece disciplinas de cálculo, física, química e biologia, além de duas específicas em nanotecnologia. Para garantir uma maior aproximação do estudante com os diferentes campos do conhecimento, o currículo exige que o aluno faça estágios rotatórios em todas as áreas.

Naira Balzaretti, da UFRGS, também apresentou as iniciativas de sua universidade para formar profissionais em nanotecnologia, desafio que ela descreveu com a metáfora “fazer uma salada de tantas verduras”. A pesquisadora dividiu as ações da UFRGS em três grupos. O primeiro inclui uma série de atividades informativas, como a realização de eventos e a produção de livros didáticos. O segundo é o curso de pós-graduação em ciências dos materiais, “um excelente lugar para fazer aquela salada”, de acordo com a palestrante. Já o terceiro grupo de ações é o bacharelado em física, com foco em materiais e nanotecnologia. “O grande desafio é fazer com que uma geração de profissionais com formação disciplinar seja responsável pelo ensino de uma nova geração interdisciplinar”, destacou Naira. Ela lembrou, ainda, que a universidade – acostumada a formar cientistas que continuam na academia – precisa aprender a olhar para fora da instituição. O último a falar foi Marco Aurélio Pacheco, da PUC-Rio, que apresentou o curso de engenharia em nanotecnologia.

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