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quarta-feira, 11 de abril de 2012


Papanicolaou em homens detecta tumor anal

MARIANA VERSOLATO ENVIADA ESPECIAL A ÉVIAN (FRANÇA)

O exame de papanicolaou, feito em mulheres para rastrear câncer do colo do útero, deveria deixar de ser algo exclusivamente feminino e ser realizado também em homens, dizem especialistas.

No Hospital das Clínicas da USP, médicos do ambulatório de proctologia e DSTs vêm fazendo, há cerca de seis anos, o papanicolaou anal em mulheres e homens para detectar lesões causadas por HPV e diagnosticar câncer de ânus precocemente.

O papanicolaou anal é pouco conhecido por aqui, mas é muito difundido em outros países, como os EUA.

"Estamos lutando para a população ficar sabendo, inclusive os médicos. As pessoas têm que exigir o exame e os médicos precisam dar essa resposta à sociedade", afirma Fábio Atui, proctologista do ambulatório do HC que participou do congresso Gut Microbiota for Health World Summit, na França.

Segundo ele, o tabu sobre o assunto é uma barreira para a maior conscientização sobre o exame.

O teste é feito numa população com maior risco de ter a doença, como pessoas com HIV, imunossuprimidos (quem fez um transplante, por exemplo), quem faz sexo anal (homem ou mulher) e pessoas com histórico de lesões genitais por HPV.

RARO

O câncer de ânus, apesar de raro (1,5 caso em 100 mil pessoas), tem se tornado mais frequente. Um dos fatores é a sobrevida maior de pacientes com HIV, que têm maior risco de desenvolver lesões pré-cancerosas. Uma proteína do HIV estimula a expressão do HPV.

"Mudanças sexuais nas últimas décadas tornaram a transmissão de HPV mais intensa", diz Luisa Villa, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Por causa da maior exposição ao vírus, a doença é mais comum entre homens homossexuais, diz Caio Nahas, proctologista do HC.

"Mas só o contato com áreas infectadas, com os dedos, pode passar o vírus. Não é surpreendente que pessoas que nunca fizeram sexo anal tenham lesões", diz Villa.

Como o risco de câncer, nesses casos, é bem menor, o exame não precisa ser feito em homens héteros sem HIV, segundo Atui. O proctologista diz que quem tem uma lesão por HPV pode ter câncer anal, mas não dá para afirmar que ao tratar a lesão evita-se o câncer.

"Mas quem tiver a lesão vai ser visto de perto e o diagnóstico do câncer será precoce. O exame se justifica por isso."

Villa afirma que o ferramentas de detecção precoce do câncer anal são importantes, dado o aumento da incidência da doença. No entanto, não há pesquisas suficientes para dizer que o papanicolaou é um exame de rastreamento desse tipo de câncer.

"Ainda precisamos de estudos para confirmar que o teste é uma ferramenta preventiva como é o papanicolaou para a mulher."

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