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terça-feira, 24 de abril de 2012

Lista de procedimentos reduz em 18% mortalidade por infarto

Check-list do infarto

Médicos do Hospital do Coração de São Paulo (HCor) criaram uma lista de procedimentos - um assim chamado protocolo médico - que pode reduzir em 18% o número de mortes por infarto.

Baseada no esquema de segurança das companhias aéreas, as ações garantem que as equipes médicas sigam os protocolos essenciais no tratamento de pacientes com ataque cardíaco.

Realizado em parceria com o Ministério da Saúde, o projeto teve reconhecimento internacional, e agora pode melhorar o atendimento a pacientes cardíacos do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Dr. Otávio Berwanger, do HCor, explica que o estudo constatou que muitos procedimentos fundamentais eram deixados de lado no atendimento aos pacientes infartados.

"Antes de agir, nós notamos que apenas metade dos pacientes recebia todos os tratamentos de acordo com o protocolo" para nas primeiras 24 horas, afirmou o médico.

Organização e métodos

Segundo ele, a falta de aplicação de todos os protocolos ocorre em todo o mundo e não está ligada a desconhecimento ou negligência dos profissionais.

Para Berwanger, em uma emergência de hospital, o comportamento dos médicos e enfermeiras acaba seguindo um padrão semelhante ao dos passageiros de um avião.

"Só falando, alguns não deixam a cadeira na posição vertical ou deixam o celular ligado. Precisa ter alguma intervenção ativa que vá lá e faça mudar o comportamento", ressaltou.

Para confirmar a hipótese, foi adotada uma intervenção experimental semelhante à dos procedimentos de checagem de segurança adotados nos voos comerciais. "Nós pedimos para uma enfermeira atuar como uma gerente de caso, que é que nem a aeromoça que checa se você desligou o celular e colocou a cadeira na posição vertical".

Durante cerca de oito meses, ao longo de 2011, a equipe do HCor monitorou 34 hospitais públicos do país para verificar como os pacientes com síndrome coronariana aguda (infarto) eram atendidos.

Metade dos hospitais foi apenas observada, enquanto outro grupo recebeu treinamento para aplicação da intervenção multifacetada, que incluía materiais educacionais, listas e lembretes que tinham como base evidências científicas de controle da doença.

Pulseira

"Ao chegar ao hospital, o paciente passava por uma triagem. Se apresentasse algum sintoma, um lembrete era anexado ao formulário para que o médico soubesse que se tratava de um paciente de risco. Além da notificação no formulário médico, o paciente recebia uma pulseira que o identificava de acordo com a categoria de risco," explica Berwanger.

"Fizemos isso durante oito meses nos hospitais", relata. "Ocorreu um aumento de 18% na adesão aos padrões nas primeiras 24 horas. E 19%, em toda a hospitalização."

De acordo com Berwanger, a cada 10% de aumento na adesão às diretrizes, há uma redução de 10% na mortalidade dos pacientes.

A maioria das mortes por infarto ocorre nas primeiras horas de manifestação da doença - 65% dos óbitos ocorrem na primeira hora e 80% até 24 horas após o início do infarto.

Além dos remédios

Os resultados da primeira fase do projeto foram apresentados com destaque no Congresso do Colégio Americano de Cardiologia (American College of Cardiology Scientific Sessions 2012), realizado em Chicago (EUA).

O trabalho também repercutiu positivamente em artigo publicado na revista científica JAMA (Journal of the American Medical Association), uma das publicações médicas mais importantes do mundo.

Para o ministro Alexandre Padilha, que recebeu a visita da equipe do HCor que coordenou o projeto, o comportamento clínico é fundamental para melhorar a qualidade no atendimento aos pacientes cardíacos.

"Muitas vezes o paciente com infarto não recebe as terapias adequadas para o tratamento e isso dificulta sua recuperação. Mais do que medicamentos - que hoje são oferecidos gratuitamente pelo SUS - precisamos oferecer um atendimento rápido e adequado ao paciente, pois isso significa a diferença entre a vida e morte," avalia o ministro.

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