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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Filhos de mães deprimidas têm cérebro diferente


Mães e o cérebro dos filhos
Há anos os cientistas falam em plasticidade cerebral, alterações impostas à fisiologia cerebral pelo indivíduo ou pelas situações que ele vive.
Agora, uma equipe canadense descobriu que o cérebro é sensível à qualidade da assistência recebida durante a infância.
Especificamente, eles descobriram que os cérebros de crianças com cuidados deficientes na primeira infância são diferentes.
Os efeitos foram especialmente marcantes entre as crianças com mães com depressão e as crianças que passam muito tempo no orfanato antes de serem adotadas.
Depressão e orfanatos
Os cientistas trabalharam com crianças de 10 anos de idade cujas mães apresentaram sintomas de depressão ao longo da vida.
Eles descobriram que a amígdala dessas crianças, uma parte do cérebro ligada às respostas emocionais, é maior do que nas crianças sem esse histórico materno.
Alterações semelhantes, porém de maior magnitude, foram encontradas nos cérebros de crianças adotadas que passaram uma parte da infância em orfanatos.
Já as crianças adotadas mais novas e por famílias mais afluentes não apresentam a ampliação da amígdala.
O atendimento personalizado às necessidades das crianças pode ser o fator chave para essas alterações cerebrais.
"Outros estudos mostraram que mães que se sentem deprimidas são menos sensíveis às necessidades de seus filhos, mais retraídas e menos envolvidas," explicam os drs. Sophie Parent e Jean Séguin, da Universidade de Montreal, que acompanharam as crianças ao longo de vários anos.
Desenvolvimento da amígdala
Os cientistas acreditam que a amígdala está envolvida na atribuição de significado emocional às informações e aos eventos, além de contribuir para a forma como nos comportamos em resposta a riscos potenciais.
A necessidade de aprender sobre a segurança ou o perigo de novas experiências pode ser maior no início da vida, quando sabemos pouco sobre o mundo que nos rodeia.
De fato, estudos com outros mamíferos, como primatas, mostram que a amígdala se desenvolve mais rapidamente logo após o nascimento.
"Nós não sabemos se o alargamento [da amígdala] que observamos resulta da exposição a longo prazo a cuidados de menor qualidade. Mas nós mostramos que crescer com uma mãe deprimida está associado com uma amígdala ampliada," afirmam os cientistas.
Cérebro sensível ao ambiente
"Isto sugere fortemente que o cérebro pode ser altamente sensível ao meio ambiente durante o desenvolvimento inicial e confirma a importância da intervenção precoce para ajudar crianças que enfrentam adversidades", disse a Dra. Sonia Lupien, coautora do trabalho.
"Iniciativas como visitas de enfermagem pré-natal e ambientes domésticos mais ricos podem atenuar os efeitos do cuidado parental sobre o cérebro em desenvolvimento," conclui ela.

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