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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Ecstasy modificado destrói células cancerígenas


Ecstasy para o bem
Uma fórmula modificada da droga ecstasy poderá vir a desempenhar um papel importante no combate às células de alguns tipos de câncer, segundo cientistas britânicos e australianos.
O ecstasy, composto geralmente de anfetaminas, já era conhecido por matar algumas células cancerígenas, mas uma equipe de pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha, e da Universidade da Austrália, diz que conseguiu aumentar a eficiência da droga em cem vezes.
O estudo foi divulgado na publicação científica internacional Investigational New Drugs.
Experimentos preliminares mostraram que a substância pode matar células de leucemia, linfoma e melanoma em um tubo de ensaio.
No entanto, os cientistas dizem que qualquer tratamento pode levar pelo menos uma década para ser desenvolvido.
A organização britânica de Pesquisa sobre Leucemia e Linfoma disse que as conclusões do estudo são "um significativo passo à frente".
Overdoses
Em 2006, uma equipe da Universidade de Birmingham mostrou que ecstasy e antidepressivos como Prozac tinham potencial para impedir o crescimento de cânceres.
O problema é que, para isso, os pacientes teriam que consumir doses muito altas - e possivelmente fatais - das drogas.
Em colaboração com a Universidade da Austrália, os pesquisadores modificaram quimicamente o ecstasy, retirando alguns átomos da substância e substituindo-os por outros.
Uma das variações testadas aumentou a eficiência no enfrentamento das células cancerígenas em 100 vezes. Isso significa que, se 100 gramas de ecstasy não modificado fossem necessárias para conseguir o efeito desejado, somente 1 grama da substância será necessário para atingir o mesmo efeito.
Segundo os cientistas, a modificação também reduz o efeito tóxico no cérebro.
Eliminação do câncer
O chefe da pesquisa, professor John Gordon, da Universidade de Birmingham, disse à BBC que, em alguns casos, foi possível eliminar 100% das células cancerígenas com os novos compostos.
"Nós precisamos identificar com precisão quais são os casos mais sensíveis, mas (a substância) tem o potencial de eliminar todas as células nesses exemplos."
"Isso aconteceu no tubo de ensaio, poderia ser diferente no paciente, mas por enquanto é excitante", disse Gordon.
Células ensaboadas
Os cientistas acreditam que a nova droga é atraída pela gordura nas membranas das células cancerígenas.
De acordo com eles, a ligação com a substância faz com que as células se comportem como se estivessem "um pouco ensaboadas", o que pode romper a membrana e matar o núcleo celular.
Durante o experimento, as células cancerígenas se mostraram mais suscetíveis a este efeito do que as saudáveis.
No entanto, os médicos não devem começar a prescrever ecstasy modificado para os pacientes com câncer no futuro próximo. Ainda seria preciso fazer estudos com animais e testes clínicos antes de considerar a alternativa.
Antes do próximo passo, químicos na Grã-Bretanha e na Austrália tentarão refinar a droga, já que acreditam que ela pode ser ainda mais potente.
Mas mesmo que tudo dê certo, a droga só poderia ser comercializada dentro de pelo menos dez anos.

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