O nano-curativo é formado por nanofibras de carbono tecidas com um polímero. Os testes mostraram uma eficiência seis vezes maior graças à flexibilidade e à capacidade elétrica das nanofibras. |
Há pouco mais de um mês, cientistas anunciaram o desenvolvimento em laboratório de um curativo para o coração, capaz de ajudar na cicatrização de danos causados por infartos do miocárdio.
Agora, uma outra equipe, da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, apresentou um enfoque diferente.
Eles usaram a nanotecnologia para criar um nanocurativo capaz de induzir a cicatrização não apenas das células danificadas pelo infarto, mas também dos neurônios cardíacos.
Curando o coração
Quando você sofre um ataque cardíaco, uma parte do seu coração morre.
As células nervosas da parede do coração, e uma classe especial de células que se expandem e contraem espontaneamente - mantendo o coração batendo em sincronia perfeita - são perdidas para sempre.
Em busca de uma solução para esse problema, até agora irremediável, os cientistas se voltaram para a nanotecnologia.
Eles construíram uma estrutura de suporte formada por nanofibras de carbono e um polímero biocompatível já aprovado pelas autoridades de saúde para uso no corpo humano.
Os testes mostraram que esse nano-curativo sintético induziu a regeneração das células naturais do tecido do coração - chamadas cardiomiócitos - assim como dos neurônios cardíacos.
Em suma, os testes mostraram que uma região morta do coração pode ser trazida de volta à vida.
Nanofibras de carbono
"A ideia é colocar alguma coisa sobre o tecido morto para ajudá-lo a se regenerar, de modo que você possa eventualmente voltar a ter um coração saudável," explica David Stout, autor principal do artigo publicado na revista Acta Biomaterialia.
O que é único nas experiências de Stout, feitas em conjunto com colegas do Instituto de Tecnologia de Kanpur, na Índia, é o uso das nanofibras de carbono, tubos em forma helicoidal com diâmetros entre 60 e 200 nanômetros.
As nanofibras de carbono funcionam bem porque elas são excelentes condutoras de eletricidade, fazendo o tipo de conexão elétrica que o coração precisa para manter um ritmo constante.
Os pesquisadores costuraram as nanofibras usando um polímero para formar uma malha de cerca de 22 milímetros de comprimento e 15 micrômetros de espessura.
Eles colocaram a malha em um substrato de vidro para testar se os cardiomiócitos poderiam colonizar a superfície e gerar células novas.
Cultivando células do coração
O nano-curativo com nanofibras de carbono com 200 nanômetros de diâmetro, depois de apenas quatro horas, induziu a geração de cinco vezes mais células do tecido do coração do que uma amostra de controle feita apenas com o polímero.
Depois de cinco dias, a densidade de células na superfície do nano-curativo era seis vezes maior do que sobre a amostra de controle. A densidade dos neurônios duplicou depois de quatro dias.
O suporte funciona bem porque é elástico e durável, e pode, assim, expandir e contrair de forma muito parecida com o tecido do coração.
É graças a essas propriedades e às nanofibras de carbono que os cardiomiócitos e os neurônios se congregam no suporte e geram novas células, de fato regenerando a área.
Primeiros passos
A pesquisa encontra-se nos primeiros passos, e ainda distante de um teste real em animais vivos.
Primeiro os cientistas vão precisar ajustar o nano-curativo para que ele reproduza com fidelidade a corrente elétrica do coração.
Eles também vão precisar ter certeza de que os cardiomiócitos cultivados nos suporte sintéticos têm as mesmas capacidades que as outras células do tecido do coração.
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