Um estudo publicado pela revista britânica "Nature" mostra a relação mais completa já estabelecida entre os prováveis fatores genéticos que provocam o mieloma múltiplo, uma forma comum de câncer de sangue, na qual os leucócitos (células brancas) se multiplicam excessivamente.
O mapeamento foi feito a partir de pesquisas com o DNA de 38 portadores da doença, em um estudo realizado em parceria por 21 instituições científicas da América do Norte.
As células sanguíneas brancas são produzidas na medula óssea e fabricam os anticorpos que ajudam o sistema imunológico a defender o organismo. O mieloma múltiplo ataca estas defesas, deixando os pacientes extremamente expostos a infecções.
A taxa de sobrevivência da doença é pequena se comparada a de outros tipos de câncer. Cerca de 20 mil novos casos são diagnosticados nos Estados Unidos todos os anos, e menos de 40% dos pacientes vivem por mais de cinco anos.
O sequenciamento genético olha através do código do DNA em busca de pequenas variações que poderiam explicar porque algumas pessoas correm o risco de desenvolver a doença e outras, não.
O custo do sequenciamento caiu bastante nos últimos anos, o que significa que os cientistas agora são capazes de ampliar ainda mais sua rede de conhecimentos genéticos. Estudos anteriores sobre o mieloma múltiplo, por exemplo, trabalhavam apenas sobre os dados genéticos de um único paciente.
"Pela primeira vez, nós conseguimos ver em nível molecular o que pode ser a causa deste mal", comemorou David Siegel, do John Theurer Cancer Center da Universidade de Hackensack, em New Jersey.
"Já sabemos o que provoca muitos tipos de câncer, mas até hoje tínhamos poucas pistas sobre as causas do mieloma", explicou.
Uma análise preliminar das variações do DNA sugere haver caminhos comuns --especialmente no sistema de fabricação de proteínas-- que permitem a uma célula cancerosa sobreviver, invadir e se multiplicar no organismo.
Entender mais sobre estes caminhos comuns levará os cientistas a uma compreensão maior sobre o funcionamento básico do mieloma --e, mais tarde, permitirá o desenvolvimento de medicamentos capazes de combatê-lo, esperam os pesquisadores.
"Este é um bom exemplo de como a análise genética pode ajudar a orientar o campo farmacêutico na direção certa de maneira dramática", estimou Todd Golub, diretor do programa de pesquisa do câncer no Broad Institute of Harvard University e no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
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