A falta de tratamento para o hipotireoidismo pode trazer consequências bem mais graves do que a dificuldade de emagrecer e manter o peso _dificuldade que foi citada ontem por Ronaldo, no anúncio de sua aposentaria, e atribuída por ele à doença.
O jogador, como todo o Brasil agora sabe, sofre de hipotireoidismo há quatro anos, e ainda não se tratou.
A falta de medicação adequada para o problema pode causar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares como aterosclerose (entupimento das veias), infarto e insuficiência cardíaca.
O hipotireoidismo é um distúrbio caracterizado por uma menor atividade da glândula tireoide, que produz hormônios responsáveis por estimular o metabolismo e o trabalho celular.
A falta do hormônio faz com que o metabolismo fique mais lento. Os principais sintomas são sonolência, cansaço e perda na capacidade de raciocínio.
Estima-se que 6% da população mundial tenha algum grau do distúrbio, de acordo com o endocrinologista João Roberto Maciel Martins, da Universidade Federal de São Paulo.
"É muito mais comum entre mulheres, principalmente após a menopausa. A alteração pode aparecer de uma hora para outra, mas as manifestações são graduais."
A principal causa é uma doença autoimune, chamada de tireoidite de Hashimoto, inflamação que faz a glândula perder progressivamente sua função.
"Não se sabe ao certo por que é mais comum em mulheres, mas pode ter uma relação com as variações hormonais. Mulheres também têm mais doenças autoimunes", diz Ricardo Meirelles, presidente da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
Além da doença autoimune, há outras causas para o hipotireoidismo como inflamações, tratamentos com radioterapia ou a retirada do órgão por cirurgia.
Um exame de sangue simples pode detectar o problema. O tratamento é feito com a reposição do hormônio T4 em dosagens calculadas de acordo com o grau da doença e o peso do paciente.
PERDA DE PESO
Ficar sem tratar o hipotireoidismo pode, sim, causar aumento de peso. Mas, diz Martins, a alteração é leve, efeito da retenção de líquidos, e não de maior quantidade de gordura no corpo.
"Varia muito de pessoa para pessoa, mas pode-se dizer que o peso aumentaria em média dois ou três quilos."
De acordo com Meirelles, a reposição do hormônio é capaz de reverter os sintomas e impedir o ganho de peso.
"O tratamento é muito eficaz, o organismo fica equilibrado. Não tem por que alguém não tratar."
A longo prazo, a falta do hormônio altera as funções cardíacas, reforça o endocrinologista José Augusto Sgarbi, professor da Faculdade de Medicina de Marília e membro da Sbem/ SP.
"O hormônio da tireoide é muito importante para o funcionamento do coração. Sua falta altera os batimentos, aumenta os níveis de colesterol e pode também causar insuficiência cardíaca."
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