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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Nanopartículas podem ser tão perigosas quanto amianto?

Nanopartículas podem ser tão perigosas quanto amianto
O dióxido de titânio, para ser incluído nos produtos, tem suas partículas reduzidas até dimensões de nanômetros - 1 nanômetro é igual a 1 bilionésimo de metro.

Nanopartículas de titânio
Frequentes nos protetores solares e nos cosméticos, as nanopartículas de dióxido de titânio provocariam nos pulmões efeitos similares aos do amianto.
Os cientistas suíços se alarmaram com suas conclusões, mas seus resultados são colocados em dúvida por outros estudos. As autoridades do país adiaram a publicação de uma estratégia para a área.
Mais de dois milhões de toneladas de dióxido de titânio nanométrico (nano-TiO2) são produzidos no mundo, todo ano.
Utilizado como pigmento e para opacificar, esse nanomaterial entra na composição de tintas, cosméticos, protetores solares, remédios, pasta dental, colorantes alimentares e numerosos outros produtos de uso corrente, segundo artigo da agência suíça ATS.
Amianto e silício
Pesquisadores do Departamento de Bioquímica da Universidade de Lausanne, da Universidade de Orléans (França) e do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS), estudaram as inflamações causadas pelo nano-TIO2.
Eles testaram o material em células humanas e em ratos de laboratório.
Segundo os resultados, as nanopartículas de TiO2 produzem efeitos similares aos de outros dois irritantes ambientais bem conhecidos, o amianto e o silício.
Como aqueles materiais, as nanopartículas ativam o inflamasoma NLRP3 - um complexo multiproteico -, provocando uma reação inflamatória e a produção de derivados reativos de oxigênio, moléculas tóxicas capazes de atacar o DNA, as proteínas e as membranas celulares.
"Da mesma maneira que o amianto, você acumula partículas de titânio nanométrico nos pulmões", explica Jürg Tschopp, responsável pela pesquisa e professor de química biológica na Universidade de Lausanne.
Amianto do futuro
"Meu receio é que essas partículas se tornem o amianto do futuro," acrescenta Tschopp, vencedor do Prêmio Louis-Jeantet 2008 de medicina. "Há 40 anos, estávamos no mesmo ponto com o amianto. Havia indícios do perigo de provocar câncer, mas os dados não eram significativos", lembra o pesquisador.
"Atualmente, não podemos excluir que as nanopartículas também sejam perigosas como o amianto".
Mas Jürg Tschopp admite que ele mesmo não deixará de usar creme solar nem de escovar os dentes com um dentifrício contendo as nanopartículas.
Mas será preciso, de acordo come ele, que esse tema entre na agenda política, que seja elaborado um regulamento e que sejam reforçadas as precauções.
"Para evitar a mesma catástrofe que a do amianto, será necessário questionar até onde podemos renunciar às nanopartículas.
A seguradora de acidentes Suva acompanha a questão de perto. "As nanopartículas não devem se tornar o amianto de amanhã," indica a seguradora.
Toxicidade
Quanto aos consumidores, o novo estudo é visto com bons olhos. "É importante ressaltar que o estudo aborda a toxicidade das nanopartículas de dióxido de titânio", explica Huma Khamis, da Federação de Consumidores da Suíça francesa (FRC). Ora, estas não são sempre utilizadas na forma nanométrica nos produtos de grande consumo."
A FRC pondera que "os cremes solares constituem uma exceção, embora os perigos potenciais de uma exposição ao sol sem protetor são maiores. É um grande dilema," opina Huma Khamis.
Segundo o relatório 2010 sobre as nanotecnologias na Suíça, o governo federal teve um papel pioneiro na Suíça na ciência do infinitamente pequeno, descobrindo seu potencial muito cedo.
Um relatório federal estratégico foi publicado em 2008. Um segundo relatório é aguardado desde novembro. Em dezembro passado, o Programa Nacional de Pesquisa "oportunidades e riscos dos nanomateriais" foi lançado, com 18 pesquisas separadas.
Controvérsia
Peter Gehr, presidente do comitê de direção do PNR é muito crítico do estudo, que foi publicado na revista científica PNAS.
"É simplesmente impossível comparar a nanotecnologia com o amianto. É uma aberração", denuncia.
"Partir de uma reação celular aguda e deduzir que isso pode provocar câncer é simplesmente uma loucura", diz esse especialista em pulmões e professor de anatomia.
Peter Gehr admite, no entanto, uma grande "distância" entre nossos conhecimentos acerca de uma exposição crônica às nanopartículas e os efeitos a longo prazo sobre os humanos e o meio ambiente.
"É verdade, muitas questões ainda não têm resposta," diz Huma Khamis. "Por exemplo, como evoluem as nanopartículas nos produtos, será que elas formam moléculas maiores?"
Outro problema para os consumidores: hoje é impossível saber se um produto contém nanopartículas ou não.
O relatório anunciado para novembro deveria esclarecer certos produtos e poderia exigir que alguns sejam retirados do mercado, estima Huma Khamis.

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